38: eu te amo

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Harry me ignorou completamente e continuou andando, passando por mim como se eu nem existisse.

Fiquei com a boca aberta e senti Sky prender a respiração ao meu lado.

— Ei! - me ouvi dizer, sem realmente ter planejado falar alguma coisa.

Ele continuou andando, meus olhos cravados em suas costas enquanto Harry caminhava firmemente até a porta da casa.

Se instantes antes eu estava confusa, agora, eu não tinha mais dúvidas do que estava se apossando do meu sangue.

A pele pinicou, o sangue esquentou e meu peito encheu de ar quente. Eu não acreditava, eu não acreditava na audácia daquele cretino idiota. Como ele ousava?

Rangendo os dentes e em um gesto irracional, tirei uma das botas que estava usando e joguei em sua direção.

— Eu disse EI!

A bota bateu nas costas dele e foi pro chão, nem de perto tão forte quanto eu gostaria.

Patético? Sim. Mas tudo naquela situação era patético, eu não consiga pensar.

Irritada e indignada, assisti aquele capiau idiota parar, seus ombros subindo e descendo em uma respiração profunda.

Fui até ele, à essa altura já esquecendo completamente que havia mais gente ali.

— Para com isso, ok? Para! - entrei na sua frente, procurando por seus olhos. — O que você pensa que tá fazendo?

Ele apertou os lábios e demorou a me olhar de volta, parecendo impaciente.

— O que você quer, Melissa?

Abri a boca novamente.

Ele realmente estava fazendo aquilo, estava me fazendo sentir uma louca que viveu tudo sozinha. Como ele conseguia? Como conseguia me fazer duvidar da minha própria sanidade?

— O que eu quero? - repeti, incrédula. — Por que tá fazendo isso? Por que virou outra pessoa na nossa última semana juntos? Por que tá fingindo que nada aconteceu entre a gente?

Coloquei para fora todas as dúvidas que estavam me corroendo por dentro. Por um lado, ansiosa e desesperada por respostas, mas por outro... estava aflita, com medo do que ele diria.

Harry tinha meu coração em mãos e eu estava morrendo de medo que ele o destruísse.

Ele umedesceu os lábios e negou com a cabeça, dizendo como se fosse óbvio.

— Você mesma disse. Nossa última semana. - repetiu, dando de ombros. — Acabou.

Apesar de estarmos frente a frente, Harry nunca pareceu tão distante.

Senti um frio nascer na espinha e meu tom de voz diminuiu sem que eu tentasse.

— Eu quis dizer aqui... nas férias. - expliquei, apesar de saber que ele não tinha se confundido. Ele deu o sentido que queria para a frase. Esperei que ele me desmentisse, que dissesse que tudo aquilo não passava de uma encenação idiota, que ele nunca me machucaria dessa forma, mas não disse nada. — Você vai ficar calado?

Tive pena de mim mesma por insistir, por tentar facilitar para ele, por ter um fisgo de esperança de que ele voltasse atrás e me abraçasse.

Eu queria que ele me beijasse e dissesse que faríamos aquilo funcionar, de um jeito ou de outro. Que estaria lá por mim se eu quisesse estar por ele.

Mas em vez disso o que ele disse foi:

— Eu não tenho nada para dizer. - soou impessoal.

E quando eu achei que tinha me humilhado o suficiente, eu tentei mais.

Fuck Me [HS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora