Extra - Parte I

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PARTE I.

Pov – Harry.

Abro a porta do apartamento apressado, carrego três sacolas de compras. Detesto ir ao mercado aos domingos, mas tive uma semana infernal, cheia de trabalho e mal tive tempo de cuidar de mim, felizmente tudo está de novo tranquilo.

A primeira coisa que faço, é atirar os sapatos para longe e depois levo as compras para minha pequena cozinha.

O apartamento é deliciosamente pequeno, um quarto, sala e cozinha, apenas isso e para mim é perfeito. Como se não bastasse, ainda tinha o suave perfume de flores que dominava o ambiente, adorava morar sobre uma pequena floricultura, essa foi a principal razão para ter escolhido esse apartamento há cinco anos.

Havia apenas mais um apartamento no prédio, mas no momento estava vazio. Fico pensando se os futuros moradores seriam pessoas agradáveis, gostaria que sim, às vezes me sentia solitário.

Ligo a tv e me atiro no sofá depois de guardar as compras, bebo meu refrigerante e belisco um pacote de salgadinho. Se Emma estivesse aqui, diria que como feito uma criança, talvez ela esteja certa, mas que se dane, fiz minhas escolhas e gosto de como levo minha vida. Foi por essa liberdade que abandonei minha família na Virginia aos dezessete anos, com uma mochila nas costas e coloquei o pé na estrada.

Fugindo, é o que me diriam, pode ser que sim, mas não me importo. Fugi de um mundo de regras que meu pai, Jorge Styles desenhou para seus dois filhos, fugi de me tornar o líder de torcida que se casa com o capitão do time, que se transforma no dono de casa perfeito, obediente e submisso, isso jamais me serviria. Um mundo de clichês ridículos.

Emma os seguiu à risca, se casou com o cara mais insuportável da face da terra e vive uma vida medíocre e tediosa com os dois filhos, Andy de doze anos e Cassie de dez.

Eles são as coisas mais lindas e deliciosas da minha vida, mesmo os vendo muito pouco são junto com Emma, tudo que me restou. Meus pais morreram a pouco mais de um ano, primeiro meu pai do coração e depois minha mãe, acho que de saudade e tristeza, não sei como é esse tipo de amor.

Acho que nunca vou descobrir, mas adoraria viver algo assim, intenso, verdadeiro e eterno. Acontece que nem por um amor como esse, me dobraria como minha mãe sempre fez, abrindo mão de tudo com um único e eterno objetivo de fazer meu pai feliz.

O telefone toca e sorrio sabendo exatamente quem era, Emma. Todos os domingos, eu recebia o telefonema dela e ficávamos um tempo contando as novidades, falando da vida, a mais de um ano não nos víamos. Ela ainda vivia na Virginia, enquanto eu na Geórgia, a distância e minha péssima relação com Cooper eram as razões para nos vermos tão pouco, mas isso não diminuía nosso amor e amizade.

− Alô! − Digo sorrindo, assim que tiro o telefone do gancho e me ajeito no sofá, me recostando na almofada, a conversa com Emma era sempre longa.

− Oi! − Emma diz tranquila. – Espera, Cassie! − Ouço ela ralhar com a filha. – Harry, conversa um pouco com os pequenos, depois nos falamos.

Cassie pega o telefone e passa bons minutos me contando sobre sua semana, rimos uma vez ou outra. Depois é a vez de Andy, falamos de esporte e garotas, Emma resmunga qualquer coisa, ela acha muito cedo para Andy conversar sobre garotas.

Depois de uns minutos de conversa alegre, Emma pega de volta o telefone e a escuto mandar as crianças para o jardim, ficamos sozinhos mais uma vez.

− E então como vão as coisas aí? − Emma me pergunta.

− O de sempre, e você?

− Tudo ótimo! Andy e Cassie estão indo bem na escola, Cooper está envolvido no escritório como de costume. Você sabe que desde que o papai morreu, ele assumiu tudo e dobrou o trabalho.

Caminhando Entre os Mortos | larry versionWhere stories live. Discover now