Minha Perdição

Capítulo 20

Oliver

Onde meu juízo está indo parar?

Minha convivência com Gianne tem me feito tomar atitudes e dizer coisas que talvez apenas em um estado de embriaguez eu o fizesse.

Talvez...

Revivo cada uma delas na manhã tranquila que estou tendo. O que só reforça o ditado que diz que mente vazia é oficina do diabo.

Mas como tudo que é bom dura pouco, e em se tratando da italiana, sossego não é mais uma palavra no meu vocabulário. Meu celular toca no bolso da minha calça exatamente duas horas depois de ter chegado ao departamento.

Atendo apressado e em estado de alerta ao ver o nome de um dos meus homens de plantão na porta da minha casa, preocupado que algo possa ter acontecido com ela em casa sozinha.

- Harding.

- Capitão, ligando para informar que o oficial Fuller está prestes a deixar sua casa com sua noiva.

Fecho os olhos com força.

- Me diga que o abordaram para saber o motivo de sair com ela.

- Ahn, não senhor. Pensamos que não haveria problema já que ele é seu melhor amigo. - Respiro fundo para não descontar minha raiva neles.

Idiotas.

- Da próxima vez, me comuniquem, por favor, quando alguém chegar na minha casa, não quando estiver saindo.

- Desculpe, senhor. Vamos avisá-lo.

- Obrigado.

Minha raiva aumenta ainda mais ao vê-la dando tchau para a câmera de segurança e ao ligar para Alex, não ser atendido, muito menos por minha querida noiva.

Decido conter meu temperamento, dar um tempo a eles. Confio que estará em segurança com Alex. Se não conseguir falar com ele dentro das próximas quatro horas, vou atrás.

Abro os últimos arquivos adicionados à minha investigação. Falta uma conexão aqui. Uma peça. Uma última peça nesse quebra cabeça.

Não se trata apenas de crianças sequestradas, traficadas e vendidas. Tem algo maior por trás disso. Sinto que estou tão perto...

Assim que concluir essa investigação, poderei retomar meu foco 100% na morte dos meus pais. Não vejo a hora de colocar minhas mãos em que os tirou de mim.

O que vai fazer, Oliver?

Vai prender quem mandou matar seus pais?

Ou vai tirar a vida de quem tirou a deles?

Esse é o grande dilema da minha vida. A honestidade me diz que preciso levar à justiça. Meu subconsciente me diz que preciso mandar, quem quer que seja, para o inferno, onde muitas vezes tenho estado desde que perdi meus pais.

Levanto a cabeça do computador ao ouvir a porta da minha sala sendo aberta.

- Onde ela está? - Aguardo meu amigo entrar, duas horas depois da ligação que recebi.

- Fomos num bar e acabei de deixá-la no shopping.

- Sabe os riscos que ela tá correndo e ainda assim a tira de casa? E sem me comunicar?

- Relaxa aí, cara. - Alex se joga na cadeira de frente para a minha. Deve ter chegado a uns quinze minutos, se deu tempo de tomar banho e vestir sua farda. - Gigi tá com a tia, provavelmente cercada de um monte de seguranças.