Capítulo 24.

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Infecção.

Pov – Louis.

Harry adormece em meus braços, mas eu não consigo dormir, a imagem de Zack sendo devorado fica se repetindo em minha mente, não podia ter feito diferente. Não é como se me sentisse culpado, não fui eu quem começou com essa guerra estupida entre os mortos e os vivos, mas não posso deixar de pensar naquele garoto tolo e engraçado, que agora está morto sob os escombros de um velho mercado, uma morte tão tola.

Volto a mexer em seus cabelos, reclamei tanto e agora, ele mal se deita e já estou fazendo cafuné, é quase mecânico.

A reação de Beth também é algo que me faz pensar, não sei o que achar disso, de algum modo sempre fui como ela, trancando os sentimentos no fundo e esquecendo deles, assim não corria riscos e não tinha dor. Mas Harry chegou e escancarou tudo, arrombou a porta e não tem conserto, isso me deixa completamente vulnerável, não posso me proteger do que sinto por ele e mesmo fingindo que nunca vai acontecer, eu não posso ter certeza, ninguém pode e se um dia alguém batesse em minha porta para dizer que eu o perdi, então eu morreria.

Ele se arruma na cama, me puxa para mais perto e resmunga qualquer coisa, seu sono é agitado. Posso entender perfeitamente, zumbis caindo do teto foi uma surpresa, acho que nem mesmo o diabo teria planejado.

Sinto seu perfume suave, fecho os olhos e me deixo levar por ele até adormecer. Acordo do mesmo modo de sempre e parece tão bom ter Harry ali, me incomodando logo cedo, ele passa por cima de mim apressado.

─ Que foi agora? ─ Eu pergunto, me sentando. – Por que tanta pressa?

─ Michonne vai sair, pensei em pedir a ela para entregar os quadrinhos que achar para mim, tenho que me vingar do Carl.

─ E M&M estragados ou qualquer outro doce vencido que encontrar, porque tem cinco anos e come como uma criança.

─ Só me crítica! ─ Ele resmunga, se vestindo. – O que tem demais? E quando eu tinha cinco anos, não lia quadrinhos, preferia assistir desenhos na tv. Foi antes de voltarmos ao tempo das cavernas, do jeito que caminhamos, logo vamos estar escrevendo nas paredes, como é mesmo que se chama isso?

─ Hieróglifo. ─ Eu digo, agora já de pé.

─ Amo homens inteligentes. ─ Ele me beija. – Mas prefiro os bonitões como você. ─ Harry ri e aperto seu nariz.

─ Muito engraçado. ─ Resmungo e estamos prontos para descer, pego minha besta e Harry seu machado.

Com as grades sempre tão apinhadas de zumbis, não arriscamos mais andar desarmados, em algum momento, pode ser que não dê para impedir que entrem.

Encontramos nossa família reunida, ou parte dela, Hershel, Beth com a bravinha, Ty e Sasha, mastigo um pedaço de carne seca, Harry faz o mesmo.

─ Cadê a Mich ,Beth?

─ Acabou de sair, estava de partida.

─ Cheguei tarde, que merda. ─ Beth olha feio, sempre reclama que Harry vai acabar ensinando seus palavrões a Judy, pode ser que sim e seria bem divertido, ele revira os olhos.

─ Carl ainda não voltou da horta? ─ Harry questiona, só vive atrás das crianças. Hershel me sorri, tem aquele ar divertido e leve no rosto, que todo mundo fica quando está perto de Harry.

Então ouvimos um tiro, mais um e muita gritaria, nos olhamos um segundo. Depois começamos a correria, as passagens para as tumbas estavam fechadas, nenhum zumbi entrou por ali, de onde vem essa confusão?

Caminhando Entre os Mortos | larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora