|Side-Story: Noites Gregas| [03] O suficiente para mudar sua vida.

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Aviso: esse capítulo possui cenas de sexo explícita e é recomendado para maiores de 18 anos.

[TERCEIRA NOITE]

— Hoje nós temos um visitante diferente na casa — disse Caliu assim que eu saí do banheiro, já vestido na minha roupa da noite.

— Como assim? — ergui uma sobrancelha, encarando minha cueca samba-canção apertada, a única peça de roupa que eu estava vestindo.

— Dizem que é um traficante — disse Caliu, finalizando sua maquiagem exuberante. Ele havia acabado seu ato da noite e iria começar a circular pelo bordel em busca de clientes.

Agora estava ocorrendo outro ato: Steven e Urias estavam no palco performando uma apresentação em dupla erótica, provavelmente esfregando seus corpos cobertos de óleo de coco nos clientes mais próximos do palco. Em breve seria a minha vez. Meu show, por outro lado, era solo, em um pole dance, com apenas um foco de luz sobre mim. Segundo o dono do Driver, deveria haver apenas uma luz ligada no meu ato e ela deveria seguir cada um dos meus passos como se eu fosse, de certa forma, uma estrela.

Era a terceira vez que eu performava aquele ato. Geralmente, devido a minha timidez, eu apenas circulava pelo bordel entregando pedidos, aceitando pedidos e atraindo clientes para o meu quarto. Eu ainda estava me acostumando com os holofotes – e algo me dizia que eu nunca me acostumaria completamente.

Era... estranho.

Ao mesmo tempo, era extremamente convidativo. Havia certa liberdade em deslizar por um poste sendo assistido por olhos tão atentos.

— Você gosta dos traficantes — murmurei, brincalhão.

Caliu sorriu, ficando com as bochechas vermelhas.

— Gosto do perigo — deu de ombros.

— Cuidado — murmurei, arrumando alguns fios de cabelo. — Seja sempre muito precavido.

— Sempre — disse Caliu, levantando-se da sua penteadeira. — Tenho que ir, um cliente fixo está me esperando.

— O dono do supermercado? — franzi o cenho.

— Esse mesmo — Caliu sorriu. — Ele adora me comer — piscou para mim.

— Meu Deus, Caliu... — murmurei, sentindo meu pescoço ficar dormente. — Olhe suas palavras!

— Você é a única pessoa que trabalha em um puteiro e não gosta de ouvir putaria — disse ele, beijando minha bochecha. — É fofo, Polo.

Revirei meus olhos, abraçando-o. Ele acenou um adeus e saiu do nosso camarim, deixando-me sozinho com meus pensamentos, os quais eu engoli com força para me concentrar em terminar de me arrumar para a minha apresentação.

— Vai dar certo — murmurei. — Eu vou me sair bem... — espremi meus olhos, deixando o camarim.

Conforme fui me aproximando do palco, pude escutar a voz aveludada do locutor anunciando o meu show. Estremeci, embebido pela ansiedade. Mesmo atrás do palco, tive um vislumbre do salão e pude ver o quão cheia a casa estava. Meu nervosismo cresceu exponencialmente, alastrando-se pelas minhas veias. Mesmo assim, não havia espaço para hesitações, então eu apenas respirei fundo, fechei meus punhos e adentrei o palco, sendo engolido pelo holofote único sobre mim e pelo som de um oceano de aplausos.

Pisquei rapidamente, acostumando-me ao foco de luz intenso, depois, pouco a pouco, olhei para o rosto de cada um dos clientes presentes no salão. Reconheci Tony, o homem com o qual eu estava passando minhas noites nos últimos três meses com exclusividade. Ele era gentil e pagava muito bem. Reconheci Cristopher, um antigo cliente. Reconheci outros homens do meu passado. Por fim, avistei Caliu, que estava sentado sobre uma das coxas de um homem que, à princípio, não reconheci, todavia, assim que Caliu moveu o torso para o lado, reconheci-o imediatamente.

CRIMINALS #1: Doce Vingança | Jikook.Where stories live. Discover now