Capítulo 10

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Oliver

Trabalhar me deixa cansado.

Rotina me deixa cansado.

Agora...

A Srta. Gianne Hale, me deixa estressado.

Estressado a ponto do meu sangue ferver de raiva.

Sabia que a ideia de levá-la para dormir na minha casa seria no mínimo ruim. Foi pior. Primeiro, porque ter que deixá-la sozinha no meu espaço pessoal, me levou a um outro patamar de pensamentos conflituosos.

Segundo, porque o que aconteceu na saída do bar, só redobrou minha atenção sobre ela, aumentando a preocupação que tenho. Me fez ter medo. Medo de um dia não estar ao seu lado para salvá-la.

Tudo que pedi enquanto estivesse na minha casa, foi que não entrasse no meu quarto, mas como a boa teimosa que é, fez exatamente o contrário.

Até aí tudo bem, contudo, quando penso que a italiana não pode me tirar mais do sério, ela só me prova o quanto estou errado.

O que mais me irritou, nem foi ter entrado no quarto, e sim, o fato de ter aceitado o convite que eu já estava pronto para recusar.

Ia inventar qualquer desculpa relacionado ao meu trabalho para não ter que estar presente nesse casamento. Jamais tive pretensão de ir.

Tenho certeza que o intuito da minha ex é apenas poder esfregar na minha cara que construirá uma família feliz com outro, a mesma que sempre quis constituir com ela.

Sophia conhece meus sonhos. Durante dois anos, foi com ela que dividi meus desejos mais íntimos de me casar e ter filhos logo que me formasse na polícia.

Sei que era um sonho dela também, foi uma das coisas que mais nos conectou e nos levou a nos comprometermos um com o outro e fazermos votos de sermos únicos um para o outro.

Mas as coisas mudaram quando perdi meus pais. Passei a me dedicar muito mais à minha carreira, colocando esse sonho mútuo em segundo plano.

O excesso de trabalho me levou a uma ausência contínua que castigou nosso relacionamento, mudou sua forma de pensar sobre nós, sobre nossas escolhas.

Essa mudança ficou clara para mim dois meses depois que meus pais faleceram.  Ao chegar exausto de um treinamento que havia durado a semana toda, e a encontrar no meu quarto na casa dos meus tios, onde tinha passado a morar.

Tia Ottavia e tio Carlo não queriam que eu procurasse um lugar para ficar. Sabiam que se estivesse sozinho, me afundaria no luto. Então, mesmo relutante, aceitei, poupando esforços desnecessários.

Naquela tarde, encontrei Sophia sentada, me esperando em minha cama. Parecia agitada, talvez até um pouco nervosa.

- Sophia? Aconteceu alguma coisa?

Vê-la ali sem aviso prévio e com aquele semblante, tinha me deixado preocupado.

- Não. Só... fiquei com muita saudade. Nick me deixou entrar e te esperar. Fiz mal?

- Claro que não, minha linda.

Lembro de ter entrado mais no quarto com um sorriso no rosto para tranquilizá-la, assim como, do momento que se levantou caminhando até mim e a puxei para meus braços.

- Só vou tomar um banho e podemos sair, comer algo, fazer o que você quiser.

- Apenas me beije.

Como o tolo apaixonado que era, obedeci sem demora, levando minha boca até a sua.

A cena se desenrola nitidamente em minha cabeça como se estivesse acontecendo nesse exato momento.

Minha Perdição Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora