Capítulo 26 (ainda sem correção/ supervisão)

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Elizabeth, havia horas, que estava deitada olhando para o teto completo por infiltrações e goteiras. Algumas delas caíam ao chão e respingavam em seu braço, outras brotavam de seus olhos e escorriam pela lateral de seu rosto suas orelhas. Ela só despertou de seus pensamentos quando uma lágrima atingiu de fato a entrada de seu ouvido, como um susto seguido de um arrepio interior. Ela precisa enfrentar, enxugar o rosto e esperar o nariz voltar a sua tonalidade normal e ir. Ir ao encontro da aula de Luigi, cálculo sempre distrai a mente, mas logo depois teria aula dele. Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que deixar o casulo. Porque afinal estava tão mal? Fora ele quem estragou tudo.

Ela não estava pronta, sabia disso, era a única coisa que tinha certeza, de resto... Era como pisar em chão que se desfaz milésimos antes de tocá-lo. Elijah era seu chão instável, sempre soube disso e arriscou. Mas agora já aprendera, o mundo não é um conto onde tudo se encaixa para que vivamos bem em nosso projeto de alegria. O mundo é um campo minado e o amor um campo de batalha no qual encostamos em todas as bombas armadas, depois que elas explodem não adianta tentar desviar, o estrago é inevitável. E é nesse ponto que Elizabeth para. Que muitos param. Essa é a fase de confiança no intocável, que está além do conhecimento humano,carnal e emocional. Ela diz para si mesma que confia que dê tudo certo, mas não larga a corda. É preciso pegar os estoques de morfina, e esperar a cicatrização. Quem conseguir passar por isso, não se abala, não se quebra, torna-se firmado, como uma casa construída e firmada na rocha, a maré enche e invade seu espaço pessoal porém nada será abalado a ponto de chegar ao fim perpétuo. Nossa natureza tem a ridícula mania de achar que tudo é o fim do mundo. E quem sabe?

Naquela manhã em Florença, Eliza tomara um banho morno mesmo com o tempo mais quente que o normal na cidade, pois estava para congelar pelos instantes que ficará estirada ao piso. Percorreu seu corpo com hidratante de baunilha só para prolongar ao máximo o que a espera, e ao sair disse a si mesma que tudo ficaria bem no reflexo do espelho ao lado da cama.

Tudo ficaria bem. Faltam apenas 4 meses. Tudo ficaria bem. Sem drama, sem drama.

- Boun Giorno, Eliza! - o senhor Giuseppe gritava do outro lado da rua enquanto ela descia as escadas da pensão. Voltara há uma semana e sobreviveu à base de chá e cuzcuz na chapa, resistindo ao impulso de atravessar a rua para se deliciar das guloseimas dele, não conseguiria olhar nos olhos dele e mentir sobre seus olhos inchados.

- Boun Giorno, seu Giu. Me permite te pedir aqueles bolinhos de maracujá? Estava com saudade.

- Venha aqui! Venha aqui, tem que aparecer mais, ti prego! Olhe tenho preparado quitutes para ti, sono felice perché está qui finalmente! - Giu sempre falava apressado e possuía a habilidade de misturar vários idiomas o que arrancou um riso de Eliza.

Depois do padeiro exigir de seu jeito turbulento que ela levasse uma cestinha com frutos, bolinhos e pudins de várias cores ( la mia criazone, como frisa Giuseppe), ela andou vagarosamente pela cidade. Um espetáculo a cada passo, estavam no inverno e ninguém entendia O porquê do sol que aquecia a pele de forma carinhosa. Porém não rejeitaram o que os céus lhe dão.

Ao chegar na porta do curso tudo isso se desfez com o ar seco e gélido do ar condicionado. O sorriso mecânico de Valentina, e o ambiente perfeitamente alinhado e limpo. A recepcionista a saudou com um bom dia e ela lhe respondeu sem olhá-la nos olhos. Ela passou em seu escaninho para se atualizar dos horários, mas o que achara a fez fervilhar por dentro. Em um envelope pardo estava algumas coisas que deixara no hotel, seu celular, que havia deixado e algum móvel, e suas roupas íntimas que havia lavado para não ter que vestir naqueles dias as coisas compradas por Elijah. E agora ele as joga em seu armário da escola? Que tipo de atitude era essa? A forma menos presencial de dizer "te usei, mas faça o favor de levar suas coisas embora". Olhou para os lados constrangida mesmo sem ninguém ter visto. Se sentia um objeto que podia ser facilmente descartado. Pensara nisso durante o trajeto até a sala de aula e descontou toda sua raiva na matemática.

O Inferno de ElijahWhere stories live. Discover now