Alison não me respondeu, se limitando a lamber o lábio inferior nervosamente e a cruzar os braços.

— Cup Cake! — Mad chamou com um assovio — Vem, rapaz.

O cachorro se aproximou, com um sorriso alegre e a cauda balançando. Cup Cake era forte, como todo Pitbull deve ser, tinha uma boca larga que sempre estava alegre e olhos azuis, trotava ao nosso redor sempre na esperança de ganhar comida ou um afago atrás da orelha, seu pelo marrom brilhante sempre chamou a atenção nos concursos e ele, inclusive, havia ganho o primeiro lugar de melhor filhote anos atrás. Agora ele já não concorria mais, mas deu lugar aos seus filhotes que havia padreado dezoito meses atrás, e no entanto ainda tinha a mesma beleza e alegria de sempre, sendo exibida por esse balançar incessante da cauda, de orelhas em pé, dobradas para frente na metade, ofegando e com a língua pra fora ou lambendo o nariz vermelho. Ao ouvir o comando "senta" ele prontamente obedeceu e Mad pôs o gancho da trela na coleira.

Fomos caminhando até a sorveteria. Mad carregando o bebê Tommy e eu segurando a correia do cachorro, Alison estava de braços cruzados observando o filho fixamente.

— Por que acha que eu agia como um babaca? — perguntei no meio do caminho.

— Oh, eu não acho, — Ela disse — você estava agindo como um babaca... — Tive vontade de sacudi-la pelos ombros por essa resposta mordaz.

— E você conhece babacas de longe? — Eu perguntei deixando um pouco de zombaria fluir pela minha voz, ela me lançou um olhar de esguelha — É por convívio ou por prática? — Não podia resistir em responder o insulto a altura.

Ela soprou e relaxou os ombros, depois disfarçou uma risada com uma sacudida de cabeça.

— Conheço o seu tipo, Joshua. — disse despreocupada tirando uma mecha de cabelo que caía nos olhos e a pondo atrás da orelha — Você dava todos os sinais.

— Eu dava sinais? — Quase dei uma risada cáustica, mas mantive o assunto. Era a primeira vez que podíamos ter uma conversa civilizada em dias — Que sinais?

— Sinais de intenção. — Ela sacudiu um ombro displicentemente — Assim como ainda dá.

— Estou dando sinais agora?

— Você parece um farol. — Alison girou os olhos desdenhosamente.

Sopesei a informação tentando decifrar a mulher caminhando ao meu lado, então ela era um cão farejador de intenções?

Olhei pro Tommy no colo da minha irmã a nossa frente, chupando o polegar e rindo comodamente para a mãe, ele podia ter algo a ver com isso? Ela não parecia ter um compromisso com alguém e ninguém mencionou o pai do garoto até o momento. Imaginei se Alison tinha algo mais obscuro em sua vida antes de chegar na cidade, ou se tinha algum namorado longe em outro lugar. Ela não teria me dito em nenhuma das vezes que nos falamos antes e eu duvidava que fosse me dizer agora.

— E o que você interpreta desses sinais? — perguntei.

— Que você é um predador cheio de gás e me enxerga como a coisa indefesa que você quer devorar... — Ela finalmente tirou os olhos de cima do filho, depois de lhe jogar um beijinho, e os dirigiu para mim tornando-os afiados como lâminas — Em outras palavras: você quer transar comigo.

A surpresa me envolveu outra vez, explodindo na minha cara e me deixando pasmo. A garota era direta. Objetiva. Não fez nenhum rodeio e foi direto ao assunto.

Senti vontade de rir de novo, mas me contive em um sorriso.

— E você captou isso tudo com o meu "olá"? — ironizei.

Juventude à flor da peleWhere stories live. Discover now