- Tenho Lady Grey e English Breakfast! - diz com a voz ligeiramente animada.

- English Breakfast. - responde Elijah franzindo o cenho por ao ver Eliza agachar-se para ligar a chaleira, por alguma razão não gosta de vê-la de joelhos, por não saber o motivo afasta esse pensamento com sua arrogante sinceridade - Por que mora aqui?

Eliza arrasta os dentes de um lado para o outro sobre o lábio inferior - Bom, esta é uma rua calma, em um bom bairro, estava dentro do que eu podia pagar com a bolsa que ganho e... economizo na passagem, posso ir andando para a universidade.

- E por que não foi morar no alojamento com os outros estudantes? - insiste.

- Bem... eu tinha planos de ir para outra universidade, mas não tive condições financeiras, então... - ela fica nervosa e desconfortável com a conversa, mas ele está curioso e ela já sabia qual seria a próxima pergunta.

- Que universidade? - ele pergunta e ela demora a responder colocando o bule de chá sobre a mesinha e volta com duas xícaras e pratinhos de porcelana muito bonitos, termina de colocar o saquinho na xícara com água...e ele fala.

- Senhorita Castro?

- Harvard. - ela tenta parecer normal. Mas ele que levara a bebida a boca, se engasga e quase a cospe.

Eu não poderia ter passado para Harvard não é professor?

- Harvard!? Isso não estava em sua ficha, que diabos faz aqui!?

- O custo de vida em Cambridge é muito mais alto do que em Florença... e a bolsa que me ofereceram não foi o suficiente...

- Mas o que! Isso é ridículo.

Enquanto ele resmungava, sem descer seu nível superior, Eliza voltou para a "cozinha" trazendo um pano de chão e se agachando para limpar o que seu corpo havia molhado.

Essa menina não tem orgulho nenhum, se rebaixa de tal forma sem constrangimento algum... está encharcada e...

O professor começou a pensar nas roupas molhadas dela e sem chance de evitar pensou no que havia por baixo delas.

- Deixe isso - ele diz levantando-se daquela cadeira desconfortável pondo-se na frente dela - É melhor você se trocar, ou vai pegar uma pneumonia.

- E morrer. - ela murmura indo em direção ao banheiro e ele arrasta o pé no pano ao chão o enxugando.

Ela retorna após o banho rápido usando uma leg preta e um blusão de propaganda política. Descalça com seus pés avermelhados e miúdos, seu cabelo molhado está desajeitado e solto.

Ele a encara com olhar controlado e sem emoção, um dia ganhará um prêmio por auto controle, pois esta para explodir por dentro. Eliza arrumada era deslumbrante, mas Eliza ao natural era... surreal. Ela parecia um anjo.

Meu anjo de olhos meigos.

Ele se espanta com o próprio pensamento e levanta num súbito da cadeira.

- Está tudo bem?

- Eu não devia estar aqui... isso é anti profissional, seu professor mão deveria entrar no mesmo carro em que você sem um acompanhante, muito menos em seu apartamento. - diz meio zonzo para evitar encarar Elizabeth, a calamidade ambulante.

- Pensei que fossemos apenas Elizabeth e Elijah, como você me pediu - fala tímida parada perto do armário com ele indo em direção à porta.

- Senhorita Castro, por favor - seus olhos azuis glaciais se tornaram obscuros e zombeteiros - Tentando seduzir teu professor!? Acha que me impressionou? Rá! Olhe para este lugar, não permitiria nem que meu cachorro vivesse nestas condições! Você é bonitinha, mas está claro - ele a encara de cima a baixo - Que você não sabe o que está fazendo. Lhe aconselho a trocar de curso e encontrar outro orientador, porque isto aqui - ele gesticula dele para ela - Não vai funcionar.

E sai, os olhos da menina assustada ardem e ela corre em direção a porta entre aberta, a encosta e a tranca, deixando que seu corpo escorregue por ela até estar sentada no chão, assim como as lágrimas descendo pelo seu rosto.

Ele é exatamente como sua mãe!

Uma história que deveria ter acontecido há oito anos, que deveria ter continuado depois daquela noite...

Talvez seja só isso, talvez nem tudo seja perfeito e tenha um final feliz, talvez ela deva ficar no passado. Eliza é uma jovem mulher que deve viver e se descobrir, Elijah já viveu o suficiente por duas vidas, é um homem devastado e dominado por problemas do passado.

Talvez, finais felizes sejam com o casal separado, os dois juntos iriam à ruína! Ele não sabe fazer isso! Muito menos ela.

Se tornaria amor se ele ficasse e destruísse as chances do futuro promissor e sem dor da mulher que ele, que não é hipócrita, já percebera ser diferente?

Se isso for o que chamam de bom sentimento, quero manter distância. Sou viciado em meus jogos de poder, mas não brincarei com isso, por isso cortei o mal pela raiz. Prefiro ela odiando seu professor do que odiando o homem indigno que sou, porque... meu Deus, se ela querer, tem algo aqui dentro do meu peito que está me enlouquecendo desde aquela primeira aula, se ela querer eu estou ferrado. Porque eu também quero, mas é puro desejo, e somente.

◇◇◇◇
Nota:

É maravilhoso quando alguém nos ama pelo o quê somos, e amamos de volta. Há o ciclo do recíproco tão aspirado!
E há o amor mais puro e casto, tal qual que não se encontra mas é dado, mesmo não sendo constantemente procurado: Quereres vós este outro amor, que nos ama apesar do quê somos.

Este é o ponto da minha história. Amar vai além de...

Para fazer uma dinâmica, mesmo que eu não tenha um público gigante, fico grata pelos que tenho, queria que completassem a frase terminada em reticências acima.

Beijo, com carinho!

O Inferno de ElijahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora