DE REPENTE UM BEIJO

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Meus colegas da faculdade a maioria deles trabalham, a diferença é que alguns estão em cargos de nível melhor que o meu. Muitos conseguiram estágio e eu ainda estou na batalha das promessas.

"Não falei para eles que sou auxiliar de limpeza!"

As pessoas são más, preconceituosas e impiedosas, desde a minha infância convivo com isso, não vou dar armas para colegas me diminuírem. No semestre passado, uma aluna foi massacrada por trabalhar na feira, para eles, ser sustentado pelos pais é mais digno do que ralar o dia todo, mesmo que seja limpando o chão e banheiro para os outros usarem.

Na verdade nunca tive vergonha dos meus trabalhos, nem quando entregava panfletos nas ruas de Santa Fé, não omitia este fato, porém depois de ser agredida por aquela mulher e seu filho ordinário, passei a ter vergonha de quem eu sou.

- Droga, não acredito que essa chuva não parou. - comento com uma colega, que me dá uma carona no seu guarda-chuva até a parada de ônibus.

De repente sinto meu braço ser puxado e meu corpo ser agarrado, quando ensaio um grito, uma voz conhecida ordena:

-Pode deixar que eu a levo, certo minha querida? - ele me vira para responder a garota. - Diga, meu amor, sua amiga pode achar que sou um estranho!

Ele aperta seu abraço, seu peito parece uma muralha nas minhas costas, meu corpo se contrai com a aproximação, ele envia o queixo em meu ombro e mais um aperto. Alunos se aglomeram na parada de ônibus.

- Pode ir, obrigada pela carona, depressa seu ônibus está vindo!

Ela faz um aceno rápido e corre para não perder seu transporte. Viro bruscamente para ele sem me importar com a chuva.

- O que pensa que está fazendo? Seu... seu... - ele retorna a me abrigar debaixo do guarda-chuva. - Não estou na sua empresa para me dar ordens, não faço parte de sua equipe e nunca serei seu amor, agora me deixe em paz!

- Vamos para o meu carro! - ele fala calmo e baixo, alguns alunos passam ao nosso lado. -Precisamos conversar. Seus colegas estão curiosos.

- Não me importo, e outra, não vou atrapalhar sua vida, me deixe em paz.

Ando às pressas quando vejo meu ônibus, mas ele impede, me puxando de novo para seus braços, abro a boca para protestar, ele a toma, colando seus lábios nos meus, minhas mãos em seu peito ficam sem forças para empurrá-lo. A sua em minha costas faz pressão para colar mais nele.

O mundo girou, ao sentir a corrente elétrica invadir meu corpo, mas é diferente, também sinto calor.

Meus pés obedeceram, erguendo-se e rapidamente a minha boca me trai, dando-lhe passagem para ser invadida por sua língua, seus lábios quentes, exigiam que eu não afastasse os meus, desejei mais, ele entendeu meu apelo, sua boca move-se suave sobre a minha. O calor da sua pele na minha intensifica a vontade de aconchegar mais em seu braços.

Quando ensaio erguer os braços para seu pescoço, ouço o barulho da chuva e pisco com pingos nos meus olhos.

Afasto, mas ele não permite que eu saia dos seus braços, olhei para seus lábios, com um sorriso no canto da boca e com voz rouca mais uma vez ordena.

- Vamos para o meu carro! - Eu obedeci.

Com as pernas bambas, deixo ser levada pelos ombros, como um casal de namorados apaixonados se protegendo da chuva. Como uma completa idiota, não tive nem ação para pôr o cinto de segurança, e mais uma vez senti seu calor enquanto executava a tarefa com o seu braço tocando o meu.

Nunca havia experimentado a sensação de choque em um beijo, nem meu corpo reagiu antes a outro homem com a mesma intensidade e calor, e mesmo alguns minutos passados, ele não passava. O silêncio foi quebrado pela voz do GPS, então me dei conta para onde estava indo.

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