Primeiro Capítulo

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Mesmo antes de terminar a leitura de um dos poemas que mais lhe agrada sobre a eterna Inês, Eliza já sabia que precisava descansar.

Então, sem pressa, deitou-se em sua pequena cama que ainda emanava parte do cheiro floral da lavagem, parte de seu perfume quase infantil.

Sua colega de quarto e melhor amiga, imperativa e comunicativa, não dormiria em casa. O que permitiu que a menina encontrava sem dificuldade a linha tênue entre paz e sossego, pelo menos por essa noite, amanhã a rotina de sua vida retornaria, como um velho e bem vindo amigo.

Do outro lado da cidade encontrava-se Elijah, acolhendo sem pudor tudo de melhor que a vida podia lhe dar.

(...)

Florença é sem dúvidas um dos lugares mais bonitos do mundo, e não só Eliza optava por ir andando estudar, mas muitos outros estrangeiros e moradores pois a cidade oferece uma visão rica da arquitetura italiana em cada esquina.

Da pensão onde Eliza mora ela gasta uns vinte minutos a pé até o curso, e hoje não faria diferente.

Há três dias que ela chegara à Itália, e pessoalmente já acha as pessoas daqui parecidas com os Brasileiros; acolhedores, carismáticos e calorosos.

Sua colega de quarto, uma italiana tagarela e amável, disse que assim que passarem dois ou três meses ela desencanta, e que "se não souber onde ir para se divertir a rotina monótona toma conta de você".

Mas o que Virgínia não sabe, é que uma vida calma e monótona é o que Eliza almeja.

Descendo as escadas da encantadora e simples pensão em que está, ela se depara com a neve que ocupa todas as calçadas de forma amena.

Vir para a cidade no inverno foi a melhor escolha, por dois motivos: no inverno a cidade não fica tão lotada quanto no verão, e o custo do segundo curso que faz, sobre a lingua italiana à noite, diminui.

Dobrando a esquina, ela observa de longe que o comércio do senhor Giuseppe Batolinni não está aberto hoje, o que significa que a máquina da Escola e suas porcarias entrarão no lugar do pão quentinho, suco natural que seu Giuseppe insiste em fazer na hora e um saquinho com um pequeno cacho de uvas verdes para o caminho.

"É sempre bom degustar um docinho vendo a beleza de Firenze, bambino!
Dio ti accompagni, va' con Dio!"

Ele era um chefe de família e um homem de caráter exemplar e bom coração.

Entrar na recepção aquecida do Instituto Internacional de Design de Florença foi um grande alívio, acostumar-se com o frio do lugar é complicado, e grazie a Dio que o clima da Itália é considerado um dos melhores do mundo e logo estaria estável para que também as aulas fossem ao ar livre.

- Ciao, buon Giorno Valentina - Eliza cumprimenta a elegante recepcionista.

- Buon Giorno signorina!

Comprimentar em italiano é uma pequena regra da escola, mas o instituto é para estrangeiros então geralmente falavam em inglês, português ou espanhol.

Eliza é fluente em inglês e intermediária em italiano, mas falar seu idioma original não era raro pois os professores eram muito qualificados e falavam três ou quatro idiomas cada um.

Entrara em sua sala que é composta por pelo menos quarenta pessoas, incluindo sua amiga Virgínia, que já estava em seu lugar e guardara um lugar para ela. Parecia inquieta, mas sendo Virgínia...

- Bom dia Lisa - Disse abrindo um sorriso ao notar a moça,Virgínia é de família tradicional do país, mas cresceu no Brasil - Vamos, sente - se! Quero te contar uma coisa.

O Inferno de ElijahOnde as histórias ganham vida. Descobre agora