Capítulo 28

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Todos em Florença, ou a grande maioria, eram apaixonados pelo romance de Beatriz e Dante. Ouvir dados da história que nunca ouviram falar fora mais impactante do que uma palestra privada ( e gratuita) do melhor especialista em Dante do país. O que era estranho. Nos corredores os alunos iam discutindo sobre a discussão que ouviram. Ficaram apenas Eliza e Marcos na sala. Ele fechou os olhos e gemeu.

- Você quer mesmo morrer hoje?

Eliza ainda estava em choque com a merda que acabara de fazer.

- Como assim?

- Por que provocou Machiavelli desse jeito? Ele já não gosta de você, acabou de dar à ele um motivo para te expulsar daqui.

Só agora ela começara a se dar conta da burrada que cometera. É como se nos instantes anteriores tivesse sido tomada por outra pessoa, uma pessoa que cuspia veneno e raiva. Sentia - se murcha, como um balão no fim de um aniversário. Então começou a guardar suas coisas lentamente.

- Não vou deixar que vá até a sala dele.

- Eu não quero ir. - confirmou ela.

- Então não vá. Mande um email dizendo que não estava passando muito bem.

Eliza realmente pensou no assunto, mas se fizesse isso sabia que sua carreira iria para os ares. Com a influência dele nenhuma empresa a contrataria.

- Eu preciso ir. - ela suspirou o que só fez o tremor do seu corpo ficar evidente. - Se eu não for agora, vou piorar as coisas.

- Então me deixa pelo menos ir falar com ele antes.

- Não, você tem que ficar fora disso.

- E se ele perder o controle?

- Acredite, ele não destruiria a carreira dele por minha causa. Deixe que ele grite...eu sei que o que fiz não foi certo. Eu apenas... perdi a cabeça.

- Perdeu mesmo. Deixe - me falar com ele. Por favor, assim estará mais calmo quando você entrar.

- Marcos, você perdeu seu posto como assistente dele por minha causa. Tenho que arcar com as consequências dessa vez.

- Tudo bem, mas vou levá-la. Elijah às vezes abusa do poder que tem nas mãos.

- Como assim?

- Ele teve um caso com a psicopata da professora Sanger. Talvez para conseguir esse temor de todos. Mas a senhorita Sanger é assunto para outra hora, já está muito assustada.

Eles se levantaram e Paul colocou a cabeça para fora da sala para averiguar se não havia ninguém no corredor.

Seguiram para a sala do professor, e sem avisar, Marcos bateu à porta.

- Marcos! - ela tentou impedir, mas já era tarde o professor logo apareceu com os olhos ainda faiscando.

- O que você ver? - rosnou.

- Só um minuto do seu tempo. - pediu calmo.

- Agora não. E passe a lutar suas próprias batalhas. Sabe, Marconi, ser cavalheiro para ganhar a mocinha não vale sua carreira.

- Mas, professor, eu...

- Amanhã, senhor Marconi. Não abuse de minha paciência. - finalizou Elijah.

- Sinto muito, coelhinha. Acabe com ele. - disse movendo os lábios quase sem som.

O professor esperou Marcos desaparecer no corredor para abrir a passagem para Eliza entrar. Ela entrou e se encostou na parede ao lado da porta enquanto ele a trancava e caminhava até a janela do outro lado. Elijah fechou as cortinas que eram a maior fonte de luz da sala, exceto pela luminária em sua mesa. O professor tirou os óculos e esfregou os olhos.

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now