Capítulo 30 - Passado

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Não demorara muito, Elijah passara no corredor abotoando uma blusa de algodão e usando uma cueca samba canção, como quem estivesse pronto para deitar - se. Eliza forçara a vista naquele breve momento e achara ter visto uma tatuagem no peito esquerdo do professor. Voltando da cozinha carregava um copo de alguma bebida alcoólica.

Ele não olhara em meus olhos ao sentar no banco de estofado vermelho à minha frente. Elijah tomara um gole generoso do whisky e colocara o copo ao chão enquanto terminava de abotoar a camisa. Pensei em lembrá-lo que ele só tinha um rim, o meu rim no caso. Ele tinha que cuidar bem dele. Mas pela sua expressão achei melhor não comentar.

Me posicionei para trás, encostando-me no sofá pensando sobre a tatuagem que agora eu vira de perto: Era um nome. Ou talvez uma sigla:

I. S. I. S

Não fazia o menor sentido. Uma ex namorada? Grêmio estudantil?

Elijah passara longos instantes com as mãos e dedos entrelaçados sob o colo, de cabeça baixa parecia olhar para algo, mas eu sabia que seus pensamentos não estavam tão perto.

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O professor Machiavelli sabia que precisava contar seus segredos antes que eles embarcassem nisso. Porém, lamentava que não tivesse aproveitado seu tempo com ela nos últimas semanas. Naquele momento havia uma imagem que circundava a mente de Elijah: o exato momento em que Eliza, seu anjo, teria os olhos banhados por sombras de temor. E sairia correndo de quem era indigno de seu carinho. Ele só não deixaria que ela, inocente e imaculada, se entregasse a um demônio como ele.

Abandonai toda a esperança, pensou ele antes de começar.

- Tenho algumas coisas ruins para lhe contar... Assim que eu terminar você me deixará, sabia que eu vou entender isso Elizabeth.

- Elijah, por favor, eu...

- Por favor, me deixe falar - ele passou as mãos pelo cabelo de maneira frenética - Antes que eu perca a coragem.

Ele suspirou mais uma vez e e então olhou para ela, tinha que olhar.

- Eu sou um assassino, Elizabeth.

As palavras pairaram no ar, mas não chegavam a penetrar a coincidência de Eliza. Ela apenas petrificou-se por dentro, e uma dor aguda despontou em sua zona temporal.

- Não apenas um assassino, como arranquei uma vida inocente. Se conseguir ficar no mesmo ambiente que eu por mais alguns minutos, irei lhe explicar. - ele esperou alguma reação, mas, como ela continuou sentada em silêncio, prosseguiu:
- Fui fazer mestrado em Oxford, enquanto estava lá, conheci uma italiana chamada Lorena que morava há muito tempo em solo americano.

Eliza inspirou o ar com força, Elijah parou para ouvi-la mas ela apenas despejou o ar para fora de seus pulmões, desistindo de falar.

- Lorena era uma aluna da graduação. Era atraente, alta e majestosa. Seu sotaque e carisma chamava atenção por onde passava. Ficamos amigos e costumávamos passar o tempo juntos de vez em quando, mas nossa relação nunca foi física. Eu estava saindo com outras pessoas e ela sofria por alguém...

Ele piscou apertando o olhos com uma das mãos.

- Eu me formei e fui para Harvard. Mantivemos contato por e-mail durante um ou dois anos, de forma muito casual, e então ela me disse que tinha sido aprovada para o mestrado em Harvard. Já estando em Cambridge, nos encontrávamos pouco, pois os dois estavam focados em suas carreiras. Na metade do ano ela largou o curso, e estava precisando de um lugar para morar depois de ter terminado com um namorado problemático. Então lhe disse que havia uma vaga em meu prédio. Ela se mudou em outubro daquele ano.

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now