Capítulo 16 - Período hospitalar parte 1

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Eliza está deitada em estado anestésico na mesa de cirurgia, os médicos começaram o procedimento para retirada de seu rim direto, na sala ao lado Elijah passava pelo mesmo procedimento, antes que a infecção se espalhasse, para retirada dos dois rins.

A madrugada fora agitada para os médicos, Eliza e Elijah não tivera complicações nas cirurgias. O dia ia nascendo aos poucos, os dois já estavam estabilizados em quartos diferentes, ela foi a primeira a acordar.

Ao abrir os olhos sentindo um desconforto na barriga ela olhou sua cintura envolta por atadura abaixo da roupa de hospital. ◆◇◆

Sobre o olhar de Elizabeth

- Azul definitivamente não é sua cor. - Virginia sorria sentada ao meu lado.

Sorri para ela e me esforço para sentar.

- A cicatriz quase não aparecerá, foi a laser.

- Como ele está?

- Já recebeu o transplante, estão esperando ele acordar mas estão confiantes de que o organismo dele não recuse o órgão, estão mais preocupados em saber se ele vai ter sequelas.

- Eu só quero que ele viva. Não importa como.

- Você o ama né?

Alguém bate à porta, e me surpreendo ao ver Vera. Ela pede para falar comigo à sós, e Virginia sai meio duvidosa.

- Eu preciso agradecer pelo que fez pelo meu filho. Quero que saiba que ele acordou. - ela se senta - Sei que não é momento para isso, e acredite que eu estou lutando por dentro para vir aqui.

- Eu não posso te perdoar.

- Eu sei. Seria tola se perdoasse.

Ela sai e fecho os olhos exausta. Não estou bem mentalmente e lembranças se apoderam de meus pensamentos não mais impermeáveis.

Oito anos atrás:

Havia passado em casa para pegar roupas e material higiênico para levar ao hospital, então a campainha tocou. Ver a mãe de Virgínia me deu esperanças de que Elijah havia vindo me procurar depois do pomar.

- Sua avó está?

- Oh não, ela está internada. Agradeço mais uma vez a generosidade de seu marido.

- Cancer no útero não?

- É, mas ela é forte. Muito forte.

- Eu sei, posso entrar? Gostaria de conversar com você.

Dona Vera entrou e olhou o lugar, devia achar um galinheiro perto de sua casa, mas vovó e eu nos esforçavamos para manter tudo aconchegante, mas isso fora antes dela piorar. Agora era um simples casebre empoeirado e não pude deixar de sentir vergonha sobre o olhar dela.

Ela se sentou no sofá, com notável receio, então me sentei no outro em sua frente.

- Bom, não farei rodeios, vi você saindo de minha casa ontem de manhã.

- Me desculpe, é que ontem quando cheguei não havia ninguém e...

- Soube que viu meu filho também, quero que se mantenha longe de minha família, Virginia é ingênua demais para enxergar suas intenções, e Elijah é homem o que facilita as coisas para você não é? - arregalo os olhos mas ela não aceitaria intervenção - Sei que deve ter dado duro ontem à noite, afinal ele estando bêbado não deve ter sido gentil, então lhe pergunto, o que você quer? - ela fez uma pausa como se eu estivesse entendendo o que ela falava para responder - Estou brincando, já tenho algo em mente: sua avó precisa de um tratamento que o hospital não oferece, não é? Tenho contatos fora do Brasil...

- Saia da minha casa por favor.

Me levanto para abrir a porta mas ela segura meu braço.

- Acha que estou brincando? Você não sabe com quem está lidando, espero que você se afaste, não vão ser duas interesseiras que irão destruir minha família! O que disse a Elijah para ele agir daquela forma no jantar? Não tem ninguém aqui, pare de fingir!

- Duas interesseiras? Do que está falando?

- Ah, é claro! Vai fazer o jogo da desentendida? - ela me sacode.

- Me solte! Não entendo por que está agindo assim, não sei o que seu filho fez ontem, mas eu não tenho nada a ver com isso. Eu o encontrei ontem apenas depois do que deixou a sala bagunçada...

Deixei a frase morrer por reconhecer o quão fui infantil de não procurar saber o que havia acontecido para a sala está revirada...

- Sabe de uma coisa? O que eu estou fazendo? - ela me solta e arruma o Blaser perolado - Obrigada por ter rejeitado, impagável será tua culpa. A morte as vezes é solução.

No mesmo dia Elijah estava indo embora do país, sua mãe lhe implorou para que ele ficasse dizendo que tudo ficaria bem, mas não iria. Sua mãeestava com medo de uma machete no jornal difamando seu hospital. Antes de ir ele a perguntou se tinha convidado uma menina para o jantar passado, mas ela disse que não. Então ele confirmou que tudo havia sido um sonho, embalado pelo álcool. Ele não tinha motivos para ficar.

Vera pensou que ele havia fugido com Eliza, mas logo soubera que ela continuava na cidade. E precisaria de um pequeno contratempo para continuar aqui; Vera subornou alguns médicos de seu próprio hospital, onde seu marido havia dado privilégio à sua amante Aurora. Um acidente, um esquecimento de medicações, o desligamento das máquinas que a mantinham viva foram mais que o suficiente para acabar com as poucas chances da avó de Eliza. Aurora passou de estato grave para quadro terminal então Eliza procurou a casa dos Clarkson, pediria ao senhor Afonso para ajudar pois não sabia o que estava acontecendo, aceitaria a proposta de Vera! Mas eles sumiram da cidade, até Virgínia, e ela ficou apenas com a notícia da morte de sua avó, sua única família.

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Eu apenas nunca entendi o porquê de saírem de um dia para o outro do país, não teria sido por mim. E mesmo sabendo agora que Afonso teve um caso com minha avó, não faz sentido. Por que Vera iria embora se minha avó falecera? O que acontecera naquela noite para eles sumirem? O que ela quis dizer em me acusar de ter dito algo à Elijah? O que ele teria feito aquela noite meu Deus?

Um médico entra no quarto para saber como eu estava me sentindo, e não posso me esquecer que acabei de fazer um transplante, não era hora para abrir feridas do passado.

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Oi? Queria compartilhar que eu não gosto de escrever esses capítulos meio para baixo da história de Elijah e Eliza, mas são importantes para desenrolar o passado... aguentem firme! Beijo!

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now