Freedom Wings - Levi Ackerman

A sombra de uma consciência culpada

Mesmo que não pudesse estar presente para cuidar delas pessoalmente, queria garantir que minhas palavras as alcançassem. O papel era a única maneira de expressar as emoções complexas que fervilhavam dentro de mim naquele momento.

Assim que tive certeza de que tudo estava em seu devido lugar, parti de volta ao centro de Liberio, onde ficaria aguardando até que a declaração de guerra fosse iniciada. O peso das minhas escolhas e a incerteza do futuro pairavam sobre mim enquanto eu me movia pelas ruas da cidade, observando as pessoas se preparando para o festival que celebrava uma trégua temporária em meio às tensões internacionais.

Diante de mim, estendia-se o campo de quarentena, destacando-se como um palco imponente entre as construções simples, uma paisagem desolada circundada por altos muros. A medida que avançava, deixava para trás os fragmentos dos meus cristais, que irradiavam uma luz etérea e estavam cuidadosamente dispostos no solo, formando uma estratégia calculada. Cada pedaço representava um elo com o poder que eu havia cultivado meticulosamente.

Cada passo que eu dava era como um eco das minhas próprias indecisões, e a confusão dentro de mim continuava a crescer. Eu sabia que a guerra se aproximava, trazendo consigo consequências imprevisíveis. Enquanto a cidade celebrava, eu permanecia à margem, presa em um turbilhão de pensamentos e emoções conflitantes.

[...]

Enquanto as sombras da noite se intensificavam, as pessoas se reuniram em frente ao palco que havia sido construído especificamente para aquele momento. Do alto das construções, avistei os Guerreiros de Marley, e entre eles, estava Zeke. Sua aparência abatida transparecia, mesmo que ele fosse um excelente mentiroso. Assisti ao momento em que Falco se aproximou de Reiner e o levou para longe, provavelmente em direção de onde Eren estava.

A atmosfera na cidade estava carregada de expectativa e tensão, como se todos soubessem que aquele era um momento crucial. As luzes do festival proporcionavam uma iluminação peculiar, criando uma atmosfera surreal diante do cenário que se desenrolava.

A multidão se aglomerava, ansiosa para testemunhar o que estava prestes a acontecer. Meu olhar, no entanto, permanecia fixo sobre os céus, buscando qualquer sinal da iminente aparição da tropa de reconhecimento.

A essa hora, o navio dos Azumabito já deve estar em alto mar. Estou em paz em relação à segurança de Aurora, o que é reconfortante. No entanto, a batalha que se instalará em Liberio já é preocupante o suficiente. Mas há algo mais que estava ocupando a primeira posição das minhas preocupações: meu reencontro com Levi e Hange. Se eles não me receberem da forma como temo que irá acontecer, então poderei contar a eles sobre a existência de Aurora. Não consigo nem mesmo imaginar qual será a reação de ambos, especialmente a do capitão...

A perspectiva de reencontrar Levi no dirigível era acompanhada pelo temor de também ter que lidar com a presença de Zeke. A nossa união não teve um encerramento definitivo, e a aliança em meu dedo servia como testemunha desse fato. O receio de confrontar Zeke, com todas as emoções não resolvidas que ainda pairavam entre nós, tornava a situação ainda mais complexa.

A visão das arquibancadas revelou a presença de figuras proeminentes do exército, da marinha e de embaixadores de outras nações. A elite social e política estava reunida, incluindo representantes de grandes jornais e líderes de poderosas corporações. Era uma congregação de influências significativas, testemunhando um evento que poderia moldar o curso da história.

A presença de tropas militares armadas sugeria que as autoridades em Liberio estavam se preparando para possíveis confrontos. Isso indicava uma suspeita ou antecipação de que Paradis poderia reagir ou retaliar de alguma forma. A revelação sobre Paradis ter saído da ilha provavelmente gerou preocupações e incertezas entre as nações presentes, o que levou a essas medidas de segurança reforçadas.