No silêncio reconfortante do abraço, encontramos consolo mútuo. Não eram necessárias palavras elaboradas; a linguagem do toque e da presença era suficiente para transmitir a compreensão e o apoio mútuo. Enquanto me acalmava aos poucos, percebi que, mesmo diante do iminente fim do casamento de mentirinha e da sensação efêmera de família, havia um conforto genuíno na conexão que compartilhávamos naquele momento.

— Tem certeza que precisa acabar? – Senti os lábios de Zeke tocarem o topo da minha cabeça, uma sensação reconfortante que, por um momento, me fez hesitar em responder. A ternura daquele gesto parecia ecoar as palavras que ele pronunciava. – Se o que criamos aqui te faz feliz, eu não me importo de continuar a fingir, seja aqui em Liberio ou em Paradis. Depois que Eren e eu colocarmos o plano em prática, o que acha de continuarmos a viver juntos?

Levantei a cabeça, surpresa com a proposta, e encontrei o olhar de Zeke. Um sorriso envergonhado brincava em seus lábios enquanto ele tirava os óculos e esfregava os olhos antes de me encarar novamente.

A proposta pairava no ar, envolvendo-nos em uma atmosfera de possibilidades e incertezas. Seus olhos refletiam uma sinceridade que transcendia o cenário complicado que se desenrolava à nossa volta.

Por um instante, fiquei em silêncio, absorvendo a gravidade do que ele acabara de sugerir. Era uma oferta de continuidade, uma escolha que desafiava as fronteiras do que tínhamos planejado.

— Tenho pensado – ele continuou seu raciocínio ao perceber que eu me encontrava sem palavras - o poder do Fundador pode alterar qualquer coisa, então por que não acabar com a maldição dos treze anos? Eu adoraria ter uma vida longa junto da minha família!

As palavras de Zeke ecoaram no silêncio que se seguiu. A sugestão dele era como uma luz brilhante rompendo a escuridão, oferecendo uma possibilidade que nunca havia sido considerada.

— Seria possível? - Sorri com remorso. Sabendo como as coisas acabariam, não pude controlar o peso que se instalava em meus ombros. – Tenho certeza que a Rory e a Luz vão adorar a antiga casa da minha família em Sina. Quem sabe você também aprecie viver por lá, apesar das muralhas, aquele lugar sempre foi acolhedor.

— Acho que nunca me imaginei vivendo dentro das muralhas — ele comentou.

— São as terras da família real. Você tem tanto direito a viver lá quanto eu ou a rainha das muralhas — brinquei com ele, embora no fundo houvesse um certo tom de verdade.

A troca de sorrisos amenizou momentaneamente a gravidade do que discutíamos, o peso das responsabilidades que pendia sobre nós desapareceu, em quanto brincávamos com a ideia de um recomeço em Sina.

Os momentos de descontração e risos proporcionavam uma pausa nos desafios que enfrentávamos. Sob a luz suave da esperança, nossas mentes se permitiam vislumbrar um futuro diferente, um futuro onde as adversidades poderiam ser superadas. Seus sorrisos e a maneira como ele abraçava os nossos planos com entusiasmo criavam uma sensação de otimismo, mesmo que fugaz diante da realidade iminente.

Ao me aconchegar em seu peito, sentia a calidez reconfortante de seu abraço, como se aquele momento fosse um refúgio temporário dos desafios que nos aguardavam. O pulsar de nossos corações parecia ecoar em uníssono, como se estivéssemos criando uma melodia própria, um contraponto às sombras do destino.

E assim, envolvidos na promessa de um amanhã que imaginávamos juntos, afastávamos por um momento a crueza da realidade, abraçando a beleza efêmera daquela interação, onde os sorrisos eram luzes em meio à escuridão iminente.

Apesar de não demonstrar, Zeke estava exausto e acabou pegando no sono durante nossa conversa sobre planos impossíveis para o futuro. Sua respiração tranquila e o leve afrouxar do abraço revelaram o cansaço que ele tentava ocultar. De certa forma, vê-lo adormecer me deu tranquilidade, e também consegui cochilar naquela cama estreita.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora