|Side-Story: Noites Gregas| [06] Aqui é caos, eu nunca quis paz.

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[SEXTA NOITE]

[5 meses depois, Nova Iorque]

— Tem certeza de que não quer vir comigo? — perguntou Ed, passando o último pano no balcão.

— Tenho sim — murmurei, ajeitando as garrafas de Vodka nas prateleiras, tirando-as uma por uma das caixas que haviam acabado de chegar. — Pode ir, eu fecho o bar daqui a pouco.

— Tem certeza? — Ed torceu o lábio, dobrando o pano sobre a pia.

Balancei a cabeça em concordância.

— Até amanhã, chefe — disse ele, acenando em despedida.

Sorri para ele, fechando a caixa vazia de bebidas.

Ed era o meu empregado mais velho, um senhor de sessenta anos com um dom fascinante para a confecção de bebidas e drinks diversos. Ele foi a primeira pessoa que contratei quando decidi comprar um bar antigo no centro de Nova Iorque e reformá-lo. Foi logo quando me separei de Margot e me mudei para a cidade em busca de novos ares e de algum empreendimento que fizesse valer cada centavo que um homem do meu passo me deu. Comprei um pequeno prédio próximo ao Central Park e, três meses depois, inaugurei um bar chamado "Adam's Apple".

Ed acenou uma última vez antes de fechar a porta de vidro da entrada e sumir pelas ruas iluminadas. Foi quando percebi que neblinava lá fora. Bufei, ainda não tinha um carro e não queria pedir um táxi naquele horário da noite. Concentrei-me em organizar todas as novas garrafas por um bom tempo, cantarolando conforme as batidas da música que soava pelas caixas de som no palco. Nos domingos, tínhamos música ao vivo.

Escutei um barulho semelhante a alguém arrastando um copo sobre uma das mesas e olhei ao redor do salão. O bar era um salão amplo dividido na área do bar, na área social cheia de mesas, na área de dança e na área do palco. As paredes ainda eram de tijolos laranjas antigos, decidi mantê-los pelo charme novaiorquino, mas boa parte das paredes foi trocada por lâminas grossas de vidro. A iluminação era difusa e, a depender da área, era de uma cor diferente. No bar, onde eu estava, a luz era tanto azul quanto vermelha, criando uma mistura roxa confortável.

Não havia ninguém nas mesas ou na pista de dança ou no palco, então voltei minha atenção para uma nova caixa de bebidas.

Até que meu celular começou a tocar no bolso.

O visor avisou que se tratava de uma ligação de Margot, com quem eu não falava há mais de cinco meses, mais especificamente desde que decidi deixar a Grécia e partir com minha tia para Nova Iorque em busca de um tratamento mais adequado. Para minha tia, o melhor tratamento NYU Langone, o melhor hospital do Estado; para Margot, apenas meu desprezo.

Nossa relação se despedaçou quando eu a contestei sobre sua mudança para Los Angeles e se ela pretendia levar a mim e nossa tia também. Pensei que sua resposta seria "sim", mas tudo o que ela disse foi "você já está velho o suficiente para morar sozinho e me deixar em paz".

Confesso que não esperava essa resposta, mas, naquele mesmo dia, no dia seguinte ao desaparecimento de Cyber, o homem do meu passado, eu mesmo decidi partir com nossa tia em busca de uma vida melhor.

Deixei Margot para trás.

Deixei meus amigos.

Deixei o Driver – apesar de que constantemente recebo mensagens do meu mais antigo cliente sobre "reviver os velhos tempos".

Deixei tudo para trás.

Não era a primeira vez que Margot me ligava, mas, dessa vez, decidi atender.

CRIMINALS #1: Doce Vingança | Jikook.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon