- Mamãe, quelo suco.- Manu me pediu e eu coloquei um pouco pra ela, já que ela havia comido tudo.

- Toma, meu amor.- Entreguei o copo e ela começou a beber sorrindo.

Manu parecia ser a atração mais esperada da semana, todos estavam com suas atenções em Manu. Ela pareceu não gostar, se tem uma coisa que Manu não gosta, é de ser observada. Sei que ela puxou isso de mim.

- Po que estão me olhando?- Perguntou e todos riram. Se a mandada do diabo riu? Não sei, fiz questão de esquecer ela, em parte.

- Porque você é linda.- Olliver sorriu para ela que sorriu para o pai.

- Olli, coloca um pouco dessa salada? Você sabe que eu não sou nenhuma primata para comer carne.- Olhou meu prato e, juro, perdi a paciência.

- Creio que você não é alejada!- Afirmei.

- Mas ele está mais perto.- Rebateu, achando graça de ter conseguido me tirar do sério. Se eu fosse ela, não comemoraria tanto assim não.

- Eu coloco pra você, Rebeca.- Senhor Paulo se prontificou e tomou o prato das mãos dela.

Percebi pela sua expressão que ela não gostou. Seu nariz torceu e seus lábios se transformou na verdadeira tromba. Que morra, infeliz, de preferência, engasgada com o seu próprio veneno.

Continuamos a almoçar e senti uma leve batida da perna de Olliver na minha. Ele me olhou com os olhos arregalados e eu logo saquei.

Olhei para baixo da mesa e lá estava a trouxa mandada pelo diabo roçando sua perna na de Olliver que tentava se livrar. Meu sangue pareceu dar várias borbolhadas.

- Quer fazer o fazer de tirar a perna daí?- Falei com língua formal, mas com uma ameaça explícita.

- O que eu estou fazendo, Querida?- Perguntou na maior cara de pau. Me olhou dos pés à cabeça, mesmo sentada.

- Você sabe muito bem.- Falei entre dentes.

- Por favor, Rebeca, afasta a sua perna.- Olliver pediu em tom calmo e o meu sangue pareceu parar de correr. Por que dessa calmaria toda?

- Nossa, foi sem querer, achei que fosse as pernas da cadeira.- Colocou a mão na boca e fingiu surpresa.

Inspirei e expirei, tentando me acalmar. Eu poderia, agora mesmo, voar no pescoço dessa vaca despeitada. Mas só não irei fazer isso, por respeito aos meus sogros e minha filha que ainda é pequena.

Olhei para Olliver e o fuzilei com um olhar que dizia "a gente conversa em casa". Ele que, sem saber de nada, assim eu penso, franziu o cenho e me olhou curioso.

O ignorei e voltei ao meu delicioso almoço, não perderia aquilo por nada nessa vida, minha nossa, tá uma delícia de comida.

- Conte-me sobre seus pais, Sofia?- Pediu dona Anna para tentar aliviar o clima.

- Eu... Eles...- Travei, logo lembrei que, daqui uma semana, fará mais um ano que estarei sem meus pais. Senti meus olhos lacrimejarem.

- Não precisa falar, amor.- Olliver me abraçou de lado e fez carinho em meu rosto.

- Tudo bem.- Suspirei e tentei engoli o choro.- Daqui uma semana faz oito anos que eles morreram.- Tentei sorri, mas sei que foi o sorriso mais derrotado que já soltei.

- Me desculpa, querida. Juro que não queria fazer você lembrar.- Segurou minha mão, já que ela estava quase a minha frente.

- Tudo bem.- Passei um braço ao redor do de Olliver, para tentar me consolar e para mostrar a essa beterraba que ele tem dona.

- Mamãe, eu quelo maise suco.- Manu pediu e eu sorri amorosa.

- Mais.- Falei devagar para que ela pudesse entender.- A mamãe já disse que princesas não comem muito.- Tentei não passar vergonha.

- Que isso!- O senhor Carlos sorriu e colocou mais suco para Manu.

- Então você é uma bruxa?- Olliver sussurrou em meu ouvido e caiu na risada.

- Cala a boca, Olliver.- Belisquei sua perna e ele gritou.

- Aí, amor.- Resmungou e fez bico.

- Bebê chorão.- Ri.

Meu estômago deu uma volta, como o filme "volta ao mundo em 80 dias" (Só que eu o meu fez em apenas um segundo) quando percebi que estava todos nos olhando com sorrisos bobos. Menos, claro, a cabelo de beterraba.

- Que fofinhos.- Lily soltou um gritinho.

- Nós éramos assim, não era Paulo?- Marina perguntou ao marido.

- Ainda somos!- Afirmou e sorriu.

- Vomitei arco-íris.- Disse Rebeca encenando vomitar.

- Cuidado para o seu resquício de humor não sair.- Alertei.

- Tenho muito humor, sua sem sal. O meu Olliver ama, não é Olli?- Perguntou e minha boca se escancarou.

Meu Olliver?

Meu Olliver?

Meu?

Eu vou enfiar meu dedo no orifício retal dessa vadia. Não, não vou sujar meu dedo, vou enfiar um tronco e matar logo essa atirada.

- Rebeca!- A mãe dela a repreendeu.

- Eu quero ouvir essa resposta, Olliver.- Cruzei os braços e o encarei.

- Pelo amor de Deus, Sofia, você sabe que a resposta é não.- Me respondeu.

- É só porque está na sua frente.- Alfinetou Rebeca.

- Já chega.- Me levantei e joguei o guardanapo na mesa.- Com licença, preciso ir ao banheiro.

Saí, deixando o meu olhar fatal pairar em cima de Olliver. Eu queria dizer que teríamos uma longa conversa quando estivéssemos a sós.

Ele não tem culpa? Ora se não tem, a casa é dos pais dele, certo, mas ele poderia muito bem proibir a entrada dessa cabelo de beterraba.

Preciso de ar, preciso de espaço, preciso estar longe desses dois. Já chega Sofia, você já pagou mico ao sair da mesa, agora você não precisa pagar o mico de quebrar a cara dessa mulher no pleno dia em que fui conhecer meus sogros.

Poxa, se coloque em meu lugar. Eu não acreditei totalmente em Olliver, e você sabe o que é ver alguém que você ama com os lábios em outra?

É claro que a resposta é não. Meu Deus, eu não consigo ficar no mesmo ambiente que ela, da até vontade de vomitar.

Laços do destinoWhere stories live. Discover now