- Bom dia... - eu disse num comprimento murmurado.

- Bom dia. - ele respondeu sendo afável, agarrando o bule e preenchendo a xícara vazia outra vez. - Tem pólo hoje? - Eu não estava com a mochila de educação física, que era toda terça feira de manhã, no primeiro período.

- Não... O professor pegou mononucleose. - meu pai murmurou alguma coisa em entendimento por trás da bebida quente.

Madelyn surgiu como um tornado, correndo e sentando conosco.

- Bom dia, gente. - Ela cumprimentou afobada e com o rosto corado, sempre parecia ter pressa para chegar em qualquer lugar, eu não sabia bem pra quê, e no entanto sempre se atrasava onde realmente devia chegar.

- Já se arrumou? - perguntei. Ela parecia meio desleixada com um casaco preto por cima de uma camisa cinza com o desenho de um skate e um boné de basebol. Madelyn girou os olhos castanhos e mordeu uma torrada. - Não quero me atrasar por sua causa de novo. Por que está sem uniforme?

- Já estou pronta... - ela reclamou. - E hoje não precisa usar o uniforme.

- Está parecendo um moleque e ainda nem é hora do almoço... Você podia esperar um pouquinho pra se fantasiar de mendigo ou agir como uma garota normal. - observei e ela me mostrou a língua.

Não acho que era um irmão exemplar, amava a Maddie, mas não evitava fazer críticas a ela. Possivelmente ainda algum resquício do ciumes que eu sentia dela na infância.

- Por que você não cala essa boca ou vai ver se eu to na esquina?

- Meninos, parem... - pediu meu pai cheio de paciência. - É cedo demais pra isso.

- Ele fica implicando comigo!

- Pare de implicar com sua irmã... - ele me disse meio monótono. Eu girei os olhos, de saco cheio.

- Soube que temos vizinhos novos...? - Madelyn comentou animadamente - Os Heart.

- Soube, sim... - disse meu pai.

- Hey... Esse é o sobrenome do seu chefe... - ela concluiu - Não é, pai?

- É sim... O Senhor Heart é o presidente, fundador e dono da H-Tech.

- Legal...

- Bom... - eu disse limpando os lábios com um guardanapo - Eu já acabei. Mad, estou te esperando no carro. Vê se anda logo. - ela me mostrou a língua outra vez e eu saí para esperá-la no carro.

Depois de deixar Madelyn na escola, fui direto pro colégio, estacionei na vaga de sempre e ouvi o meu amigo Eric me chamar de uma certa distância com os braços para cima e balançando-os. Ele era um cara musculoso, fazia exercício diariamente há mais de 2 anos e construiu um corpo forte, mas mais esguio que o meu. Sua pele negra também o favorecia nesse sentido, parecendo mais lisa e firme.

- Josh! - levantei o braço dando 'olá' e ele veio até mim, deu um salto ágil e passou um braço pelo meu pescoço forçando para baixo. - Soube que o Jackson vai dar uma festa a fantasia na semana que vem. - Eu me livrei da demostração masculina e bruta de carinho e tirei minha cabeça de baixo do braço largo do rato de academia - Você vai, né?

- Claro... - Confirmei mesmo sem saber direito sobre o que eles estavam falando exatamente, mas se tratando de uma boa festa era só esperar que até o final do dia tudo se encaixaria e eu receberia o convite - Não perderia... - Soube mais tarde naquele dia que Jackson fazia 18 anos e por isso daria uma puta festa a fantasia, para comemorar. Os pais liberaram a mansão pelo fim de semana e foram viajar para que ele tivesse total liberdade com os amigos.

Juventude à flor da peleWhere stories live. Discover now