Capítulo 91 l Seu coração

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Henrique V

Paro em frente à enorme porta branca, e não consigo ouvir mais seu choro. O Sol já estava nascendo e eu não consegui pregar os olhos.

Uma bandeja estava em minha mão, com coisas que eu sabia que Mareena gostava.

Empurro a porta lentamente, e vejo tudo apagado, a mesma não estava na cama e a confusão em minha mente aumentou. Eu ouvi um soluço em um canto, e desci meus olho até o canto do quarto e lá estava ela; encolhida, isolada e abraçada com seu próprio corpo.

A mesma não me olhou, apenas estava de cabeça baixa soluçando de pouco em pouco.

- Mareena. - A chamei, seu olhar continuou baixo enquanto eu caminhei até ela com calma.

Me agachei em sua frente, ainda segurando a bandeja, só então seu olhar veio até mim.

Seu rosto estava pálido, seus olhos vermelhos, seus lábios ressecados e olheiras se formaram embaixo dos seus olhos.

A mesma me encara, e pela primeira vez, não pude saber o que ela sentia nesse momento.

- Escute... - Antes que eu pudesse continuar, ela pegou a bandeja das minhas mãos e arremessou do outro lado do quarto.

- EU NÃO QUERO VOCÊ AQUI! - bateu forte em meu peito, gritando. - EU TE ODEIO! EU TE ODEIO! - E então, ela me derrubou e subiu emcima de mim ainda batendo no meu peito, e em meu rosto. - VOCÊ ME ABANDONOU! EU TE ODEIO! - Gritou tão alto que possivelmente aqueles que estavam dormindo, acordaram.

Eu não lutei contra, apenas deixei que ela me batesse para descontar toda sua frustração.

- POR QUÊ? POR QUE ME ABANDONOU? SE VOCÊ ME AMAVA, POR QUE ME DEIXOU QUANDO EU MAIS PRECISAVA!? - Gritou em prantos.

E então, ela parou de me bater e apenas ficou chorando alto.

- Mareena... - Tento tocar qualquer parte do seu corpo, mas ela sai de cima de mim se afastando.

- Você nunca mais vai encostar em mim, Henrique. NUNCA! - Sentou-se ao meu lado.

- Me desculpe, tudo bem? Eu errei, eu sei! Eu estava com medo, eu ainda estou com medo, mas eu quero ser diferente! - Me sentei sentindo meu corpo doer pelo seus golpes.

- Por que não quis ser diferente quando me deixou no quarto sozinha? O que mudou de um dia pro outro? - Perguntou ainda irritada.

Fiquei quieto enquanto esperava sua respiração ficar menos descompassada.

- Eu estava com medo. - Falei baixo.

- E você acha que eu não, Henrique? Sou eu quem vai carregar essa criança e é você quem fica com medo? Eu precisava do seu apoio! Da sua ajuda! E tudo o que eu recebi foram palavras frias e vazias. Era como se o seu antigo eu, estivesse devolta. - Fiquei quieto. - Foi horrível escutar tudo aquilo! Foi horrível ter que lidar com aquela versão sua. Foi horrível perceber que você estava rejeitando seu próprio filho; fruto do nosso amor! - Chorou.

- Eu sinto muito por ter agido daquela forma. -

- Eu também sinto muito, não só por mim, mas pelo meu filho. - Ela ainda estava com raiva. - Ele não deveria ter levado a culpa. Foi irresponsabilidade minha e sua. A partir do momento em que você não saiu de dentro de mim nenhuma das vezes, você sabia dos riscos assim como eu, mas eu acreditava que você queria ter uma família e que isso não era uma preocupação. - Ficamos nos encarando por um tempo.

Desviei meu olhar e me coloquei de pé. Estendi minha mão para ela, e seus olhos apenas encaram minha mão.

- Você precisa comer. - Ela ficou quieta. - Isso não é sobre nós, Mareena. Não agora. - Ela riu.

- Agora você se importa? - Perguntou fria.

- EU ESTOU TENTANDO, INFERNO! - Gritei furioso. - Tudo o que eu faço é por você! TUDO! - Falei. - E você sabe disso. - Ela se afastou negando a minha mão, e se levantou sozinha.

- Se você quiser ser o pai dessa criança, ótimo! Se não quiser, vá embora! - Olhou no fundo dos meus olhos.

- É isso que você quer? Não existe mais "nós" ? Agora é só sobre a criança? - Ela veio até mim.

- Você me abandonou, como se eu não fosse nada. Acha mesmo que eu vou pensar em "nós" agora? Eu nem mesmo sei se você me ama afinal, não foi o que pareceu. - Eu olhei em seus olhos que pareciam correntes que eu não conseguia abrir e nem sentir.

- Ainda duvida do meu amor? - Susurrei.

- Como eu não duvidaria? Eu nem mesmo sei se o que sente por mim é real depois de tudo. - Uma pontada atingiu meu peito.

- É real!

- Prove! - Retrucou. - Palavras são só palavras. - Esperei que continuasse. - Você não é um homem de palavra, e sim um homem de atitude, então me prove que ainda existe algo aqui. - Apontou para o meu peito. - Você parece o homem frio que conheci anos atrás quando entrei naquele castelo. - Cerrei meus punhos e travei o maxilar.

- Eu não sou mais aquele homem. - Disse entre dentes.

- Me prove, Henrique! - Susurrou.

- Tudo o que fiz por você nos últimos anos não é a prova disso? - Questionei. - Eu te dei o mundo de joelhos! - Falei.

- Eu nunca quis o mundo, eu sempre quis o seu coração. - Fiquei sem palavras. - Eu sempre deixei isso bem claro pra você.

- Eu tinha planos... - Não pude terminar pois um tapa forte foi acertado em meu rosto e meu corpo jogado contra a parede.

- PLANOS? EU NÃO QUERO PLANOS! EU QUERO VOCÊ, AQUI, COMIGO! PLANOS SÃO IRRELEVANTES PRA MIM E VOCÊ SABE! EU QUERO QUE MEU FILHO TENHA UM PAI BOM E PRESENTE, NÃO UM COVARDE QUE VAI TRATÁ-LO COMO NADA! - A porta se abriu rapidamente e vi Leroy e Joana nos encarando e levantei a mão para eles não a afastarem de mim. - Eu odeio como você está me fazendo sentir, Henrique. Eu me sinto tão vazia e sozinha! - Sua voz falhou. - Mas eu cansei das suas desculpas esfarrapadas, eu cansei! - E então ela se afastou passando pelos dois rapidamente.

Toquei meu próprio rosto sentindo o gosto de ferro em minha boca.

- Ela é bem forte né? - Leroy comentou e o encarei.

- Deve ser porque ela era uma guardiã, seu burro! - Joana falou dando um tapa em sua nuca. - Tudo bem aí? - Pergunto para mim e concordei.

- Ela precisava descontar sua frustração. - Murmurei.

- Ela parecia bem irritada. - Falou. - Eu vou conversar com ela. - Não a respondi, e ela saiu dali.

- Sabe, não se preocupe com isso, são os hormônios da gravidez. - Leroy disse enquanto eu limpava a minha boca.

- Não são os hormônios. É a Mareena. - Respondi.

- Você conhece a mulher que tem. - Ele cruzou os braços. - Da um espaço pra ela sabe? Mulheres precisam dessas coisas. - Riu baixo. - E sendo bem sincero, você mereceu. - Eu ri.

Claro que mereci!

×××

Surpresa!!!

Postei vídeo novo no ttk, vão lá!! @ autora_nixie

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Postei vídeo novo no ttk, vão lá!! @ autora_nixie

Beijão gente, tenho nada a declarar hoje!

A Guardiã do ReiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora