|Side-Story: Noites Gregas| [02] Eu vou te roubar.

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[SEGUNDA NOITE]

— O barco já está atracando! Todos aos seus postos! — disse o gerente, soando seu apito.

Me juntei aos demais ajudantes de carga e me preparei para receber os sacos de café e açúcar. Hoje era o dia em que eu me juntava a um grupo de sete homens para receber uma grana extra. A cafeteria estava fechada e eu só voltaria a trabalhar à noite no Drive, logo, nada me impedia de buscar por bicos.

Ajeitei minhas luvas mais uma vez e apanhei um saco com as duas mãos, jogando-o em uma pilha dentro da carroceria de uma caminhonete. Os demais ajudantes fizeram o mesmo e, pouco a pouco, tiramos toda a carga do barco. Ainda era manhã quando acabamos e o sol estava tinindo, então eu juntei as notas do dinheiro que consegui e procurei por uma tenda de água de coco, comprando um coco para mim e uma garrafa para a viagem, a qual levaria para Margot.

Assim que paguei pela bebida, alguém cutucou meu ombro. Olhei para trás e reconheci um dos meus colegas de trabalho da cafeteria, Louigi, um italiano recém-abrigado na Grécia em busca de uma nova vida – pelo menos foi isso que ele nos disse quando o gerente do café o apresentou à equipe.

— Você trabalha em todos os lugares, não é mesmo? — disse ele, pagando por uma água de coco.

— Bem... quase todos — dei de ombros, finalizando meu coco.

— Eu já te vi trabalhando até em um açougue — disse ele, dando um longo gole na garrafa. — Você é simplesmente muito desgarrado quanto a isso, não é mesmo?

— Eu preciso do dinheiro — encolhi os ombros.

— O pessoal da cafeteria vai se juntar na praia hoje, quer ir?

Torci o lábio, cerrando os olhos devido à claridade do sol ao sair da tenda de água de coco.

— Eu vou estar ocupado, mas, de qualquer forma, muito obrigado pelo convite — falei. — É muita gentileza de vocês!

— Que é isso, cara! — Louigi quase corou. — Marcamos para outro dia com você, não se preocupe.

— Obrigado — sorri para ele. — Estou indo! Tenho que ir ver minha irmã!

— Eu a vi no caminho para cá, ela estava a caminho do trabalho no salão da praia — disse ele. — Ela está andando com um cara um pouco... barra pesada — comentou.

Meus ombros caíram. Certo. Margot ainda estava saindo com Cyber. Fazia uma semana desde a noite em que conheci o homem das tatuagens e fazia uma semana que ele não deixava uma noite escapar lá em casa. Impressionante como passei de uma realidade onde sequer sabia da sua existência para outra em que ele está roubando minha comida todas as noites quando chego do trabalho.

E suas provocações são as piores!

Ele sempre fica me seguindo pela casa enquanto eu cato as roupas sujas de Margot jogadas pelo chão e móveis, sempre com aquele sorriso arrastado e aquele jeito despojado, sempre sem camisa.

Como eu disse: o agente perfeito do Satanás!

— Barra pesada? — franzi o cenho, de repente curioso.

Eu não sabia absolutamente nada sobre Cyber além de que ele gostava de provocações, mensagens subliminares e fazer coisas obscenas ao ar livre. De resto, ele era uma completa incógnita – e eu sabia que pessoas como ele sempre têm um passado, profundidade, uma identidade. E talvez eu estivesse gradativamente curioso para descobrir sobre isso.

— Giselle, a que trabalha no caixa, conhece?

— Sim.

— Ela me disse que se envolveu com um amigo desse cara — passou a sussurrar. — Ela disse que ele acabou revelando que eles são da Austrália e que comandam... negócios sórdidos.

CRIMINALS #1: Doce Vingança | Jikook.Where stories live. Discover now