Capítulo 5 - Primeira festa, primeiro erro

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— Está tudo bem? – perguntou atencioso.

— Está – respondi automática, talvez até seca. Só que, cara, desde o momento em que cheguei naquela maldita festa, a maioria do sexo masculino se achava no direito de flertar comigo, ou ser um completo estúpido, então eu merecia um desconto por tê-lo tratado mal. — Só me perdi dos meus amigos.

— Com quem você veio? Talvez eu possa ajudá-la.

— Você por acaso não conheceria Oliver, Gregory ou Juliette, conheceria? – brinquei.

— Está brincando? Eles são meus amigos também! – exclamou, deixando-me chocada com o Universo e o quanto ele era minúsculo. — Vem, vamos achá-los.

Ele foi nos guiando em meio aquela massa jovem cheia de hormônios e álcool para dar, até que chegamos a uma área mais afastada do centro da festa e lá os encontramos. Juliette estava descabelada, borrada e soluçando entre os braços de Gregory. Assim que nos viu, pulou no pescoço do garoto que, grosseiramente falando, tinha me salvado.

— Valentim! – Greg exclamou, de modo que fiquei sabendo seu nome. — Você salvou nossas vidas, estávamos só esperando Brise para cair fora!

— Por quê? Foram expulsos também? – perguntei curiosa.

— O quê? Não! Nada disso – Oliver virou-se para mim, surpreso. — Espera, você foi expulsa? – dei de ombros. — Por que demorou tanto? — perguntou para Valentim.

— Tentei convencer Apolo a vir, mas ele estava ocupado estudando. As aulas nem começaram e meu irmão já está enfiado nos livros – revirou os olhos.

— Podemos dar o fora daqui antes que eu quebre a cara de Phillip? – Gregory rosnou.

Ao ouvir o nome do namorado, Juliette, que até então estava mais calma, começou a chorar soluçando de novo.

— Cacete, Gregory! – Oliver gritou com o amigo, que soltou desculpas e foi abraçar Julie.

Valentim e eu olhávamos confusos para a cena, até que nossa amiga respirou fundo e nos explicou o que estava acontecendo.

— Phillip terminou comigo – fungou. — Na verdade, ele me traiu na cara dura e depois terminou comigo.

Fomos para o carro sem olhar para trás. O silêncio que se instalou sobre nós começou a me incomodar, e nesse instante, como se lesse minha mente, Juliette disse:

— Greg, são quantas horas?

— Quase quatro horas da manhã, gatinha – respondeu carinhoso.

— Podemos passar no Burger King?

— Claro, Julie.

— No Burger King? Às quatro da manhã? – perguntei, franzindo o cenho. Eu nem sabia que lanchonetes ficavam abertas até tão tarde.

— Sempre é uma boa hora para ir ao Burguer King! – todos gritaram em resposta, caindo na gargalhada logo depois.

Paramos no fast food e Oliver foi até lá junto com Valentim e nossos pedidos anotados. No carro, Greg tentava animar Juliette com piadas e jogos de advinha, o que estava começando a dar resultados. Meia hora depois, os meninos retornaram com nossos lanches, mas antes de os devorarmos ali mesmo, perguntei se não podíamos comer na praia e assistir o nascer do sol. Todos concordaram e não demorou muito para que nós nos encontrássemos em uma praia deserta devido ao horário. Greg tirou uma esteira de palha do porta malas e a jogou na areia para sentarmos.

Ali, naquela praia parcialmente clara, conversamos e comemos nossos Burger Kings em meio a risadas e guerras de batata frita. Lá pelas cinco da manhã, os primeiros raios de sol começaram a surgir e minha mente, que normalmente nunca parava quieta, ficou muda apreciando o momento. A minha experiência com praias era resumida a uma vez que fiquei hospedada em um hotel de frente para o mar em Sydney, quando fui competir na Austrália. Devido ao curto tempo que tive, só pude apreciar a paisagem pelas janelas de vidro, decepcionada. Entretanto, a espera valeu a pena, já que a sensação de afundar meus pés na areia e sentir o vento salgado bater em minha face era algo que meu cérebro não tinha nem com o que descrever. Bem como o alaranjado do céu, que aos poucos foi ficando com alguns tons de lilás até atingir finalmente o azul.

Por trás do gelo [Em revisão]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt