Capítulo 1

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Oliver Harding

17 e... contando.

Esse é o número de pessoas que já tirei a vida depois que entrei para à polícia.

Número de pessoas que estavam do lado errado da lei e cometeram atos que me obrigaram a agir em legítima defesa ou em defesa de outros.

Elliot Grayson foi um deles. Quem conhece minha história sabe o que sua loucura custou aos meus amigos, às pessoas que já amo como se sempre tivessem feito parte da minha vida.

Dezessete parece pouco. Mas não é. Não para os meus pesadelos enquanto encaro os olhos dessas pessoas antes de se fecharem pela última vez.

Ser responsável por colocar fim à existência de alguém é uma parte do meu trabalho do qual não me orgulho. Nunca irei me orgulhar. Não foi para isto que entrei para a corporação.

Suspeito que a falta de atualização desses números se deva ao fato de ter me tornado capitão e passado a fazer coisas mais... internas.

Ainda me envolvo nas operações e interrogatórios, já que, não consigo ficar parado, atrás de uma mesa e de frente para um computador por muito tempo, deixando toda a ação para os outros.

Sempre gostei da adrenalina de estar nas ruas combatendo o crime, contudo, meu foco hoje em dia está mais voltado às grandes investigações.

Não era para eu estar em um cargo alto sendo tão novo. Aos 20 anos, recebi algo que muitos desejavam. No meu caso, só foi possível depois de evitar que a filha de um senador do alto escalão fosse sequestrada.

A garota tinha saído de casa escondido, ido parar em uma festa de fraternidade nos arredores da universidade. Eu fazia a ronda pelo local quando ela foi abordada por um carro preto, jogada dentro dele e levada.

Eu os segui sem pensar duas vezes, evitando que o pior acontecesse. Porém, jamais poderia imaginar se tratar de alguém importante como a filha de um senador. Só descobri no dia seguinte quando o pai da garota esteve pessoalmente no departamento.

Não há honra em ter aceitado o cargo de capitão sabendo que só fui promovido porque um político mexeu seus pauzinhos. Impedir um sequestro não era motivo suficiente para receber uma promoção tão alta.

Exatamente por isso, até hoje, finjo não saber que dentro do departamento muitos me odeiam e se ressentem. Não me importo. Deixo que falem, não muda nada na minha vida.

Sem esperar, recebi a oportunidade de investigar por conta própria a morte dos meus pais mais a fundo. Único motivo pelo qual aceitei subir de cargo.

Não perderia a chance sabendo que na maioria das vezes a justiça é lenta demais para punir os culpados. Não podia me dar ao luxo de me sentir ofendido.

Nas vezes que pensei não merecê-lo, meu subconsciente trazia vividamente as lembranças das informações vagas que recebi sobre o 'incidente'.

Mesmo agora, tudo que descobri é que o fogo que devorou minha casa com meus pais dentro foi proposital. Fizeram parecer que uma vela caiu na cortina e o fogo se alastrou enquanto dormiam.

Já se passaram anos e ainda não sei a verdade. Ainda não consigo entender porque alguém desejaria machucar um médico cirurgião de um pequeno hospital no interior do estado, e sua esposa, uma simples dona de casa.

Papai foi um grande médico. Ele queria que eu seguisse seus passos, mas não consegui me apaixonar pela medicina. Não me via enfiado em um consultório examinando pessoas e realizando cirurgias.

Quanto à minha mãe, ela era a mulher mais doce do mundo. Gentil, amorosa, dedicada, religiosa. E por incrível que pareça, não foi dela que herdei minha timidez.

Minha Perdição Where stories live. Discover now