Capítulo 6

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Oliver

O tempo é meu maior inimigo.

Quando preciso me manter distante para esfriar a cabeça, ele passa rápido.

Quando estou ansioso para resolver minhas questões mais urgentes, ele é tão lento que me sinto há dias à deriva no meio do oceano remando sem saber para onde ir.

Antes que tenha me recuperado da minha última problemática interação com a italiana, a semana passa como um borrão, e cá estou eu, aguardando do lado de fora da porta do seu quarto para irmos jantar na casa dos meus tios.

Fiz de tudo para tentar me esquivar do convite. Inventei que tinha muito trabalho acumulado, joguei a culpa pra cima do mais novo trabalho dela que estaria ocupando muito do seu tempo, mas nada funcionou.

Tia Ottavia foi categórica ao ralhar comigo, a ponto de me deixar envergonhado por sequer sugerir não ir até eles essa noite.

Queria mesmo era evitar ter que envolvê-los na situação em que me encontro. Contudo, creio que não vou conseguir separar as coisas.

Bato na porta duas vezes depois de quinze minutos de espera. Estou começando a ficar impaciente.

- Srta. Hale, estamos atrasados! - Falo alto para que possa me ouvir.

- Sua tia falou dezenove horas. Ainda são dezoito e vinte, oficial! - Ela, por outro lado, grita de dentro do quarto.

- Até chegarmos lá, estaremos atrasa... - Fecho a boca assim que a porta se abre em um rompante, e paraliso com as mãos dentro dos bolsos da calça.

Meus olhos percorrem rapidamente uma, duas, três, quatro vezes seu corpo sem acreditar no que estão vendo.

- Que foi? - A loira olha para baixo, franzindo a testa com meu escrutínio.

- Tá indo pra igreja? - Examino sua roupa mais uma vez. - Nunca te vi vestindo algo tão comportado. - Ela ergue as sobrancelhas diante das minha palavras.

Não tive a intenção de ser debochado, por ela estar de calça social apertada e blusa de magas, detalhe: sem decote, porém, a forma como fiz a pergunta, soou exatamente como se estivesse zombando.

Por isso, cada dia mais, acredito que preciso me manter o mais calado possível perto dela, como fazia antes. O problema é que ultimamente, minha língua está sendo mais rápida que meu bom senso.

A loira me encara por quatro segundos e abre a boca, fecha, respira fundo como se estivesse revendo suas palavras, só então me responde.

- Queria que eu escandalizasse sua família? - Seu revirar de olhos me dá vontade de rir.

Deus... essa mulher...

- Não. De jeito nenhum. - Digo devagar. - Apenas... - Engasgo antes de completar a frase. - Você está bonita.

- Eu sou bonita. - Sorri piscando.

- E modesta também. - É minha vez de revirar os olhos.

- Melhor nós irmos, já que não queremos chegar atrasados. - Afirma me dando um leve tapinha no rosto ao se aproximar para passar por mim.

- Sim. Antes... - Exalo profundamente.

Balanço a cabeça para espantar os pensamentos sobre o que esperar de nós dois como casal essa noite e a sigo pelo corredor.

Sou obrigado a colocar a mão em sua lombar para descermos a escada, visto que, tio Ben e tia Vic estão conversando ao pé dela.

- Querida, você está... doente? - Abro um pequeno sorriso, porque sua tia acaba de fazer o mesmo que eu minutos atrás.

Minha Perdição Where stories live. Discover now