Minhas Feridas Regeneram, Mas Nunca Cicatrizam.

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Absorta em meus pensamentos, segurava minha filha adormecida nos braços quando ouvi batidas na porta. Tanto Luz quanto Zeke tinham cópias da chave, então me questionei sobre quem poderia ser. Com cautela, me ergui, tentando não acordar Rory. Ao chegar à porta, espreitei pelo olho mágico, tentando identificar o visitante. Não esperava companhia naquele momento, e a curiosidade se misturava à apreensão.

Ao abrir a porta, deparei-me com uma figura indesejada.

— Eren? O que faz aqui? — murmurei, sem conseguir ocultar a surpresa em minha voz. Eren permanecia diante de mim, seu rosto impassível. Ele parecia igual à última vez que o vi, desgrenhado, com aspecto desgastado e apoiando-se em uma muleta.

O impacto visual foi avassalador. O que teria acontecido a ele desde o nosso último encontro? Perguntas inundaram minha mente, mas sua presença ali indicava uma urgência que não podia ser ignorada.

— Posso entrar? — perguntou-me tranquilamente.

Lembrei-me instantaneamente de que Aurora estava dormindo no sofá. Fiquei em um dilema, pois não desejava que Eren descobrisse sobre ela. As circunstâncias eram complexas, e revelar a existência de Rory poderia desencadear uma série de complicações.

Engoli em seco antes de responder, escolhendo cuidadosamente minhas palavras.

— Eren, agora não é o momento adequado. Ele me encarou com uma mistura de frustração e curiosidade. — Vim até aqui para reencontrar uma velha amiga e conhecer... minha sobrinha, ao que parece. — comentou, espiando para dentro da minha casa. — E não recebo nem mesmo um "bem-vindo".

Um nó apertou-se em minha garganta diante de suas palavras. Recuei alguns passos, abrindo espaço para ele entrar.

— Zeke não está em casa — informei-lhe.

— Eu sei. Para nossa conversa, era melhor evitar a interferência do meu irmão — respondeu Eren, observando a casa com uma mistura de familiaridade e estranheza.

Com um gesto, indiquei que poderia se acomodar na sala de estar. A atmosfera estava carregada com o peso do não dito, e eu me questionava sobre como começar essa conversa tão necessária.

Fechei a porta e corri para encontrar Rory, que dormia tranquilamente. Apresentei a pequena ao nosso visitante, que apenas expressou surpresa diante da cena.

— Eren, esta é Aurora, minha filha — murmurei, enquanto ele observava a menina com olhos cheios de surpresa e, talvez, um toque de emoção. Rory, ainda sonolenta, abriu os olhos e fitou curiosamente Eren. Ele se aproximou dela com cuidado, como se temesse perturbar a serenidade da criança.

— Ela realmente não se parece com meu irmão, mas em compensação, ela me lembra muito do Capitão Levi. — Eren comentou, seus olhos fixos em Rory. Aquelas palavras não me surpreenderam, pois eu já havia considerado essa semelhança entre Rory e Levi.

A pequena piscou, meio sonolenta, e então, como se decidisse que ele não representava ameaça, sorriu de volta. Eren retribuiu o sorriso, e por um momento, o peso das revelações e conversas difíceis se dissipou diante da inocência e da nova conexão que estava se formando ali.

— Não é algo ruim. Levi é uma pessoa forte. E se a linhagem Ackerman predominar nela, não terei que me preocupar com o risco de tentarem qualquer coisa contra minha filha. Ela não serve para a família real, nem mesmo podem obrigá-la a se transformar em titã. Só vejo vantagens!

Eren e eu mantivemos a troca de palavras, uma conversa que era ao mesmo tempo tensa e carregada de curiosidade mútua. Eu não podia deixar de notar a forma como ele havia chegado àquele estado deplorável, uma imagem tão distante da pessoa que eu conhecia do passado.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora