ENCONTROS CLANDESTINOS

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No início da tarde, de uma quinta-feira, volto para a Solis, após um almoço com diretor de uma corretora parceira, ao ver o material de limpeza ao lado da porta da minha sala, acelero os passos, deixo minha bolsa sobre a mesa, tiro o blazer, guardando no encosto da minha cadeira

- Falta muito para terminar? - pergunto ao entrar e fecho a porta, ela continua limpando o espelho, o perfume de limpeza denuncia que ela finalizou seu trabalho, mas, está alongando a minha espera.

- Não, senhor, vou sair para que possa usar o banheiro.

- Não se atreva, estamos íntimos o suficiente para usar o vaso com você presente.

- Não molhe, acabei de limpar - pisco para ela, que me aguarda apoiada na pia, já sem a máscara e sem luvas. - Lave as mãos.

Não obedeço, seguro seu rosto e a beijo, mas ela me mantém afastado com as mãos em meu peito.

- Não acredito que as férias da sua amiga termina amanhã - afago sua face com as costas da mão. - Vou te trocar por ela ou sugerir que troque de posto.

Pede para que eu fale mais baixo e sussurra:

- Não vai fazer nem uma coisa nem outra, logo não estarei aqui.

- Quanto a isso, a administração vai contratar. Isa, por favor, me deixe ajudar. Não seja teimosa!

- Afastado, estou suada e não vou mais responder sobre isso, já disse, não é não.

Impeço que abra a porta, puxando pela mão e com a outra seguro o seu queixo beijando-a.

- Não vou desistir, se aceitasse minha proposta, nem precisaria ir para o bico de sábado.

- Nada do que você falar me fará mudar de ideia. Aqui não é lugar para termos esta conversa...

- Vinícius, você está aí?

Mamãe me chama batendo na porta, faço sinal para Heloísa responder, ela se exaspera, se encolhe e põe a mão na boca.

- Filho, precisamos conversar.

Com o rosto dela entre minhas mãos, dou um selinho e peço que respire, coloco a sua máscara. Escondido atrás da porta, peço pra Heloísa responder. Sua voz sai trêmula.

- Estou limpando o banheiro, senhora.

-Com a porta fechada, as coisas dele estão aqui! [...] continue seu trabalho.

Ouço os passos da mamãe indo embora, tento abraçar Heloísa, mas ela me empurra e depois se aproxima.

- Vá atrás dela, antes que volte. - fala tão baixo que parece um lamento.

- Por que está tremendo? Ela não percebeu nada. - Mas não deixa que a toque.

- Vá embora, por favor.

- Hoje não vou te pegar na faculdade, só iremos nos ver...

- Saia, pelo amor de Deus! - pede com as mãos juntas na frente do rosto. - Eu te ligo depois, mas vá falar com sua mãe antes que ela volte.

E como eu suspeitava, dona Virgínia queria me subornar para lhe acompanhar em uma recepção, com a narrativa que preciso manter os contatos de negócios em evidências, sou o representante legal da Solis, que não adiantava nada ela ter amizade com as melhores famílias da cidade, se eu não cooperava, prometi que iria pensar.

Saio de sua sala indo para a do Tomás.

- Não vai me contar quem está pondo esse sorriso ai neste rosto bonito?

- Não, e obrigado pelo bonito. Qual próximo ponto que precisa do meu aval?

Estamos analisando gráficos de sua equipe, para um relatório final.

Amor ValiosoKde žijí příběhy. Začni objevovat