Um Bom Argumento

57 8 8
                                    

Talvez as coisas pudessem acontecer de outra maneira; isso era tudo em que eu acreditava naquela época. No entanto, vendo que eu me tornei exatamente aquela minha variante do futuro, faz-me perceber que, na verdade, o futuro é inevitável.

Ao chegarmos à ilha, a tensão no dirigível era palpável. O clima pesado impregnava o ar, e cada um de nós carregava consigo o peso das circunstâncias. Levi permanecia vigilante, Hange parecia inquieta, e os demais estavam presos em suas próprias reflexões.

— Todos fora do dirigível! — ordenou Levi com sua autoridade característica. Senti o olhar penetrante dele sobre mim, como se estivesse constantemente avaliando cada movimento.

Hange me escoltava, éramos as últimas na fila para sairmos do dirigível; Levi estava escoltando Zeke entre os primeiros. De longe, vi o corpo de Sasha ser carregado para fora do dirigível. A maioria ainda estava de luto, outros estavam com raiva de Gabi e Falco. Jean fez questão de escoltar as crianças para ter certeza de que ninguém agiria de má fé.

Enquanto Hange me guiava para fora do dirigível, pude sentir a intensidade do olhar de Levi. Era como se suas pupilas estivessem cravadas em minha pele, buscando respostas para perguntas que ainda não haviam sido formuladas.

A porta do dirigível se abriu, revelando o ambiente familiar de Paradis. Dezenas de pessoas nos esperavam do lado de fora, vozes gritavam a nosso favor. Eu podia ouvir o nome de Eren ser entoado, glorificavam aquele que, desde o princípio, foi denominado "a arma mais poderosa da humanidade".

A multidão reunida diante do dirigível expressava uma mistura de emoções, desde entusiasmo e apoio fervoroso até incerteza e desconfiança. O nome de Eren reverberava no ar como um mantra, destacando a magnitude das expectativas depositadas nele como a última esperança da humanidade. Ao mesmo tempo, o peso das circunstâncias que nos trouxeram de volta a Paradis era evidente nos olhares cautelosos e nas conversas sussurradas entre os presentes.

— Andando, barbudo! — mesmo que longe, podia ouvir a voz de Levi que rosnava furioso. Hange me conduziu através da multidão de soldados até que chegamos a Levi e Zeke. O loiro estava na passagem de saída do dirigível, mas por algum motivo, ele estava paralisado.

Ao nos aproximarmos de Levi e Zeke, percebi que a expressão de Levi estava além da raiva; havia uma mistura de perplexidade e incredulidade. Zeke, por sua vez, mantinha-se imóvel, como se algo o tivesse pegado de surpresa.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Hange, demonstrando preocupação em sua expressão.

Levi, por um instante, desviou o olhar de Zeke para encarar Hange, como se tentasse entender a situação. Suas lâminas ainda estavam firmemente empunhadas, mas ele não demonstrava a mesma prontidão para o combate como antes.

Os olhos cianos de Zeke me alcançaram, e um sorriso mínimo apareceu timidamente em seu rosto. Hange lançou um olhar inquisitivo entre mim, Levi e Zeke, buscando entender a dinâmica que se desenrolava diante de seus olhos. Levi, por sua vez, permanecia em silêncio, mas sua expressão parecia refletir uma complexa mistura de emoções.

— Majestade... — Zeke proferiu o apelido ao qual ele me denominou — peço a sua permissão para pisar em suas terras!

Os olhares dos soldados se voltaram para Zeke, e um murmúrio percorreu o ar. Parecia que as palavras do loiro despertaram a surpresa e curiosidade daqueles que nos observavam.

Hange, sempre atenta franziu a testa, claramente preocupada com as implicações desse pedido. Levi, por sua vez, permaneceu em silêncio, mas sua postura indicava que ele aguardava uma resposta de minha parte.

O encarei espantada, e pela primeira vez desde nossa briga acabei dando um sorriso sincero ao me lembrar de algo que eu disse a Zeke a quatro anos atrás. Não esperava que ele se lembraria disso.

Freedom Wings - Levi AckermanWhere stories live. Discover now