— Josh? — Ele pareceu tão surpreso em me ouvir quanto eu estava por ter ligado — É você?

— Preciso falar com alguém... Tudo bem se for você?

Josh... — Ele grunhiu alguma coisa — Caralho, Josh! São 4 da manhã! Ficou maluco?

— Possivelmente. — Disse. — Talvez você possa me ajudar e me dar uma porrada na cabeça.

— Eu vou chutar a sua bunda por me ligar a essa hora!

— Você acorda as cinco de qualquer jeito...

Pois eu gosto dessa hora de sono na qual você está me privando agora. Adeus.

— Não! Espera! — elevei a voz com medo de gritar e acordar alguém da casa. — Por favor, cara.

 Ele gemeu longa e sonolentamente, ou talvez apenas bocejou.

—  O que você quer falar?

— Alison... — Devon ficou em silêncio por alguns segundos e eu sabia que ele estava se reprimindo para não dizer "de novo?" ou "ai, o que é dessa vez?" e se eu não estivesse tão perturbado eu teria rido da situação.

Pois então? — Eu estava prendendo a respiração sem perceber, achei que ele fosse desligar na minha cara, mas eu sabia que tinha um bom amigo para contar. Então senti o ar escapando dos meus pulmões bem devagar.

— Não sei o que fazer com ela... De verdade, me sinto numa maldita encruzilhada de merda e amarrado a correntes. E não dou um passo a nenhum lugar com Alison, quero dizer, quero aquela mulher na minha cama para ontem, mas sempre tem algo que nos impede e, porra, meu próprio corpo se rebela contra mim!

As palavras somente saíram. Embaralhadas, meio tortas talvez, mas tentei falar o mais claramente que eu conseguia. 

—  Josh... já disseram que você é muito babaca? — Ele perguntou de repente e eu achei que Devon não havia me entendido.

— O que?

Você é um babaca, Josh, um otário. Ponto. — Não era possível ele estar tão calmo ao me xingar, eu piscava repetidamente encarando as cortinas e o céu noturno lá fora. Talvez fosse o sono ou ele queria vingança por estar acordado mais cedo que o previsto.

— Você está começando a me ofender, cara... 

—  É a verdade, você deve conviver com ela. E eu, como seu amigo, devo ser capaz de te fazer encarar os fatos. — Ótimo, agora ele queria me escarnecer. Maravilha. — O que eu falei com você semanas atrás? Que um dia você iria se ferrar com essa sua mania de pagar de garanhão. Você não é o Eric, você não tem que fazer nada sobre ela. E que porcaria é essa de "fazer algo sobre ela"? 

— Argh! Eu não sei! — Explodi meu temperamento em voz baixa temendo ter acordado alguém — O problema é que fica difícil de me controlar quando eu estou tão excitado que posso martelar um prego com o meu pau!

—  O seu pau não é problema meu. 

— Porra, Devon! Estou tentando conversar aqui. 

— Olha o linguajar. — Ele avisou, me repreendendo paternalmente.

— Foda-se, cara.

Devon era meio puritano no que se dizia a respeito de palavrões, ele não gostava de ouvi-los nem de repeti-los, acho que por ser o único filho no meio de quatro irmãs, duas mais novas e duas mais velhas, e sua mãe era um pouco antiquada na linguagem o que era bem engraçado quando íamos conversar. Ela usava aquelas palavras que ninguém usava no vocabulário diário com tanta propriedade que era natural imaginá-la dizendo coisas como "obtuso" ao invés de imbecil "mixórdia" ao invés de bagunça ou "esfuziante" ao invés de feliz.

Juventude à flor da peleWhere stories live. Discover now