Capítulo 11 - Elizabeth

90 5 2
                                    

O meu relógio biológico me acordou antes das sete horas, sorri ao ver que ele ainda estava ali, que não fora só um sonho. Meu rosto animando ao seu peito nu, os braços firmes dele me mantendo perto... Eu sorri e mordi o lábio inferior para não soltar um grunhido de felicidade. Então me desvencilhei delicadamente - e relutante - de Elijah. Sem tirar o sorriso do rosto andei furtiva até o banheiro de hóspedes, escovei os dentes com uma escova que estava embalada no armário, e segui para a cozinha, queria surpreendê-lo com um café da manhã, mas como sabia que ele não estaria com muita fome pela ressaca, apenas coloquei um copo de suco de laranja que havia na geladeira e cortei uma banana em fatias jogando aveia por cima. Coloco tudo em uma bandeja de prata, e espero mais um pouco. Tomo um copo de leite bem gelado, como sempre gostei e acabo mordendo sem querer a parte interna da bochecha, estando mais ansiosa do que deveria. Sem conseguir esperar mais, pego o que tinha preparado e ando para seguir o corredor que dava para os quartos. Mas alguém bateu na porta, coloco a bandeja na mesinha da sala e espero ouvindo junto a porta algum sinal de vida do outro lado, como não tive resposta a abri, olhei para os lados no corredor e apenas vi um jornal no chão. O peguei, o lendo e cantarolando aliviada por não ser ninguém.

- MAS QUE PORRA É ESSA? - Elijah surge com a pior expressão que já vi em seu rosto, ríspido e furioso, pelo seu grito me jogo contra a porta segurando o jornal com as duas mãos ao peito. Fico arrasada com o que vejo.

- Eu lhe fiz uma pergunta! - ele explodiu, seus olhos se transformaram em duas poças azul-escuro - O que faz com a minha cueca, em minha sala!?

Não sei quanto tempo aguentaria com a respiração presa em minha garganta, parada ali, como um animal encurralado, tentei entender o que havia acontecido,isso era uma brincadeira? Ele não se lembrava? Por que ele não se lembrava? Elijah...

Ele passou os olhos sobre mim e vi ele fechar os punhos fazendo os tendões de seus braços se destacarem.

- Você não lembra do que aconteceu ontem à noite, Elijah? - consigo perguntar baixinho.

- Não, graças à Deus, não! - disse passando a mão no cabelo.

Eu precisava sair dali, eu devia ter levado uma pancada na cabeça, quando ele deu passos em minha direção eu desviei e comecei a andar de costas para não perder ele de vista - Não acredito que você não se lembra... - dando os passos para trás esbarro na mesinha de centro e derrubo tudo o que nela estava, o suco de laranja se mistura com os cacos de vidro do copo e a banana fica por baixo do prato.
Eu me ajoelho tentando juntar os cacos e colocá-los na bandeja, a confusão é tão grande na minha cabeça que só penso em não incomodar mais, tento dizer que pagarei pelo copo, mas há um nó em minha garganta e meus olhos lacrimejam sem minha autorização.

- Levante-se! Você se ajoelha mais que uma puta qualquer - ele esbravejou diante de minha posição servil.

Ergo minha cabeça rapidamente, notando sua total amnésia e irritação, era como se ele tivesse trespassado uma faça em meu coração, que começava a sangrar lentamente. Naquele instante de silenciosa compreensão, algo que estivera adormecido dentro de mim, finalmente veio à tona, antes dele tocar em meu braço.

- Vou ter que acreditar no que diz à respeito de prostitutas, quem poderia saber melhor do que você?

Então como se aquilo não fosse o suficiente para me curar dessa humilhação, me ergui num salto deixando de lado a bagunça e perdi de vez a compostura:

- Devia ter deixado você nas mãos daquela vampira! Devia ter deixado que ela trepasse com você na frente de todo mundo na Lobby! - cuspo o fuzilando com os olhos marejados.

- Do que você está falando?

Meus olhos faiscando falharam quando ele passou a língua pelos lábios involuntariamente, dando passos curtos em minha direção com as mãos para cima em redenção. Eu reviro os olhos furiosa e lanço com força meus pés sob o piso em direção a lavanderia. Xingo em português, inglês, italiano e em alemão sem parar, minhas bochechas estão pegando fogo! Queria socar Elijah, tirar a expressão de seu rosto com meus próprios punhos, arrancar seus cabelos e deixá-lo careca para sempre!

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now