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NANDA

Não, eles ainda não estão pontos pra nascer! Eles ainda não estão pontos pra nascer!!

- Pelo amor de Deus Nanda - o Apollo fala nervoso - Me diz o que fazer porque eu definitivamente não sei o que fazer agora.

Olho pra ele e vejo que ele está a ponto de desmaiar. Isso me deixa mais nervosa mas respiro fundo e tento pensar.

Eu não posso esperar força de ninguém agora, eu tenho que ser forte o suficiente por mim e pelos bebês.

- RAFA! - grito quando lembro que ele também está aqui em casa. Espero que ele fique menos nervoso que o Apollo.

- Que foi mulher? Pra quê esse desespero? - ele chega na sala com o rosto melecado de maquiagem, coisa da Pê com certeza - Você fez xixi na sala?

- A minha bolsa estourou - tento falar calma.

- Okay, onde está sua mala e a do bebê? - ele pergunta se mantendo calmo - Eu vou pegar enquanto ligo pra um táxi, ninguém está em condições de dirigir.

- No quarto dos bebês, em cima do armário.

- E e-eu Nanda.. o que você quer que eu faça? - o Apollo pergunta ainda pálido.

- Me ajude a sair de casa primeiro - digo andando devagar em direção a porta - Você vai levar a Pê pra casa e tentar entrar em contato com o Thor e com a Malu. O Rafa vai comigo pro hospital mas eu quero um deles dois comigo no parto.

- Maninho, a Nanda ta dodoí? - a Pê pergunta assustada.

- Não querida - tento acalmar a pequena - Eu volto logo. Tenho que pegar seus sobrinhos, meu amor.

- Eu posso ir? - ela pergunta com os olhinhos arregalados.

- Não maninha - o Apollo a pega no colo - Nós vamos pra casa esperar os bebês lá. O Rafa vai com a Nanda buscar eles.

- Eu to pronto! - o Rafa diz saindo com a minha mala numa mão e a dos bebês pendurada no ombro - Você quer mais alguma coisa? Um copo de água, uma fruta, um pó pra passar nesse rosto oleoso?

Eu seguro a resposta mal educada quando escuto a buzina do táxi. Ir com o Rafa não me parece uma boa ideia mas ou é ele ou o Apollo, e o Rafa pelo menos não passa mal nem nada.

- Eu vou tentar encontra-los e estarei lá o mais rápido possível - o Apollo diz enquanto o Rafa me ajuda a entrar no carro.

- Depressa moço, vamos pro hospital central - o Rafa diz pro motorista e eu aperto seu braço quando sinto uma dor forte - Ta louca mulher? Vai me deixar roxo!

- Contrações! - Oh Deus isso doí mesmo.

- Tenta respirar como nos filmes! - ele me diz respirando fundo e soltando - Pode não diminuir a dor mas vamos tentar só pra não fugir do roteiro.

- Eu queria muito te bater agora - digo apertando seu braço querendo que pelo menos uma parte da minha dar fosse pra ele.

- Esses não são pensamentos positivos pra se trazer ao ambiente quando seus filhos estão pra nascer - ele diz sério - Vamos pensar em coisas felizes e positivas... Como o Joe Manganiello dançando Backstreet Boys em Magic Mike!

- Ai que ódio Rafa! - digo não aguentando e rindo - Ele ta bem gostoso nesse filme mesmo...

- Pois é, pensamento positivo mom amour! - ele diz e eu consigo suportar melhor a dor - Olha aê, chegamos!

Ele paga ao taxista e me ajuda a sair.

- Espera aqui que eu vou pegar uma cadeira de rodas.

- Não precisa - digo me apoiando numa árvore quando ele solta meu braço.

- Nada disso! Você vai parir três crianças, temos que ser dramáticas - ele entra no hospital e sai rapidamente trazendo uma cadeira de rodas. Dou graças a todos os deuses quando sento na cadeira e tenho que agradecer ao Rafa pois acho que não ia aguentar ir andando. As contrações estão cada vez mais intensas.

Entramos e tudo acontece tão rápido. Uma enfermeira me avalia e já me prepara pro parto.

- Não, vamos esperar mais um pouco ok? - digo pra ela que nem me escuta e continua fazendo seu trabalho.

- Minha Rainha, não tem como dar pausa na natureza... - Rafa tenta me acalmar - Essas crianças já estão quase brechando aí em baixo.

- Mas o Thor tinha que estar aqui... - digo sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Eu estou com tanto medo. Não quero passar por isso sem ele aqui - Alguém conseguiu falar com ele? 

- O Apollo conseguiu falar com ele por telefone mas ele não vai chegar a tempo querida - ele diz me consolando e eu quero surtar... mas não posso.

- E a Malu? 

- Ela teve que ficar com a Pê - o Rafa fala como se explicasse algo difícil pra uma criança - Quando saímos ela estava tranquila mas a agitação dos irmãos fez ela se assustar e ela não larga a Malu. Ela ta achando que você foi embora.

- Oh Deus, pobre criança.

- Fernanda, você tem que se contentar comigo mesmo, infelizmente - ele diz enquanto a enfermeira dá a ele uma roupa e touca - Os seus cunhados são uns frouxos.

- Por favor Rafa, só não me deixa só - falo tentando respirar fundo e me acalmar - Eu estou com tanto medo... e-eu..

- Olha pra mim Fernanda - ele me olha sério como eu nunca o vi na vida - Vai dar tudo certo, eu juro! Você vai ir lá e ter esses bebês como uma diva, nada menos que isso. Medo é pra virgens e tolos, e você não é nenhum dos dois. Eu estou com você!

Tive que fazer uma cesária de emergência por causa da condição da gravidez e a posição dos bebês. Depois da anestesia tudo foi um vulto de acontecimentos.

O Rafa ficou do meu lado segurando minha mão e falando absurdos tentando me incentivar a não cair no choro como eu tenho vontade. A luz em cima de mim me cega e eu só penso que logo terei meus filhos comigo, aqui. Eu ainda não tenha me tocado disso.

Há um silêncio assustador e logo eu escuto o melhor som que eu já ouvi na vida: um choro desesperado e gritado.

- O bebê número um chegou mamãe! - o médico diz - Ele é o garoto da direita.

- Axl - digo enquanto lágrimas turvam minha visão - Seu nome é Axl.

- Venha dar oi pra sua mãe garotão - a enfermeira aproxima ele do meu rosto.

- Bem vindo ao mundo, meu amor - eu olho pro meu garoto exigente que não para de berrar. A enfermeira o afasta de mim e meu coração se aperta na hora.

- Agora temos o segundo bebê, o da esquerda - o médico fala.

- Ozzy, meu Ozzy.

Ele também chora mas se acalma quando a enfermeira o aproxima de mim.

- Esse já é o filhinho da mamãe desde o primeiro momento - o Rafa diz e quando olho pra ele vejo seus olhos cheios de lágrimas não derramadas.

- E essa é a sua garotinha querida - a enfermeira aproxima um pacotinho com a coisinha mais frágil que já vi na vida.

- Minha Camila...

A enfermeira logo leva minha menina pra incubadora pois ela é a menorzinha e precisa de ajuda pra respirar. Eu não sei explicar todos os sentimentos que me afogam agora... alegria, preocupação, êxtase e muito amor, como eu não imaginava poder sentir.

Meus amendoins estão aqui e eu não podia querer nada mais no momento.

THOROnde as histórias ganham vida. Descobre agora