Capítulo 19

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Gianne

Está brincando com fogo.

Se ele soubesse que em chamas é exatamente como me deixa...

Nem sei porque o provoco se no fim das contas o tiro sai pela culatra...

Passei pelo menos uma hora acordada, apenas deitada na cama do quarto de hóspedes olhando para o teto claro no meu segundo dia em sua casa.

Estar tão próxima dele me trouxe mais uma vez uma confusão de sentimentos, de pensamentos. Principalmente depois do que aconteceu no domingo.

Repasso em minha cabeça como me defendeu do meu pai. Ninguém nunca tinha feito isso. Não daquele jeito. Não com tanta ferocidade.

Terá que me matar para impedir que eu me case com sua filha...

Ele também conseguiu tirar Giovanni do sério.  Jamais o vi tão furioso, e nem quero imaginar as consequências desse episódio.

Esse lado do oficial, debochado, sarcástico e preocupado comigo, ainda é totalmente desconhecido para mim e vem me surpreendendo a cada dia.

A dúvida sobre sua sexualidade ronda minha cabeça o tempo todo, mesmo depois dos meus amigos dizerem que ele é apenas reservado.

O fato de não aceitar minhas investidas me faz pensar que é gay. A forma como me beijou na festa na semana passada e como falou comigo na cozinha no dia anterior, me faz acreditar que não.

Essa confusão toda é uma merda.

Isso que me irrita nele. Nunca saber o que está pensando. Ser o tipo de pessoa que não dá nem mesmo para fazer uma leitura da linguagem corporal.

Treinamento policial?

Pode ser...

Minha barriga ronca alto, motivo suficiente para eu sair da cama tão cedo. Ronca mais ainda quando sinto o cheiro delicioso que vem da cozinha antes mesmo de descer o primeiro degrau das escadas.

Na primeira vez que estive em sua casa fui pega de surpresa. Pensei que morasse em um apartamento pequeno por ser sozinho, não em uma casa um pouco afastada da bagunça do centro da cidade, mas não menos sofisticada e aconchegante.

- Bom dia. - Cumprimenta.

Encaro suas costas musculosas sob a camisa cinza e a calça preta que se agarra a todos lugares que o favorecem.

- Bom dia. - Respondo de testa franzida por ele ainda estar atento ao que faz. - Como sabia que eu estava aqui se está olhando pra panela? - Sento no banco alto da ilha.

- Seu cheiro chegou antes que eu percebesse sua presença.

- Isso tem a ver com algum treinamento policial? - Fico curiosa.

- Ficaria horrorizada se soubesse como é todo o treinamento. - Um pequeno sorriso aparece em seu rosto ao despejar o conteúdo da panela em dois pratos. - Dormiu bem?

Observo os músculos dos seus braços quando espalma as mãos grandes na pedra da ilha, logo depois que coloca a frigideira de volta no cooktop.

- Teria dormido melhor se estivesse de conchinha comigo. - Pisco.

- Está muito cedo para suas piadinhas. - Abro um sorriso ao vê-lo revirar os olhos. - Tome seu café.

- Sem graça. - Encaro meu prato. - Acho que assim ficarei muito mal acostumada, oficial. - Começo a comer devagar me deliciando com o gosto do bacon.

É impossível não soltar um pequeno gemido de satisfação. Quando Gracie me disse que cozinhava bem, imaginei que fosse relativamente bem, no estilo, não tendo algo melhor... serve.

Minha Perdição Where stories live. Discover now