Sobre o olhar de Elijah

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Ver a senhorita Castro dançar fora tão perturbador quanto alimentá-la e ficar tão próximo à sua boca entre aberta sem ter possuído outras nesta noite... ainda. Como o primeiro pedaço de bolo sendo dado à você. Mas desse bolo eu não seria o primeiro a provar nem fudendo. Estourar a cereja não faz meu gênero, não é de meu feitio.

Reflito sobre a cena patética em que eu perdi o controle indo buscá-la nas mãos de Miguel Sanders, um vice presidente do banco central de Florença, não perderia para ele. Não que eu fosse querer disputar Elizabeth com ele, mas de toda forma ela não ficaria com ele, eu não permitiria isso. Simples assim.

O que está havendo comigo? Não, essa não será uma história em que me rendo a uma vida mais ou menos com apenas uma mulher, isso seria uma tortura com todas as deusas enigmáticas que surgem como o vento. Não seria tão cruel à ponto de deixá-las viver sem me provar, não é mesmo?

Eu sou um imã para pecados e a senhorita Castro um imã para desastres. Ela me desperta algo que talvez seja bom: o sentimento de pena.

Fico tentado a achar graça de minha aluna sentindo atração por mim, o que anos de experiência me permitiram saber facilmente. Isso acontece o tempo todo, a única diferença é que minha irmã conhece a mulher desta vez, o que significa que meus métodos doloridos de afastamento e jogos de poder não poderão ser usados com ela, como fiz com as outras até escolherem abandonar o curso sob minhas juras de amor.

Elizabeth é o tipo de menina que acha que poderá mudar um homem, tirar seus pecados, o purificar com sua luz e viver feliz para sempre com seu amado. Desta vez eu não seguro o riso: Me purificar!? Minha alma está condenada, e não me importo com isso, quase nunca reclamo, ela que não venha com esses olhos meigos... me quebrar.

- Acho que não dormirei em casa irmãozinho. -  diz Virgínia jogando-se ao meu lado, então fico no meio das duas amigas, mesmo minha aluna estando sentada distante no sofá branco.

- Mas é óbvio que vai. -  digo firme mesmo sabendo, e não gostando nada, que minha irmã fica com muitos caras em um curto período de tempo.

- Você sabe que não deve me esperar antes do dia amanhecer, não é? Não é só você quem tem suas necessidades.

Sinto um enjôo ao ouvir minha irmã insinuar sobre sua noite com o homem negro, que se despedia de uns amigos, com certeza cheio de bomba com duas vezes sua massa corporal, ela sendo magra demais e pequena se comparado a ele. Mais ânsia ainda, pela ingênua Elizabeth estar sentada ao meu lado bebericando sua bebida e encarando a amiga com vergonha.

Desde o ensino médio, sempre namorava todos os meninos conhecidos, isso não mudou, se amplificou de forma constrangedora. Pensou Eliza ainda com dúvida de como perguntar à amiga se tinha certeza sobre dormir com quem não conhece.

- Não se preocupe, senhor Elijah. Não faria nada de ruim para sua irmã. - o homem estende a mão para mim, que a encaro, logo a aperto erguendo toda a minha altura sobre ele e o fuzilo com o olhar.

- Não posso controlar os passos de minha irmã, mas posso escolher qual membro você vai perder se ela não estiver sã e salva, antes do almoço em minha casa. Estamos entendidos?

- Sim senhor. - busquei algum sarcasmos em sua voz mas não havia. Virgínia terminou de se despedir de Elizabeth que tentou fazer breves perguntas e recomendações, mas nós dois sabemos que Virgínia sempre faz o que quer, quando quer.

- Qual seu nome? - pergunto à ele em sinal de paz dando um passo para trás quando ela se aproxima de seu par.

- Cassio.

- Guarde meu conselho, Cassio. - pisco para ele e me volto para Virginia - Levarei vocês até a saída e acho que já está na hora de todos tomarmos nossos rumos.

Virginia pega a mão do tal Cassio e anda à minha frente, apressada para chegar a saída.

Porra, mas que irmã eu fui arranjar.

Ando rápido para segui-la sem dar importância para senhorita Castro imóvel no sofá da boate, depois da nossa dança nenhum homem se aproximará dela e quem sabe ela queira aproveitar a noite em um lugar como este, onde ela e sua baixa renda nunca lhe permitiriam estar.

Apenas olhei de fora a pensão em que mora, e é de uma mediocridade que explica porque Vera tirou minha irmã de .

Quando chego do lado de fora o táxi dela já está em movimento.

Droga.

Digo para o manobrista que traga meu carro. E ao esperar impaciente acendo um cigarro e ligo para um colega segurança interno da Lobby e peço que descubra quem é e onde mora "Cassio" e fique de vigia em sua porta. Distraidamente olho para a direita e vejo a senhorita Castro andando pela penumbra da calçada escura, escoltada por carros estacionados, ela segura os saltos em uma mão e anda encolhida.

Não era da minha conta.

Meu carro chega, entrego algumas notas ao homem e entro.

Mas e se ela for violentada, ou assaltada por esses becos da cidade? Virgínia me puniria pelo resto de minha vida. Que seja! Porém a primeira vez daquela virgem não pode ser devastadora, violência sexual dá me repúdio. E provavelmente é culpa de meus insultos que nem tenha pedido carona.

A buzina ensurdecedora do carro de trás me faz lembrar que estou parado no meio da pista, sigo devagar para acompanhá-la sem me mostrar até sua casa, estou garantindo sua segurança não?

O tempo deve estar frio lá fora, pois ela treme a cada passo envolvendo o corpo com os braços. Aperto o volante para resistir ao impulso de me aproximar e chamá-la. Então começa a cair finas e numerosas gotas de chuva, que como um toque de azar tornam-se uma chuva quase torrencial, e percebo que ela nem se dá ao trabalho de desviar da água que os carros jogam nela ao passarem por poças imundas.

Sem pensar passo o carro para a pista perto dela, ela se encolhe esperando mais uma onda de água poluída, mas a sigo bem devagar e abro a porta do carona por dentro.

- Entre.

Mídia de Elijah Machiavelli observando sua doce aluna dançar.

Sei que meus capítulos costumam ser gigantes o que pode o deixar tedioso, então tentei diminuir cerca de mil palavras! Beijo! Espero que gostem, próximos capítulos com Elijah na casa de sua aluna e Eliza na casa de seu professor! Não necessariamente nesta ordem, mas irão conhecer a casa um do outro rs!

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now