- Não era o que você sempre quis?- Pergunta confuso.

- Sim, pai. Era o que eu queria, ficou no passado há um mês.- Digo e me sinto um lixo.

- Sinto muito, filho, é o que você terá que fazer se quiser ter a empresa. Vou te dar essa semana para pensar, mas me avisa com antecedência, pois os testes começaram semana que vem, portanto, tem que sair daqui essa semana para poder se acomodar.- Diz e se levanta.- Bom, tenho que ir, tenho uma reunião agora.- Da um tapinha em minhas costas e sai da sala.

Isso não esta acontecendo comigo, não hoje. Hoje tinha de tudo para ser feliz e uma bomba cai em minha cabeça. Como eu vou falar isso para a Sofia, e se ela não quiser me esperar?

Ai meu Deus, por que isso? Não poderia ser aqui? Isso só pode ser brincadeira do destino. Quando tudo começa a dar certo, começa a faltar peças, a vida é um quebra cabeça difícil de se decifrar.

Vou para a minha casa com a cabeça a mil. A Sofia esta quase para chegar e eu ainda não sei o que falar para ela, como falar. Será se não tem uma luz divina e faça esse destino mudar?

Escuto a campainha e fico nervoso, é ela. O que eu faço? Calma Olliver, não é nada.

Corro até a porta e o meu sorriso se desmancha ao ver a pessoa ali. Tento fechar a porta, mas ela coloca o pé e entra sem pedir permissão.

- O que esta fazendo aqui?- Brado e ela sorri.

- Estava com saudade, amor.- Diz com aquela voz irritante.

- Depois de tantos anos, Rebeca, por que agora?- Passo as mão freneticamente pelos cabelos.

- Eu percebi a burrada que fiz por deixar esse homem escapar.- Sorri.

Rebeca é minha ex há muito tempo, cerca de três anos. Eu a peguei com outro em minha cama e quase perdi a cabeça, terminei com ela e desde aquele dia, nunca mais a vi. Mas por que ela voltou logo agora? Eu não disse que é alguma piada do destino.

- Vai embora, Rebeca.- Digo entre dentes.

- Que isso, meu amor.- Ela chega mais perto.- Eu quero recuperar o nosso tempo perdido.- Passa seu dedo indicador em meus ombros e morde os lábios.

- Vai embora da minha casa.- Grito e ela sorri.

- Só quando eu consegui o que quero.- Seguro em seu braço e o aperto.

- Ou você sai, ou eu te coloco pra fora.- Sinto a fúria tomar conta.

Sem me dar de tempo de pensar em nada, ela me abraçou e me beijou. Isso não é como antes, tento a empurrar, mas ela segura o meu rosto.

- O que é isso, Olliver?- Escuto um grito e o meu corpo congela.

- Sofia.- Me viro para ela e a mesma esta com lágrimas nos olhos, droga.

- Não chegue perto.- Ela grita assim que começo ir em sua direção.

- Amor, me deixa explicar.- Suplico.

- Me esqueça, Olliver.- Ela diz e corre.

Meu peito dói, sinto a bomba que caiu em minha cabeça, explodir. Que droga de dia é esse? Isso não pode esta acontecendo, não com a gente.

- Vai.embora.agora.- Digo compassadamente e a seguro pelo braço a arrastando para fora.- Nunca mais apareça em minha frente.

- Vai me trocar por aquela sem sal que nem sabe se vestir?- Faz cara de nojo.

- Cala a sua boca e some da minha vida.- Tranco a casa e corro para o meu carro.

Espero que ela me dê uma chance para me explicar. Eu estou desesperado, agora que eu conheci alguém que amo de verdade, acabei perdendo. Eu vou matar a Rebeca.

Chego em seu apartamento e começo a subir aquele horror de escadas. Bato na porta freneticamente e nada dela abrir, pego na maçaneta da porta e percebo que esta aberta.

Escuto algo sendo quebrado em direção ao seu quarto e me desejo sorte. Ao entrar em seu quarto, vejo tudo revirado e ela chorando. Seu rosto completamente molhado pelas lágrimas.

- O que quer, inferno? Acabar ainda mais com o meu dia?- Grita e corre em minha direção me dando socos, caramba, isso dói.

- Amor, me escuta.- Peço e tento segura suas mãos, ela as puxa.

- Não me chama de amor.- Grita e da um tapa em meu rosto.- Some daqui.- Grita.

- Por favor, Sofia, me deixa explicar.- Suplico e tento chegar perto, mas ela ameaça me bater.- Foi ela, amor, eu juro.

- Cala a boca, essas são sempre as desculpas, "foi ela", "não tive nada a ver com isso" vocês sempre tentando se fazer de vitima.- Pega um jarro de cima da mesinha e ruma em minha direção, me abaixo e ele se quebra na porta.

- Não é desculpa, é apenas a verdade.- Digo e sinto o meu peito doer.

Eu não quero perder a minha maluquinha, hoje faz um mês e ao invés de comemorarmos, iremos terminar? Eu não posso perda-la, ela se tornou o meu tudo, a minha escora.

- Eu sou uma idiota mesmo.- Balança a cabeça para os lados.- Desde quando você iria trocar uma patricinha que tem de tudo, até silicone, por uma garçonete maluca como eu.- Diz e percebo a dor em seus olhos.

- Pelo amor de Deus, Sofia, se eu estou com você, é porque eu gosto de você do jeitinho que é.- Digo e tento chegar mais perto.

- Me esqueça.- Ela ri irônica.- Já me esqueceu por causa daquela siliconada, não é mesmo?

- Não, amor, eu nunca irei esquecer você.- Sussurro e sinto meus olhos arderem.

- Vai embora, já cansei de ouvir suas mentiras.- Diz e me da um murro, murro esse que doeu pra caramba, mas não doe tanto como esta doendo em meu coração.

- Você não entende, eu tenho que passar quatro anos fora do Brasil, eu preciso aproveitar a minha última semana aqui, com você.- Digo já na sala, pois ela esta me empurrando.

- Então quer dizer que você estava comigo só para se divertir e depois me deixaria?- Para de andar e me encara com novas lágrima nos olhos.

- Não, não, você entendeu errado.- Tento me explicar e ela me empurra até a porta.

- Some da minha frente, some da minha casa e some de vez da minha vida.- Grita e bate a porta em minha cara.

Que droga, eu vim tentando concertar tudo e acabo piorando. Hoje é o dia do meu azar, tem que ser. Eu estou a ponto de gritar de tanta frustração. Eu mereço mesmo tudo isso?

Eu amo demais a Sofia, não vai ser nada fácil tentar esquece-la. Mas, se eu conheço bem ela, não tenho nenhuma chance. Acabou, por hoje. Eu não vou desistir da minha felicidade, eu tenho que dar um tempo a ela, e esses quatro anos, vão demorar demais, mas é a minha única opção.

É isso, eu vou dar um tempo para ela pensar. A minha vontade é de matar a Rebeca por isso. Estou com meu coração nas mãos, não era pra isso acontecer, não era.

Laços do destinoWhere stories live. Discover now