- Vem cá, bebê?- A cabelo de beterraba quebrou o silêncio, chamando a minha filha.

- Não, papai.- Virou o rosto e colocou no pescoço de Olliver.

- Tudo bem, filha, ela não vai pegar você.- Olliver a tranquilizou.

- Igual a mãe.- Sussurrou e meu sangue subiu.

- Shhh.- Olliver sussurrou quando percebeu o meu descontrole.

A sala mergulhou em outro silêncio profundo. Olhei para Olliver, ele olhou para a mãe, ela olhou para a empregada que acabava de entrar na sala e a empregada salvou a pátria.

- O almoço está pronto, senhora.- Anunciou e voltou para onde eu presumi ser a cozinha.

- Bom, então vamos dar início.- Dona Anna bateu uma palma na outra e tentou sorri pra mim.

Eu, que ainda estava com a tromba maior que a de um elefante, segui Olliver que colocou Manu no chão. Ela quis brincar com o gato cinza que viu no caminho.

Todos se acomodaram na mesa lindamente posta, e eu, claro, sentei ao lado do Olliver. Para o meu desgosto, a cabelo de beterraba sentou a nossa frente.

Tentei mostrar que aquilo não me afetava e tratei de esperar por Manu, ela que quase ia sentando na cadeira e eu a olhei repreendo-a.

- O que a mamãe falou?- Perguntei.

- Pla lava as mãozinhas depois de blincar com animais.- Claro que ela tropeçou em algumas palavras, mas conseguiu falar.

- Vai lá.- Mandei quando a empregada que, gentilmente, se ofereceu para leva-la ao banheiro.

- Que coisa linda.- Minha sogra falou com os olhos brilhantes enquanto olhava Manu se afastar.

- Eu nunca imaginei que fosse ter uma sobrinha linda.- Lily sorriu maravilhada.

- Realmente é uma linda menina, parabéns à vocês dois.- O pai da cabelo de beterraba elogiou.

- Estou com fome.- A voz de taquara rachada se pronunciou.

Meu sogro, que descobri pela sua expressão que também não gosta dela, bufou e pediu para começarmos a comer, claro, depois que a minha filha voltou.

Dei a Manu, e logo eu comecei a comer. O bobo do Olliver me ajudou a dar comida à Manu, sempre dividia da sua comida com a Manu, mesmo que eu tenha colocado a dela em um prato.

- Quando é o aniversário de Manu?- O senhor Carlos perguntou.

- Daqui a dois meses.- Respondi e sorri para ele.

- Olha só, ficará uma moçona já.- Respondeu dona Anna.

- Qual é a data?- Lily perguntou entusiasmada.

- Dia 23 de novembro.- Manu bateu palminhas, como se houvesse entendido o assunto.

- Oh, que fofa.- Dona Marina respondeu sorridente. Isso pareceu causar dor de cotovelo na cabelo de beterraba.

- Ahh, meu aniversário é dia 24 de dezembro.- Ela disse sorrindo, mas ninguém sorriu de volta.

- Que bom, Rebeca.- Dona Anna respondeu não muito feliz.

Ficamos em silêncio novamente. Mas a "Rebeca" tentava chamar a atenção mesmo em silêncio. Senti uma leve mexida abaixo da mesa, disfarcei e olhei para baixo.

Era o diabo em forma de gente que estava cutucando Olliver com o pé que tentava fugir dela. Enlacei seu braço e o puxei mais para perto, tentando tira-lo da ponta da cadeira.

Laços do destinoWhere stories live. Discover now