— Pai, — comecei me sentando no sofá da sala de visitas, o couro era macio debaixo de mim e o assento me acolhia confortavelmente assim como o designer havia prometido que faria — não estamos namorando. Só vamos sair um pouco... Nos divertir juntos.

— Sei de que tipo de diversão você fala: festa, sexo e álcool. — Ele deu um grande gole na cerveja — Eu já tive a sua idade. 

— Não importa. — Tentei desconversar, não queria ter que ficar explicando pro meu pai o motivo de eu beijar a Alison, já que era óbvio que alguém que tivesse a boca como a dela merecesse ser beijada.

— É claro que importa, Joshua! — Insistiu — O que você faz reflete diretamente sobre mim e nossa família, e envolver a filha do meu chefe nas suas aventuras não é um jeito eficiente de garantir que ninguém vai sair ferido de tudo isso.

— Isso não vai acontecer, porque não estamos namorando e eu não faria isso.

— Eu prezo pela minha reputação naquela empresa. — Ele continuou sem me dar atenção — Ser o diretor de segurança é bem lucrativo pra todos nós e eu gostaria de subir de cargo, talvez diretor majoritário de segurança. Eu te conheço o suficiente pra saber o Casanova que você é. Gosta de trocar de namorada como quem troca de roupa. Eu já tive a sua idade e já fui como você, mas Alison Heart é a joia preciosa de Gideon. Se por acaso for flagrada, fotografada ou filmada em alguma farra com alguém diretamente ligado à H-Tech, pode acarretar em fofoca, falatórios e rumores. E eu não gosto de nenhum desses três... — por pior que pudesse parecer, era mais um aviso que um sermão — Entendeu?

— Sim, senhor — eu acenei seriamente e vi como ele voltava os olhos para a TV e novamente dava uma golada na garrafa verde de Stella Artois. — Nada de fotos.

Me sentei na outra extremidade do sofá e assistimos um pouco da partida por um tempo. Os Angels venciam por dois pontos. Sendo alguém que morava a vida inteira em um bairro chique, eu estava habituado a ter alguém tirando uma fotografia enquanto eu caminhava pela rua com o cachorro ou se estava com meus amigos em uma noitada, os paparazzis eram o tipo de gente com quem eu devia me habituar (não necessariamente ser simpático à eles) e as vezes era preciso desmentir uns artigos de revistas de fofoca.

— Ela é bonita? — ele perguntou, indulgente. Sorri.

— Por que quer saber?

— E por quê não saber? 

— Linda. — Ele ergueu uma sobrancelha e me esticou a própria garrafa de cerveja permitindo que eu bebesse um gole.

— Linda quanto? — ele pareceu mais interessado. Eu sorri.

— Como... — Suspirei girando a garrafa nos dedos — Um anjo... Com algo mais escuro pra apimentar. — Era na verdade uma mistura perdida entre a pureza e o pecado. Luxúria escura, doce e quente, suave como cetim e seda. Que eu queria tocar, lamber, afagar e enlouquecer. 

Mas de disso tudo eu só me dou conta agora, tanto tampo depois, na época eu só queria sexo e prazer físico.

Ele fez uma careta de apreciação e acenou afirmativamente. Éramos homens e tal qual, gostávamos de falar sobre mulheres bonitas. Embora só falássemos das minhas mulheres e nunca das dele.

A festa do Jackson foi, sem nenhuma dúvida, animada. Ao que parecia, foram os convidados, e os convidados dos convidados dos convidados. Tinha gente o bastante para se andar de lado em muitos corredores. Como esqueci de realmente comprar uma fantasia decente, eu havia improvisado pondo uma calça jeans e uma camisa de flanela, comprei naquela manhã um chapéu preto, um colete de couro, um par de botas e um cinto com uma pistola de água, e quando me olhei no espelho, estava o suficiente parecido com um cowboy para enganar o pessoal.

Juventude à flor da peleOnde as histórias ganham vida. Descobre agora