|Side-Story: Noites Gregas| [05] Todo mundo sabe.

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[QUINTA NOITE]

— Todo mundo sabe que ele está comendo ela — disse Caliu, sentando-se ao meu lado em um dos bancos.

Estávamos em um luau na praia. A festa toda havia sido organizada por um dos amigos de Caliu que estava visitando a cidade, um homem pouco conhecido, mas que, sempre que visitava, patrocinava eventos como esse apenas por diversão. O meu bairro inteiro havia sido convidado, então eu já havia dito "boa noite" para praticamente todos os meus vizinhos. A praia estava iluminada por varais de luzes, troncos de madeira feitos de banco, geleiras carregadas de bebidas, caixas de som com uma música estrondosa e fogueiras aleatoriamente acesas pela extensão que haviam reservado para o evento.

Caliu me entregou uma bebida em um copo vermelho típico de festas adolescentes e eu o retribuí com uma careta. Aceitei o copo, porém o deixei intocado ao lado do meu banco. Eu não queria beber naquela noite.

— Não entendi — murmurei, tentando ficar a par do assunto.

Três dias atrás, recebi uma ligação do hospital. A enfermeira Marília avisou que minha tia estava enfrentando problemas respiratórios e que precisaria da minha autorização para uma nova leva de remédios – e do meu cartão. Felizmente, consegui chegar no hospital uma hora depois e, com meu novo saldo bancário, atualizei o plano do tratamento da minha tia para o mais eficaz. Mesmo assim, precisei passar três noites a fazendo companhia. Segundo Marília, ela reclamava que se sentia sozinha e tristonha. Sendo assim, dei-me folga do Driver, apesar de que estava apenas esperando o momento certo para pedir demissão, avisei à Margot que iria ficar no hospital e, bom... agora eu estava de volta.

Nesses três dias, sequer ouvi falar de Cyber.

No dia seguinte ao do nosso episódio em um dos quartos do Driver, antes da enfermeira me ligar, confesso que estava esperando uma mensagem ou até mesmo ligação, eu meio que queria que ele me contatasse para avisar quando seria o nosso próximo encontro de valor milionário, mas ele não fez nada disso. Mesmo no hospital, esperei seu contato, mas ele não me mandou mensagem nem me ligou. Não me custou a entender que talvez aquela noite tivesse bastado para ele.

De qualquer forma, o importante era que eu tinha dinheiro o suficiente para me demitir do Driver, cuidar da minha tia e me mudar de uma vez por todas dessa cidade. Talvez, assim, eu pudesse me livrar do meu passado.

Confesso que fiquei triste quando ele não me chamou. Por mais que a proposta fosse suja e contra meus princípios, passar aquela noite com ele foi... bom. Mas, no final das contas, foi apenas "febre de cliente", comum entre trabalhadores do ramo do sexo como eu. Caliu mesmo tinha conversas em que dizia se apaixonar por um cliente muito marcante e, dois dias depois, não sentir mais nada.

Acho que isso havia acontecido comigo – e, para a minha alegria, havia passado. Que bom, eu acho... estar apaixonado, mesmo que rapidamente, foi desconcertante.

Caliu olhou furtivamente para mim, parecendo estar pensando se me respondia sinceramente ou não.

— Sua irmã — disse, por fim. — Todo mundo sabe que ela está fodendo com um traficante, mafioso, sei lá — bebeu um gole da bebida. — Você não sabia?

— Eu... não — juntei minhas mãos sobre o colo. — Eu estive no hospital com minha tia e, antes mesmo de ir, ela havia me dito que eles tinham terminado.

— Não terminaram — disse Olívia, minha vizinha. — Não se transa daquela forma com um ex — tossiu. — Ontem mesmo eu escutei ela gemendo. Claro, não tenho como não escutar porque ela faz questão de transar no quintal — riu. — E pelo que eu escutei, o bandido é bom.

— Meu Deus, Olívia — Caliu tapou a boca, fingindo zelo. — Todo mundo está falando sobre ela ser uma sortuda — bufou, quase soando como se estivesse com inveja. — O cara é podre de rico e fode como um animal, pelo que escutei. Ela deve ser especial, sabe? Para atrair alguém assim...

CRIMINALS #1: Doce Vingança | Jikook.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora