Suspiro e tento criar coragem. O que diabos esse homem quer? Tantas garçonetes aqui, mentira, tem apenas eu e a Michele, acredite, as outras foram demitidas.

Ando até ele que esta com um olhar de matar pra mim. Minhas pernas amolecem e parece que vou cair, qual é seu sacana, vai mandar esse olhar para a sua mãe.

- Boa noite, o que deseja?- Pergunto com minha caderneta em mãos.

- Refrigerante cola e hambúrguer.- Diz com a aquela voz de estremecer.

- Volto já.- Saio e entrego o pedido a Renata.

Que droga esse homem tem? Algum tipo de adrenalina? Pois o meu corpo entra em adrenalina total ao estar perto dele. Droga, Sofia.

- Tem alguém fazendo a cabeça da Sofia.- Michele cantarola para Renata.

- Esta louca? Eu estou ótima.- Me xingo por ter gaguejado.

- Quem é?- Pergunta Renata com os olhos brilhando.

- Veja com seus próprios olhos.- Diz Michele e arrasta a Renata.

Adeus privacidade de sentimentos. Essas duas loucas vão me infernizar, tenho certeza. Me desejo sorte, vou precisar, e muito.

Renata me entrega o pedido com aquele olhar malicioso. Pego a bandeja de suas mãos, antes que ela comece a falar.

Vejo aquele homem com o olhar 43 direcionado a mim. Droga, estou usando salto? Só fico assim quando estou em cima de um, bambeando de um lado para o outro.

- Aqui esta senhor.- Sorrio, pois tenho que ser educada.

Mas a minha vontade é de pegar por seus cabelos e mandar ele sair da minha cabeça. Ele só pode esta me manipulando.

Saio e vou atender uma mulher com duas crianças, suponho que sejam filhos, pois eles são idênticos a mulher.

- O que deseja?- Pergunto e a mulher sorri.

- Três hambúrgueres, por favor.- Diz e vejo o menino mais novo torcer o nariz.

- Não, mamãe, eu quero daqueles que tem blinquedo.- Diz com a língua embolada.

- Vocês tem?- Pergunta a mulher.

- Temos com o Mário e dos mínios.- Digo e vejo seus olhos brilharem.

- Dos mínios, mamãe.- Grita e ela sorri.

Anoto todos os pedidos deles e saio entregando para a Renata. Estou a ponto de me sentar, não consigo mais ficar em pé.

Saio da cozinha novamente e logo avisto o senhor bonitão me chamar. E lá vamos nós novamente. Fui até ele o mesmo pediu a conta.

- Quinze reais.- Digo e ele tira, novamente, cinquenta reais da carteira. Entrego o troco, mas ele não recebe.

- Pode ficar.- Diz e sorri.- Você tem um bom atendimento.- Se levanta e eu fico procurando o final desse homem.

Pisca um olho pra mim e sai, me deixando entorpecida. Mas, eu tenho que acordar, homens assim não é para mim.

(...)

Enfim, chegou o fim do meu expediente, ainda bem que esta cedo. Nove horas, saio e me despeço das meninas, a Marcela disse que fecharia as portas, ótimo, pois só assim, saímos ainda mais cedo.

Acendo o meu cigarro e ando pelas ruas escuras, isso nunca me deu medo, aliás, tenho, mas nunca aconteceu nada aqui, então eu não me preocupo.

Escuto passos atrás de mim e olho para trás, são dois homens com blusões de frio e com o capuz na cabeça. Devem ser os idiotas.

Há um bom caminho, eles ainda estão atrás de mim, começo a me preocupar e ando mais rápido. Olho para trás e eles começaram a correr.

Grito e corro também. Mas foi em vão, um deles me segurou e eu tentava me debater, mas ele é muito forte, não tenho chance.

- Quê isso, gatinha, esta fugindo de quem?- Pergunta o outro que ficou em minha frente.

- Me larga seu idiota.- Cuspo em seu rosto.

- Sua vadia.- Grita e bate em meu rosto.

Consigo liberar uma das minhas mãos e dou um murro no que me segurava e um chute no bem precioso do que bateu em meu rosto.

- Nunca mais bata em meu rosto.- Grito enquanto ele estava com o corpo curvado e agonizando.

Sinto meus braços serem segurados novamente e tento me debater, agora eu não tenho nenhuma chance mesmo.

- Tira suas mãos imundas de mim.- Grito, me recuso a chorar.

- Cala a sua boca, você vai pagar ao meu bichinho com a sua bichinha.- Diz o que esta a minha frente.

- Eu vou fazer omelete com suas bolas, seu idiota.- Me debato novamente e sinto meus pés saírem do chão.

- Acabou pra você.- Eles começam a gargalhar.

Oh Deus, não é possível que não esteja vendo isso, me tira dessa. Eu prometo ser boazinha... Não, isso não. Eu prometo que agradecerei até o fim da minha vida.

Será possível que aqui não tem ninguém? Eu vou ser estuprada por esses dois marmanjos idiotas? Eu vou matar esses imbecis, se eu tivesse como.

Laços do destinoWhere stories live. Discover now