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Capítulo quatro

Atena se deteve à entrada que conduzia à sala do trono de Zeus. O Pai dos Céus estava rigidamente sentado na beira de seu elevado trono, inclinando-se para ouvir, atento, seu irmão Hades. O que quer que estivessem discutindo provocava emoções acaloradas. Atena encontrou certa dificuldade para não irromper adiante e interromper a discussão, mas lhe restou um mínimo de cautela e tratou de sufocar sua raiva.

Ela pressionou sua mão contra o rosto, tentando se assegurar de que estava com total controle sobre si. Ela vinha sendo cada vez mais irracional nos últimos tempos, e dera-se conta disso. Era como se ela tivesse, de alguma maneira, separado o corpo do espírito, o primeiro tomando conta da situação à medida que sua alma vagava livre e longe, levando toda a lógica consigo.

Zeus ergueu os olhos e a encarou, mas era como se ela não estivesse lá. Ele se voltou a seu irmão e atirou um raio aos pés dele. Quem antes argumentava em voz baixa, então ferveu em alto e bom som.

– Você não vai fazer uma coisa dessas!

– Ele me enganou! Ninguém pode escapar do Senhor do Submundo. Diga-me como foi possível que Kratos escalasse de volta à vida depois de ter morrido no Templo de Pandora, e sem ajuda? Não foi Ares que o ajudou. Ele estava de cabeça quente, e é certo que teria sentido prazer ao saber que sua urtiga mortal havia sido transferida a meu reino – Hades ergueu a mão ossuda e cerrou o punho, com firmeza. Um pó negro cascateou aos pés de Zeus.

– O que você está dizendo, meu irmão? – Zeus ignorou a poeira sepulcral em suas sandálias.

– Atena me contrariou! Ela o ajudou a escapar da travessia do Estige!

Atena observava a reação de seu pai e teve certeza de que ele havia sido o deus que ajudara Kratos, na pele de um coveiro. Ela já suspeitava disso, mas, até então, não tinha uma prova sólida o bastante.

– Seja bem-vinda, filha – Zeus disse, voltando os olhos a ela, como se a visse pela primeira vez. – Chegue mais perto. Seu tio estava me contando sobre sua interferência no reino dele.

– É sobre Kratos que vim falar, Pai – ela disse. Atena acenou educadamente com a cabeça para Hades, mas não lhe dirigiu a palavra. Ele ardia em fúria, pensando que fora ela quem cavou o sepulcro perto do templo para permitir a fuga de Kratos.

– Ela ainda defende a causa dele! Ele trouxe apenas discórdia ao Olimpo, Zeus. Você não pode permitir que isso vá adiante, bem como não pode permitir a intromissão de Atena em assuntos que só dizem respeito a meu reino!

Hades estava tão furioso que seu rosto sombrio esfumaçou, como se estivesse pegando fogo por dentro. Ele espalmou suas mãos, apertando-as com tanta força, que uma cascata de cinzas fluiu sem parar rumo ao chão de mármore travertino, em frente ao trono de Zeus.

– Meu tio deveria ter sido um poeta, tão fértil é sua imaginação. Talvez você tenha conversado com Homero, já que ele está a investigar os Campos Elísios?

Hades levou seu punho fechado para trás no intuito de golpeá-la, mas um relâmpago deslumbrante trovejou acima de sua cabeça. Hades se virou e encarou Zeus. Antes que pudesse dizer uma palavra, um novo raio fez com que Hades perdesse o equilíbrio. Ele girou, ascendendo ao vento, e desapareceu em um tornado de fuligem. Zeus baixou a mão que lançara o raio e, em seguida, fez um rápido movimento com o braço, como se varresse as cinzas do chão, que sumiram. Atena não pôde deixar de notar que a escuridão gordurosa permanecia nas sandálias de Zeus quando ele se prostrou de volta em seu trono.

Novamente, ele era o estoico Pai dos Céus, Rei dos Deuses, de olhar majestoso, como se nada tivesse o perturbado.

– Minha filha, você suplica por Kratos de novo?

God Of War 2Where stories live. Discover now