— É claro que eu preciso fazer um adendo com vocês aqui. Eu não vou cobrar o conteúdo desta aula na prova, mas eu quero mesmo que vocês parem e pensem sobre todas as coisas que acontecem ao seu redor. — Ela expôs — Eu quero que vocês observem uma propaganda pelo que ela é e pelo que ela diz e de todas as maneiras que ela diz, desde um comercial de fraldas até um de cerveja. Eu quero que vocês percebam as falas de grandes personagens nos filmes em conversas cotidianas, indo além de frases de efeito. Que façam uma análise bastante crítica sobre todas as coisas que vocês pensam e que vocês dizem e se perguntem se isso é o que você realmente acha ou se é o que te levaram a achar. — Devagar, a Gregorian sentava na mesa da sala e cruzou os pés calçados com sapatos de salto largo e baixo — Porque aqui e agora, vocês estão crescendo e amadurecendo e eu espero sempre o melhor de vocês, mais do que serem cinquentões multimilionários, eu espero que vocês sejam líderes inspiradores, que vocês encontrem a cura para o câncer, que apoiem e deem suporte àqueles que precisam, não para terem os seus nomes numa placa, mas para realmente fazer a diferença. Vocês são o futuro, já pararam para pensar nisso? Que vocês podem ter filhos um dia e que o que vocês aprendem agora é o que vocês vão ensinar a eles?

A professora Gregorian podia evocar nas nossas mentes a maioria das coisas que ela explicava com tanta paixão. Dava para sentir que tudo o que ela havia dito que esperava de nós eram votos verdadeiros. E de repente eu sentia o peso daquilo, me fazia as grandes perguntas e me propunha a por as respostas em prática, mas era tão desafiador e tão grandioso que não dava para saber de verdade. Mas ela tinha essa esperança e era ótimo saber que alguém confiava tanto em nós, que esperava somente o melhor.

O sinal tocou de repente, nos removendo do estado suspenso que ela havia nos colocado. Ela conseguiu plantar a semente ali, mas tínhamos outra aula para assistir e apesar de eu haver machucado o ombro no polo mais cedo, tive que levar um monte de livros para a sala.

— Hey, Josh... — Eric chamou atrás de mim — Vamos na academia depois? 

— Claro. — sacudi os ombros, seria bom ocupar o dia já que eu não tinha mais nada para fazer.

— Pernas hoje... — ele avisou — Leva um bom tênis.

O professor entrou na sala e começou a escrever prontamente as equações novas que veríamos. Física não era como matemática para mim, eu podia ver esses números e essas fórmulas e eu conseguia aplicá-las em qualquer lugar que fosse possível. Em cálculos meu cérebro parecia fritar, os números se tornavam abstratos demais e pouco imagináveis. Era fácil para mim calcular a velocidade que um carro atingiu até se chocar contra uma parede, mas logaritmos eram como ler as runas de uma caverna maia. Não que eu fosse um completo zero nisso, mas de alguma forma se tornava fora da minha capacidade e eu acabava gabaritando uma prova de física teórica e ficando somente na média em matemática (se estudasse muito). 

No fim da aula de física, após o ultimo sinal, saí atrás da Alison pelos corredores para irmos para casa, ela ainda estava de castigo e sem poder usar o carro. Mas minha namorada não estava guardando as coisas no armário, como era habitual de todos os alunos na hora da saída. Fui até sua sala de aula, mas só uma aluna, Jacy Summers, estava saindo e não havia mais ninguém lá dentro.

— Jacy? — eu a abordei e ela me encarou com um sorriso simpático — Viu a Alison?

— Hum... — Jacy pensou por uns segundos — Acho que ela ia ao banheiro...

— Ok. — Agradeci erguendo um polegar — Falou. — acenei com a cabeça — Tchau.

— Tchauzinho. — Ela ergueu uma mão e balançou os dedos.

Fui rapidamente até o corredor que levava aos banheiros bem a tempo de ver Roxane e suas duas risonhas e peçonhentas seguidoras saírem de lá. Isso não me cheirou bem. Olhei de um lado para o outro e entrei pela porta de metal. Alison encarava o espelho e apertava as mãos na pia com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.

Juventude à flor da peleWhere stories live. Discover now