Capítulo 7

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A voz grossa e sensual que Elizabeth já aprendera a reconhecer, a chama.

Senhor eu pedi um anjo, e você me manda a voz do ser mais grosso e galante do planeta? Estou ouvindo coisas.

Ela segue dando mais dois passos e ouve a voz de novo.

- Entre, agora! Por favor... - disse o professor fazendo seu esforço hercúleo para manter a calma.

Ela recua, mas só um pouco e reconhece o carro, se aproxima e acha o par de olhos celestiais, porém se recusa a entrar voltando a andar.

- Elizabeth, peço que entre! Vai pegar uma pneumonia e morrer! - ela não responde e ele continua a seguindo com o carro, não demora e começam a buzinar atrás dele - Entre neste carro, ou eu vou ser linchado!

- E por que eu deveria confiar em você, e atendê-lo? - ela cede tentando em vão não gritar.

Elijah demora a responder, pensando bem se não seria melhor acelerar e ir embora, mas ao ver aquela menina mesmo encharcada com os olhos beirando o choro, engoliu um seco e mil pensamentos passaram em sua cabeça, tanto imagens de sua vida pessoal quanto as vezes que a deixou mal nesse curto tempo que a conhece:

- Porque o que Marconi escreveu naquele papel é verdade. Elijah é um babaca. Mas pelo menos agora eu sei disso.

- PERDOE ele e entre neste carro menina!- gritou uma mulher ao parar atrás do carro dele e ter que desviar para a outra pista ao passar.

Ela prende a respiração e entra no carro. Segundos de silêncio constrangedor são interrompidos por Elijah:

- Rua Borgo, não é? - ela resmunga em afirmação.

Ao chegarem na porta da pensão, ela quebra mais um silêncio antes dele se formar:

- Obrigada senhor Machiavelli. - diz e tenta abrir a porta.

- Espere! - ele pega um guarda chuva preto, anda até o outro lado do carro e abre a porta do carona.

Ela murmura mais um obrigada enquanto ele a escolta até a entrada subindo as escadas. Eliza abre a bolsa para procurar as chaves, mas não consegue controlar suas mãos trêmulas e as deixa cair. Elijah empurra o guarda chuva à ela e as apanha irritado, testando uma por uma até encontrar a correta.

Ela respira fundo e começa uma despedida, mas queira mesmo é dizer o quanto sua mãe a fez mal e ele é igualzinho à ela!

- Obrigada, por abrir portas para mim, e por tudo.

- Vou acompanhá-la até seu apartamento, todo o cuidado é pouco e gosto de finalizar bem tudo que faço.

Ela não entende e não gosta de seu tom mas assente, logo estão em sua porta.

Ó Deuses dos alunos com baixa renda que moram em tocas de rato, permitam que eu abra está porta bem rápido.

E a abre. Murmura mais um obrigada mas dessa vez encara seu professor.

- Quer entrar? Posso preparar um chá. - diz com os olhos de ternura, mesmo após tudo que aconteceu nesta noite e naquela noite. Por que diabos ela faz isso?

Ele não pensa direito e se vê dentro do pequeno quarto, seus olhos correm pelo lugar sem meios termos, mas ela se mantém firme sobre seu olhar de desdém e anda depressa até a bancada com pia que chama de cozinha, olha orgulhosa para sua chaleira elétrica e começa a esquentar a água.

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now