ESCREVENDO MEU DESTINO

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- Filha, tem certeza que sua mãe gosta desse? - pergunto a Carina na padaria do supermercado do bairro.

- Sim, pai, mamãe gosta desse recheio. - ela responde com o dedinho sobre a vitrine, apontando o pão recheado. - Podemos pedir uma torta, é o que eu gosto.

- Hoje pode. O que mais está na nossa lista?

Peguei Carina na escola e falei que tinha um surpresa, mas antes tínhamos que fazer compras. É minha primeira vez no supermercado, com ajuda de uma lista feita por Maria, a funcionária do meu duplex, com itens básicos para uma semana.

Talvez leve mais do que isso para Heloísa me perdoar, assim como aprender fazer compras.

Os gritinhos de Carina por me ter mais perto dela, mostrou que estou na direção certa. É o que posso fazer no momento. Ficar mais perto, com a finalidade de reconquistar sua mãe, sem a sombra de contrato e da dona Virgínia.

Vou morar em Santana do Livramento para ajudar no processo de me tornar o homem que ela precisa, temos mágoas, acontecimentos e muitas palavras ditas e outras tantas caladas que nos afastaram e se criou um buraco. Morar tão perto é minha estratégia para construir uma ponte novamente ao seu coração.

Antes preciso fazer mudanças em mim.

Com a promessa de Carina não sair de frente da tv, vou me revelar para sua mãe, indo ao seu apartamento.

Foi a decisão mais fácil que tomei na vida. Decidi depois de ter ido a casa da mamãe e exigir explicações do que havia feito. Essa conversa foi há mais de uma semana, porém o que ouvi ainda ecoa em meus ouvidos como um Heavy Metal.

A princípio não foi uma conversa fácil, ela fugiu para o seu quarto. Fui atrás.

- Mesmo que se tranque no banheiro, não saio enquanto não obter todas as respostas.

Contrariada, ela saiu do closet, pediu um tempo para vestir algo confortável e desceu alguns minutos depois. Sentada na sua poltrona, relatou quando soube quem era a garota que estava na minha cama.

Ouvi seu plano desde de não viajar, agenciar Fátima, o flagra no banheiro, e a frase: ela é uma diversão.

- Foi a glória, eu soube naquele momento que o meu plano daria certo.

Neste momento precisei de uma dose de whisky, se não fosse ela não teria suportado ouvir o que aconteceu no seu escritório, a demissão a chantagem e o não recebimento do dinheiro. Mais uma vez ouvi:

- Ela não recebeu o dinheiro, e não era pouco. - ela disse de uma forma tão natural, como se Heloísa agiu errado por não aceitar. - Perdeu uma chance de ficar rica.

Sentando no canto do sofá não tirava os olhos dela, que falava com arrogância típica ao se referir a Heloísa como coisa, favelada ou aproveitadora.

- Com o avanço da tecnologia é fácil simular um pagamento. - ela explicou.

Tudo era mentira, as provas, as conversas da Fátima, no entanto é verdade o que fez com a família de Heloísa. Fala como se estivesse revisando um relatório. Ela sabe tudo sobre eles.

- Machucaria minha filha? - perguntei num sussurro, prevendo a resposta. Meu estômago revira e apoio o cotovelo na perna para conter a sensação de ira e me manter sentado no sofá.

Ela não responde. Eu repito.

Ela é sua mãe! falo internamente, pois não consigo prever o que eu poderia fazer.

- Responda, machucaria minha menina? - Brado. Com força que eu mesmo me assustei.

- Não, ela é sua filha.

Amor ValiosoWhere stories live. Discover now