Capítulo 13 - Nunca é tarde para pedir perdão?

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- Você já bebeu cerveja com alguém antes? - ela faz que não com a cabeça - Então fico feliz em ter sido o primeiro.

- Quer me contar o que aconteceu?

- Não. - sua voz pareceu menos arredia e ele lhe entregou uma manta xadrez que estava em seu colo. Logo ela a colocou sobre os ombros.

- Eles amam você sabia? Estavam felizes por você voltar, por isso sua mãe me chamou para o jantar.

- Ela não é minha mãe. E talvez Vera a tenha convidado porque sabia que eu ia precisar de um anjo de olhos meigos para me salvar. - ele a encarou perdido em seus pensamentos, queria esquecer a dor e ela estava ali dando-lhe uma faísca de calor em sua face, então percebeu que ela estava constrangida e seu rosto queimava em vermelho. Estou a encarando porque acho que anjos não vemos todo dia. - O sol está se pondo, que tal uma caminhada?

Ela não devia, sabia disso, mas sua imaturidade ou talvez paixão adolescente a fizeram aceitar. Desceram as escadas se entre olhando em alguns momentos, ele abriu o portão de ferro que dava para a trilha da reserva de plantas nativas e plantação de maçãs de seus pais.

A respiração da menina parou quando ele gentilmente pegou sua mão para andarem juntos.

- Você já segurou a mão de um homem antes? - ela balança a cabeça de novo e ele ri baixinho - Então fico feliz em ser o primeiro.

Ela encarou suas mãos entrelaçadas e pensou que era assim que deveria se segurar a mão de alguém, não que tivesse qualquer experiência nisso, porque nunca teve, mas adorava o jeito que sua mão pequena era protegida pela dele.

- Você é calada demais, pode falar, juro que não mordo... Sabe, você é Inês. Em partes.

- Inês?

- De Portugal. Ela foi a musa de D. João. O impulsionou a encarar seus medos.

- Não sei quem é. - disse vermelha.

- Eles não lhe contaram? Não disseram que o filho prodígio está escrevendo um livro sobre Inês de Castro e D. João?

- Por que voltou para casa?- Eliza perguntou sem dar importância para as incoerências que ele dizia.

- Não queria, perdi algo e estou bebendo há dias. - ela se surpreendeu com a sinceridade dele.

- Mas se perdeu, por que não procura? - ela pergunta baixinho.

- O que eu perdi, está perdido para sempre. - ele começa a andar rápido e Eliza aperta o passo para acompanhá-lo - Vim para casa por causa de dinheiro. Pra você ter uma ideia do quanto estou ferrado. Estava ferrado antes de hoje, antes de você.

- Sinto muito.

- Chegamos, minha Inês. - ele diz e ela observa a clareira, um espaço de grama fofa, tocos de madeira, macieiras e flores costeiras - Por minha causa você acabou não jantando, permita-me. Mas antes deixa eu te ajudar.- ele parou à sua frente, ela achou que ele a beijaria ao encostá-la numa rocha logo atrás, mas ele a pegou pela cintura e a levantou para sentar na pedra plana, saindo em seguida de seu campo de visão. Ela sentiu calafrios pela pedra fria ao sol poente, ainda mais estando de vestido.

Poucos instantes depois ele voltou com duas maçãs, subiu sem um único esforço, entregou uma maçã à ela e mordeu a sua. Ela a mordeu deliciada com a doçura e ele a observou engolir, com uma satisfação silenciosa. Depois de observarem a lua aparecer, ele a ajudou a descer e estendeu a manta sobre a grama perto de uma velha macieira.

- Deite-se comigo, por favor.

Assim ela o fez, mantendo-se forte ao se esforçar para suas peles não se encostarem. Mas ele a chegou para perto com uma só mão, a colocando sobre seu peito.

- Vai pegar uma pneumonia, e morrer. Deixe-me aquecê-la.

O improvável casal passaram longos instantes absorvendo o calor um do outro. Mesmo ela estando rígida e desconfiada.

- Você é linda, Inês. Como um anjo. Não precisa ter medo de mim.

Ela levantou a cabeça para olhar em seus olhos sob a luz da lua - Eu acho você lindo.

Tímida ela começou a passar a mão pelo seu queixo, maravilhada com a sensação da barba por fazer. Ele fecha os olhos, sorrindo, enquanto ela lhe oferecia carinho até seu braço cansar.

- Obrigado. - ela sorri com o agradecimento dele e pousa a mão ao peito dele, Elijah coloca uma mão sobre a dela para perguntar algo. - Você já beijou um homem antes?

- Não. - ela sussurra.

- Fico feliz em ser o primeiro. - ele solta sua mão, e se inclina para segurá-la para si, colocando uma das mão em sua nuca para guiá-la. Eliza apenas fecha os olhos antes da boca de Elijah encontrar a sua, pela primeira e única vez. Ele a beijou como se tivesse medo de machucá-la com seus lábios quentes e convidativos, ele os espalhou pelos seus com cuidado. Ela hipnotizada e ainda sem saber beijar manteve a boca fechada, mas o polegar dele deslizou por seu pescoço a fazendo se entregar de vez, fora seu primeiro beijo. Ela nunca mais seria beijada assim, sabia disso, ele a tornara inacessível a qualquer outro, para sempre. Pois nenhum outro se compararia à ele.

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Lembranças demais vem e vão na cabeça do não tão jovem professor italiano, ele esfrega os olhos, era como se todos os seus erros estivessem passando por sua cabeça, não só aquela noite e o que fez com sua mãe, mas o que fez com Rosalina, uma ex namorada ingênua. Ao menos agradecia por estar enxergando seus erros, só precisava que alguém o fizesse lembrar e admitir, então os olhos de Eliza vieram em sua mente. Obrigado meu anjo de olhos meigos, por me mostrar... Não quero você na lista de meus erros, então serei digno de ti.

A Coca-Cola é uma empresa de fortuna incalculável, a maioria das pessoas são viciadas, principalmente, naquele líquido escuro e doce. A Itália também era abastecida com estes produtos, Elijah não vira ao esfregar os olhos já perturbado, mas um caminhão fez a curva corretamente para passar por ele, no entanto ele não. Preso em seus pensamentos, não posicionou o carro no canto direito da pista para fazer a curva fechada, onde lá em baixo encontrava-se um abismo de boa altura. O olhos dela foram a última coisa que ele viu: o caminhoneiro tenta buzinar, mas nada poderia fazer, ele ouve o barulho do frear de pneus mas antes que levante o olhar, o choque estrondoso é seu destino, o Jaguar preto invade a pista contrária, o carro de que tanto se orgulhava, que iria mostrar para seu pai, numa fração de segundo está destroçado em baixo da carreta.

" Nem as mais devotas almas poderiam dizer, para o conforto da família, que ele ficaria bem."

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O Inferno de ElijahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora