— Meus queridos Padawans... — A Gregorian nos disse depois de ajeitar as coisas sobre a mesa e esperar todo mundo se sentar — Especial, temos missão hoje. — rimos pela imitação clássica do mestre Yoda de Star Wars em suas falas ao contrário — Então, hoje vocês farão uma redação... — Ela disse com um sorriso e foi assustador — Mas não uma redação qualquer, uma redação para mim! — alguns gemeram porque todos sabíamos como devia ser uma redação para Gregorian, mas ela continuava com uma mão erguida para enumerar suas exigências — Tema: Sociedade Tribal X Sociedade Urbana. De 30 linhas a 60 linhas. Eu quero um bom resumo de todo o conteúdo dado em aula. — E estava lançado o desafio, foi bom falar com vocês. — E, por favor, legibilidade. Eu não sou médium e eu não sei ler psicografias. Vocês têm até o fim da aula e somente até o fim desta aula para entregá-la terminada. Vale um terço da nota bimestral, então já sabem o que acontecerá se não entregarem ou se houver colas. — Ficaríamos sem a nota e sem direito a qualquer trabalho de reposição, assim de triste. — Podem consultar somente o seu material e podem começar. — Ela encerrou as instruções com o que eu chamava de "sorriso de psicopata" e pegamos o material.

Me larguei sobre a cadeira e comecei a tentar trabalhar a minha redação. Devon esfregava as mãos no rosto nervosamente e respirava com mais força que o normal.

A Gregorian não dava testes normais. Ela dizia que a sociologia não era o tipo de matéria que se devia ter testes como os regulares - uma folha de papel cheia de perguntas para que nós respondêssemos. Ela estava ali pra nos ensinar a ser cidadãos e não para que decorássemos conteúdos e definições. Então fazíamos uma redação surpresa em algum momento no meio do bimestre, um trabalho em dinâmica de grupo, algum trabalho de suma importância no final do ano escolar antes das ultimas provas e as provas regulares - somente porque era obrigatório - e mesmo assim as provas da Gregorian nos fazia arrancar as nossas peles de agonia. Geralmente contavam com uma única pergunta de amplo campo dentro do estudo que exigia uma resposta de pelo menos 30 linhas. Da última vez havia sido: "De acordo com os textos analíticos dos manuscrito dos pensadores pós-socráticos, Epicuro e Marco Aurélio, sobre as virtudes e a razão e baseando-se nos seus conhecimentos e no conteúdo estudado em classe, disserte sobre: Democracia". ! E valia a nota da prova toda! Juro que nesse dia uma aluna teve um colapso nervoso e chorou de desespero. A Gregorian era uma mulher muito bacana e as aulas dela eram excelentes, mas ela vivia nos pondo em agonia com suas redações e trabalhos. Ela nem ligava para erros ortográficos, ela queria saber se sabíamos a maldita matéria e sempre perguntava somente sobre o que ela falava em sala. As pesquisas ajudavam a estudar, mas se não escrevíamos o que ela dissesse, palavra por palavra, era impossível gabaritar. Ela dizia que era possível tirar nota máxima com ela. "É só prestar bastante atenção nas aulas, não cabular, anotar as informações, fazer as pesquisas e não ter medo de tirar dúvidas" professores... Acham que somos de ferro. Ou tem a ilusão de que os alunos realmente não tinham mais nada de bom pra fazer que não fosse sentar e pesquisar sobre Epicuro e a Democracia.

Durante os noventa minutos de aula, o único som que se podia ouvir era o ruído que escapava dos fones de ouvido da Gregorian enquanto ela ouvia música e lia um livro com as pernas esticadas e cruzadas. Bocejando ocasionalmente, embora isso não era sinal de que ela estava distraída. Ela estava nos passando a falsa sensação de segurança para ver se alguém colaria na redação, era esperta e alerta. Eu suava, nervoso pois mesmo podendo consultar minhas anotações, eu não sabia se elas seriam o suficiente para conseguir me sair bem.

Levei meu olhar até Alison algumas vezes, curioso para saber se ela experimentava alguma dificuldade. Ela parecia exatamente como todo mundo, a ponto de gritar, coçando a cabeça nervosamente, ajeitando o cabelo atrás das orelhas, estalando o pescoço e os dedos, esticando os músculos de vez em quando e soprando frustração. Então eu voltava a minha posição, segurando firme a caneta, e voltava a escrever. Tínhamos 2 horas de aula, era um bom tempo para 30 linhas, mas 30 linhas não eram o suficiente para resumir o que ela queria... - "Cacete, me fodi!" eu pensava mais ou menos a cada quinze minutos.

Juventude à flor da peleWhere stories live. Discover now