"suspense"

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   # essa foto acima é a Martha #

Entrei em meu quarto já arrancando minhas roupas e indo direto para o chuveiro, deixando a água cair sobre mim, na esperança que com a sujeira, também fosse para o ralo o fantasma de Cristiano. Eu sabia que voltar para Goiânia era uma péssima ideia. Quando sai daqui, ele estava se apresentando no lava-jato de seu pai, e depois disso, nunca mais soube nada dele, nem imaginava que ele pudesse ter ficado famosinho. E naquele momento, vendo que isso aconteceu, passei a ter certeza que ter voltado, realmente foi uma péssima ideia. Terminei meu banho com uma ideia fixa na cabeça: Se não tivesse nenhum retorno dos currículos que entreguei naquele dia, voltaria para Londres.

  Me troquei e até pensei em descer para comer algo, mas o cansaço era tanto, que desisti e me deitei para dormir. Pelo menos era o que pretendia, porque na verdade, fiquei rolando na cama, igual um frango de padaria, com a imagem de Cristiano, lindo, na sorveteria, misturada a lembranças de anos atrás, me torturando.

Madu : Mas que inferno! Eu só quero dormir, Deus, será que é pedir demais? É, eu sei, eu sei que é castigo pelo que eu fiz, que nada justifica, mas eu já me arrependo do fundo da alma, Deus. Se pudesse voltar atrás, teria sido mais forte e corajosa. Se aquele cretino não tivesse feito o que fez...

  Sem perceber, já estava chorando feito criança e continuei assim, até pegar no sono. 

  Acordei no outro dia e fui direto para cozinha, estava faminta. Quando entrei no cômodo, Martha, que estava na bancada tomando seu café, soltou um grito, me assustando.

Madu : Ai, sua louca, o que foi?

Martha : Como assim o que foi? - Ela se levantou, veio até mim, me pegou pelos ombros e me levou até o microondas que era cromado, fazendo com que eu me olhasse. Vi uma mulher toda descabelada, com olheiras e com os olhos inchados de chorar. - Foi isso, irmã, cê tá a cara da derrota.

Madu : Pior que tô mesmo. - falei, me sentando na bancada e me servindo de uma xícara de café preto.

Martha : O que foi que te aconteceu? E esses olhinhos inchados de chorar? Por que foi dormir chorando?

Madu : Saudades do papai e da mamãe, Martha, só isso. - Menti. Martha não sabia sobre Cristiano, nem sonhava que algum dia tive algo com ele. Pra ela, ele era só o carinha por quem fui apaixonada no colegial. De repente, resolvi contar logo meus planos para ela. 

Madu :Martha, eu entreguei muitos currículos ontem e tomei uma decisão.

Martha : Qual?

Madu : Se não tiver retorno de nenhum deles, vou me mudar de vez para Londres.

Martha : É o que? Mas nem sobre o meu cadáver. 

   Sinceramente, não sei explicar a expressão com que Martha me olhou, mas eu simplesmente não queria discutir. Sabia que seria inútil, que ela jamais aceitaria, mas se eu realmente me decidisse, ela nada poderia fazer.

Martha : Olha aqui, Maria Eduarda, eu não vou deixar cê me abandonar, tá entendendo? Cê não vai embora de Goiás, nem que pra isso, eu tenha que te manter em cárcere privado.

   Ela falou e saiu bufando, jogando o guardanapo na bancada. Eu continuei calada, a observando sair, muito nervosa.

   Martha era uma mulher forte, mas adquiriu esse apego excessivo a mim, depois que eu viajei. Nós sempre fomos muito ligadas, mas nada como agora, depois da morte dos meus pais. Eu a entendia, mas a ideia de correr o risco de viver encontrando Cristiano por Gyn, me desesperava e nem mesmo Martha me faria mudar de ideia.

   A partir daquele dia, eu e Martha ficamos meio distantes, nos falando somente o necessário.

   Os dias foram passando, eu estipulei o prazo de 15 dias para receber algum retorno e como eu já esperava e no fundo estava rezando para que acontecesse, não recebi nenhum telefonema. No fim dos 15 dias, no final da tarde, estava me preparando para começar a arrumar minhas coisas, até mensagem para Lucas, avisando que estava voltando, o que aliás, ele adorou, já havia mandado. Quando Martha entra em meu quarto, sem nem bater na porta.

Martha : Pode parando o que cê tá fazendo aí.

Madu : Já ouviu falar em bater antes de entrar, Martha? - perguntei, sem nem me virar para ela. 

  Martha chegou até mim e me estendeu um envelope grande.

Martha : Toma.

Madu : O que é isso?

Martha: Abre.

   Eu abri o envelope e retirei seu conteúdo: Um contrato de trabalho.

Martha : Pronto, não precisa mais voltar pra Londres.

Madu : Ai, Martha, já disse que não vou trabalhar pra você, desiste.

Martha : E quem falou que é pra mim? Leia o contrato, assine e esteja pronta amanhã cedo para irmos conhecer seu patrão.

   Ela saiu sem me dar tempo de falar nada. Eu me joguei na cama e me coloquei a ler o tal contrato e na verdade era bem interessante. Consultora de imagem e assistente pessoal, me pareceu bastante atrativo. Ainda não era o que sonhava, mas já iria poder atuar em algo da minha área. Nem cheguei a ler o resto do contrato depois disso, confiava em Martha. Me levantei, peguei uma caneta e assinei.

   No outro dia, logo cedo, estava pronta e Martha ficou muito feliz quando apareci com o contrato assinado. Tomamos nosso café e fomos até o escritório de meu mais novo chefe.

   Quando chegamos, ele já estava a nossa espera, a secretária nos encaminhou até a sala dele. Assim que entramos, ele que estava em sua cadeira, de costas para nós, se vira e nesse momento, tudo que eu desejava, depois de esquartejar Martha, era ter o poder de me teletransportar com apenas um estalar de dedos.

quem será o chefe da Madu?? cometem quem vc acha que é...e não si esqueça de vota <3

&quot;Lembranças de um amor&quot;Where stories live. Discover now