[05] Dannatamente Viziato

11.5K 2K 5.2K
                                    

(Trad: Maldito Mimado)

Dados de localização:

Seoul,

Gangnam, 19h21min, sábado,

Apartamento do Billy.

Dica:

Mafiosos que se prezem são silenciosos e, acima de tudo, não demonstram muitas reações que possam comprometer sua integridade ou a imagem que querem transparecer. Esse mafioso, especificamente, é um homem de poucas palavras na mesma instância em que é de muitas ações. Atrair sua atenção, ou mais do que isso, é uma tarefa árdua, mas não impossível.

Indicação de música: 

Attention, The Weeknd.

Eu estava na sacada do meu apartamento observando as luzes da cidade. Era noite. Meus antebraços estavam um sobre o outro em cima da barra do parapeito, enquanto meu torso estava inclinado para frente. A brisa daquela altura era gélida e, vez ou outra, forte demais. Naquele momento, estava suave, balançava o tecido do robe azul marinho no qual eu estava vestido. Respirei fundo, encarando, de soslaio, a carteira de cigarros que consegui arranjar durante a tarde. Ela estava ali, quietinha, mas eu sentia como se me encarasse de forma acusatória.

Aquele era um antigo vício meu, do qual havia me distanciado há alguns meses, no entanto, havia acordado ansioso naquele dia.

No início da manhã, acordei pronto para trabalhar. Eu estava ajeitando o nó da minha gravata quando recebi uma ligação de Miles, o segurança e assistente do meu pai, que foi mais ou menos assim:

Não venha para a Torre, houve um arrombamento. Estamos lidando com isso. Fique em seu apartamento e não saia em hipótese alguma.

E, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a ligação havia sido encerrada. O que me restou foi aceitar e trocar o paletó por um pijama. Aquela não era a primeira vez que tentavam invadir a Torre del Paço, muitos sabiam que meu pai guardava informações financeiras importantes nos cofres subterrâneos da torre, o que a tornava um grande alvo – e por esse motivo era tão, tão protegida.

De certa forma, eu sentia como se meu apartamento fosse uma extensão da Torre, pois, todas as vezes em que uma tentativa de invasão ocorria, bastava eu alcançar a sacada e olhar para baixo para ver as dezenas de carros dos seguranças que papai mandava para me vigiar. Meu apartamento, então, se tornava uma espécie de prisão.

Era solitário, mas não era tão ruim assim. Tornou-se menos maçante conforme os anos foram se passando e eu consegui fazer amizade com alguns dos seguranças – um deles sempre carregava uma carteira de cigarros, então nunca foi difícil para mim conseguir fumar.

Respirei fundo, ajustando os antebraços sobre o parapeito de vidro, e pensei "nossa, como fazia tempo que não tentavam invadir a Torre. Já se passaram quantos anos desde a última tentativa? Cinco?". Por isso eu estava tendo tanta dificuldade para aceitar que estava preso mais uma vez: foram cinco anos vivendo uma liberdade até que moderada. Por isso procurei o cigarro mais uma vez, por isso a maldita cartela estava me encarando tão julgadora, jogada sobre o banco acolchoado no canto da parede.

Ela ainda estava lacrada quando eu finalmente estendi a mão e a abri, puxando um entre os lábios. Acendi-o com o isqueiro que peguei emprestado de um dos seguranças que estava vigiando a porta de entrada do apartamento. A primeira tragada foi a pior, a segunda já nem tanto assim. Soltei a fumaça pelos ares, vendo-a se dissipando diante da paisagem de luzes da cidade.

CRIMINALS #1: Doce Vingança | Jikook.Where stories live. Discover now