11. Os Sofrimentos... (finalzinho da II parte, que por alguma razão o wtt cortou

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Olhei para eles algumas vezes esperando não mais encontrar seus olhares sobre nós, mas eles estavam lá, fixos em nossa direção. Os rostos sem expressão.
Por que estavam nos encarando daquele jeito?
Talvez a garota estivesse tão impressionada com a beleza irreal de Robert que simplesmente não conseguia desviar os olhos dele. Mas e o garoto? Não podia estar impressionado comigo - talvez fosse gay, isso faria mais sentido.
Comecei a me sentir desconfortável com aquela situação, com aqueles olhares insistentes.
- Aquele casal não para de nos olhar! - cochichei para Robert, tentando ser discreta para não levantar suspeita.
Robert seguiu a indicação sutil de meu olhar, observando nossos observadores por um breve instante, depois voltou os olhos para mim.
- Está falando da garota com o cara ruivo? - perguntou, também em cochicho. Fiz que
sim com a cabeça. Robert voltou a olhá-los e sua testa vincou-se um pouquinho. - Ísi, eles nem estão olhando para cá!
O quê? Virei para o lado do casal, agora sem me importar em ser discreta. Eles conversavam animadamente, rindo e gesticulando, como um feliz casal de namorados passando uma tarde
no parque. Eles pareciam bem descontraídos agora. Então, será que eu havia exagerado?
- Preparada para uma tarde de leitura? - disse Robert, me tirando de meus pensamentos.
Ele abriu a mochila pegou o livro e o estendeu para mim. Cruzei os braços e cerrei os olhos.
- Se eu não estiver enganada, e acredito que não estou, é sua vez de ler. - observei.
Ele riu, concordando com a cabeça e sem protestar iniciou a leitura exatamente do ponto em que eu havia parado.
- "Quinze de maio." - começou ele baixinho. Sua voz era perfeita como se tivesse sido feita exatamente para a leitura, e seu rosto também seguia expressando com precisão cada palavra lida. Meus olhos, meus ouvidos e meu coração se deliciaram com a perfeição daquele momento totalmente incomum e maravilhoso para mim. Robert lia numa voz profunda, calma
e firme. Senti vergonha ao lembrar que eu achara que havia lido com entoação no refeitório.
Tentei evitar aquela expressão de choque pós traumático que sempre tomava conta do meu rosto quando eu olhava tempo demais para ele. Derrotada, tentei não sentir exatamente o que eu sabia que era impossível deixar de sentir, enquanto ele pronunciava cada palavra com perfeição.
Durante sua leitura encantadora, houve apenas um único momento em que a voz de Robert vacilou, era o penúltimo parágrafo da carta do dia quinze de maio:
- "Sei muito bem quê o somos nem poderemos ser todos iguais." - senti seu compasso perfeito perder-se por um segundo quando ele leu esta frase. Seu rosto expressou algum tipo de dor, como se ele compartilhasse das verdades ocultas por trás das palavras do autor.
Mas, na verdade, não foi esse o momento mais atordoante, para mim, de sua leitura
impecável. O início da carta do dia dezesseis de junho no qual Werther falava de sua amada Charlotte para Wilhelm foi quase que surreal.
"- Devias ter adivinhado que estou bem e que conheci alguém que tocou mais de perto meu
coração... uma das mais encantadoras criaturas que possas imaginar. Um anjo! ... sou incapaz de dizer-te o quanto ela é perfeita, nem porque é perfeita, basta apenas isto: ela tomou conta de todo o meu ser."
Eu não sabia o que pensar, não conseguia raciocinar de forma clara.
Ah, seus olhos estavam cravados nos meus enquanto ele dizia cada palavras. Ele não as lia, as declamava, como um texto ensaiado, decorado... lido um milhão de vezes. Eu devia estar mesmo ficando louca.
Afinal, em que mundo Robert Castro leria aquelas palavras para mim, com tanto fervor e paixão?
Passamos a tarde toda nos revezando na leitura e vez ou outra parávamos para rir ou comentar alguma passagem. Vez ou outra eu também voltava os olhos discretamente para o estranho casal, que continuava lá, a alguns metros de nós. Eu podia sentir que, de minuto a minuto, eles paravam de sorrir e de conversar, paravam até mesmo de se mover, e ficavam a nos observar. Mas toda vez que eu os olhava, eles pareciam mais interessados um no outro do que em nós.
Será que era só um exagero meu? Como saber? E por que me importar?
Foi uma tarde incrível que acabou cedo demais.
- Podemos terminar de ler neste sábado. O que acha? - disse Robert quando parou o jipe na frente do meu prédio. Tínhamos lido bastante aquela tarde, faltavam poucas páginas para o final.
- Claro! - concordei, recriminando-me pelo excesso de empolgação.
- Posso te pegar às oito, então?
- Às oito? Perfeito!

Olá, pessoal, gostaria de me desculpar pela confusão kkkk
Não sei o que houve, mas o finalzinho do capítulo "Os Sofrimentos do Jovem Werther, II parte, não foi publicado, e só percebi isso hoje kkkk lerda mesmo, eu sei!
Bom, mas aí está o final do cap.
Para que não haja confusões no entendimento da narrativa!
Bjs bjs!

IntrínsecoWhere stories live. Discover now