Capítulo 8

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Na manhã ensolarada de domingo, ela não comprou uma passagem de volta para o Brasil, não abandonou o curso, parou de chorar feito uma desolada, colocou na cabeça que problemas existem para serem resolvidos, mas não buscaria isso. Deixara, com muito pesar, para lá. Recebera uma ligação de Marconi e eles saíram para almoçar, depois foram ao teatro e ela se sentiu bem por cada gesto cortês dele. Ele não dera espaço para ela pensar em problemas. Virginia ligava mas Eliza estava sempre "ocupada" e culpada por mentir.

No dia de sua aula, chegara mais cedo e foi à diretoria para uma conversa com Leggur, o diretor.

- Eliza, é uma ótima chance de aprimorar seus conhecimentos, o professor Elijah é um dos melhores da Itália, sabe disso? - ele perguntou cruzando as mãos sob a mesa de sua sala.

- Senhor, não estou disponível no momento, há alunos excepcionais na nossa turma. Sinto muito mesmo, são razões pessoais.

Ele respirou fundo e assentiu, dizendo que pelo menos ela esperasse até ele encontrar alguém para substituí-la.

A semana passou de forma ativa para ela, mesmo na quarta, quinta e sexta tendo aula com Machiavelli, nestas aulas ele sempre entrava desconfiado e engolia um seco toda vez que olhava para Eliza, que ora estava lendo, ora olhando para ele prestando atenção na aula com naturalidade; o olhar dela não demonstrava o que tinha acontecido o que fazia ele se sentir pior.

Duas semanas se passaram, nq sexta Elijah tentou conversar com Eliza, a chamando à sua mesa após a aula.

- Sim?

Ele tirou os óculos e esfregou os olhos atordoado, ela estava há alguns passos dele o olhando à espera.

Ele levanta dando um passo na direção dela, que recua em aviso - Elizabeth, me desculpe por aquela noite, estava fora de mim...

Ela o interrompe levantando a mão - Está mesmo fazendo isto? Olhe professor, olha bem para mim. Sou apenas sua aluna, somos dois profissionais. Mas sei onde quer chegar. E se quer mesmo, deixe que eu lhe diga desta vez. Vovó sempre dizia que desde que inventaram a palavra desculpa ninguém mais erra. Então me desculpe, por ter acreditado que o Elijah ainda estaria aí. O senhor não me parece o tipo que tem conhecimento sobre perdão, permita que eu lhe explique. Ele é seu, o meu é seu, eu lhe perdoei há muito tempo. Só não erre de novo, como agora. Acha que... - ela solta o ar, desvia o olhar para o quadro à direita e volta a encará-lo - Acha que tem o direito de acabar com meu duro trabalho de não pensar sobre aquela noite? Me dê sua licença.

- Claro... - o que mais ele diria? Já havia levado um susto por ela não ter abandonado o curso, talvez ela fosse mais madura do que ele tinha pensado e o que sua aparência revela. Aquele vazio se alojou em seu pensamento assim que ela saiu. Ela estava começando a tornar rotina deixá-lo sem argumentos.

Ele e Virginia além de o gosto por prazer carnal, também tinham outro ponto em comum: quando não sabem o que algo significa, fogem. No caso dele, usa prazer canal como fuga.

Nota:

Capítulo curto pois o próximo vai exigir muito! Vai ser o começo do desdobramento do que aconteceu oito anos atrás, quando Elisa era vizinha de Virginia no Brasil, quando ela conheceu Elijah, e quando começou a ter medo da mãe dele.

O Inferno de ElijahTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon