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Capítulo doze

OPégaso batia suas asas furiosamente para ganhar altitude, permitindo que Kratos observasse a destruição que acometera Rodes. Seu coração foi tomado pela frieza. Seu exército havia lutado bem. Mas seria preciso mais do que a força de seus soldados para enfrentar a Lâmina do Olimpo. Os focos de incêndio por toda a cidade provocaram enormes cortinas de fumaça, asfixiantes, densas e negras, mas o Pégaso empinava constantemente para desviar das piores nuvens.

Kratos viu o exército trucidado que tentara, em vão, defender Rodes; o cavalo alado, então, subiu em espiral, o suficiente para que ele olhasse em direção ao porto. Kratos se deleitou com a imagem do Colosso de bronze estendido embaixo d'água, tão turva, devido ao sangue derramado, que era difícil visualizar nitidamente a estátua. Ele conseguiu, porém, ver o braço esquerdo amputado. O coto ainda irradiava uma luz vermelha embotada, mas a cabeça fora decepada e o tronco de bronze se encontrava cheio de profundos entalhes entrecruzados e algumas chagas consideráveis.

Kratos levou as mãos aos ombros e afagou as Lâminas de Atena embainhadas em suas costas. Aquelas espadas, tão confiáveis, provocaram um grande estrago no Colosso, mas o estrago real viera da Lâmina do Olimpo. As mãos de Kratos tremeram quando ele pensou em como Zeus o fizera de idiota ao transferir seus poderes divinos à espada.

As palavras do Pai dos Céus ressoaram zombeteiras nos ouvidos de Kratos:Empunhe esta arma e todos no Olimpo lhe tomarão por quem você verdadeiramente é.

Restava a Kratos apenas imaginar se Atena havia aprovado aquilo ou não. Ela mentira para ele tão escrachadamente quanto Zeus. Ela, por acaso, estaria rindo dele por ter pressuposto que a águia que lhe roubara o poder, infundindo-o no Colosso, era um totem a serviço dela? Ele agora sabia que Zeus havia sido o responsável.

Mas Atena devia estar ciente do que se passava.

Seus fortes joelhos pressionaram os ombros do cavalo alado, conduzindo o Pégaso para longe de Rodes e rumo ao Olimpo. A distância ainda ocultava o imenso pico por trás da neblina, mas ele pôde ter uma ideia do contorno. No topo da montanha, espalhavam-se os palácios dos deuses, e o que se encontrava em um nível mais elevado, o melhor, o mais ostentoso, pertencia a Zeus. Ele invadiria o palácio e mataria Zeus, não importava se o Rei dos Deuses empunhava a Lâmina do Olimpo ainda dotada de sua própria energia. A raiva de Kratos o sufocou e lhe deu a certeza de que ele poderia derrotar qualquer deus, mesmo Zeus.

– Eles todos irão me temer pelo que fizeram – seus lábios se comprimiram.

As poderosas asas do cavalo passaram a chamejar. Momentos antes, as penas ao longo de suas bordas haviam faiscado, mas, agora, extensas serpentinas de fogo explodiam sobre toda a superfície das asas e varriam o céu, deixando um rastro flamejante.

– Mais rápido – Kratos incitou o cavalo. Ele arqueou as costas e agarrou a crina com uma ferocidade tal que fez o Pégaso relinchar alto.

O corcel alado subiu ainda mais em espiral e, em seguida, desviou seu curso do Olimpo. Quanto mais Kratos tentava forçar o Pégaso em direção ao Olimpo, mais o cavalo resistia. Como penas que se soltam das aves, cada vez mais faíscas eram cuspidas de suas asas à medida que sua inquietação crescia.

– Rumo ao Olimpo – Kratos ordenou. – Eu tenho de enfrentar Zeus!

O Pégaso se recusava a seguir seu comando.

– Você desafia o Deus da Guerra?

Ele pressionou os joelhos com firmeza contra os flancos do animal para coagi-lo a lhe obedecer, mas acabou paralisado quando o vento ficou revolto em torno dele. A sensação era parecida com a que sentira enquanto estava suspenso bem acima do Submundo. E a voz que lhe falou foi reconhecida de imediato.

– Você não é mais um deus, Kratos – estrondou a voz ressonante de Gaia. – Zeus, o Olimpo e a lâmina que contém todo o seu poder estarão para sempre fora de alcance. Sua única esperança é encontrar as Moiras e a Ilha da Criação, e viajar de volta no tempo até o momento em que Zeus o traiu, pois só então ele estará verdadeiramente vulnerável.

Ele se aquietou montado ao Pégaso e seus olhos se encheram de cólera. Zeus iria sofrer por sua traição. Kratos se certificaria disso – mas o que exatamente Gaia quis dizer sobre as Moiras e voltar ao instante em que Zeus o trespassara com a Lâmina do Olimpo?

Kratos tocou a pálida cicatriz em seu peito, onde a lâmina havia penetrado, abrindo um enorme rombo – e se lembrou de como aquela ferida havia sido curada antes que ele conseguisse sair do Hades, de volta para Rodes. Gaia demonstrou todo o seu poder ao curá-lo daquela maneira.

Ela fizera mais do que curar o ferimento. Ela lhe deu a chance de, novamente, escapar das garras de Hades. Não desperdiçaria tamanha dádiva.

Ele mirou o horizonte enquanto o Pégaso voava com um bater constante e poderoso de suas asas. Kratos não fazia ideia do lugar aonde o cavalo alado o levava, mas sabia que não seria um destino alcançado com facilidade.

Enquanto ele ponderava sobre perigos em potencial, três grifos surgiram atrás dele.

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