Comunhão;

228 27 31
                                    

Boa leitura!

»Kim Dahyun«

- Espere aqui - pedi;

Sana assentiu, um sorriso inabalável em seu semblante, diretamente proporcional ao caos provocado pelas nuvens acima de nós: quanto mais persistia o sorriso de Minatozaki Sana, mais tempestuoso e caótico ficava a paisagem lá fora.

Estávamos paradas na porta da minha casa, abrigadas sobre o tapete de "boas vindas" - um acessório decorativo que eu achava terrivelmente feio - enquanto, do lado de fora, a chuva caía com força, atingindo o asfalto com atrito e provocando um barulho ensurdecedor, o qual era pontualmente acompanhado pelo rugido dos trovões.

Assim que me virei, fui correndo na ponta dos pés até a área de serviço, tentando, ao mesmo tempo, não fazer barulho e não molhar demais o piso.

Peguei algumas toalhas limpas e voltei pelo mesmo caminho, verificando o nível de encharcadas que estávamos Sana e eu. Soltei uma risada nasal quando percebi que poderíamos encher uma piscina torcendo as roupas que usávamos. A chuva realmente conseguiu alcançar cada camada do nosso corpo, eu quase a sentia pingando sobre meu coração, o qual permanecia batendo e espalhando calor, impulsionado pela alegria de ver minha ruivinha finalmente.

Joguei uma das toalhas sobre o cabelo da mais velha e enrolei a outra ao redor do seu corpo trêmulo de frio. De nada adiantara todas aquelas camadas de casacos e agasalhos.

Comecei a secar seu cabelo enquanto ela fazia o mesmo com o meu, utilizando uma das toalhas que eu pegara. Enquanto o fazia, seus olhos, em momentos intercalados, voltavam-se para os meus e seu sorriso tornava a brilhar. Eu estava me segurando muito para não dar gritinhos de felicidade, pois era difícil se controlar quando eu sentia os dedos gélidos de Sana tocar-me a face: sentia que poderia começar a levitar a qualquer momento, de tanta alegria. Era indescritível.

Quando seus cabelos finalmente pareciam um pouco menos encharcados, eu soltei a toalha e desci a mão para o seu rosto, acariciando as bochechas da mais velha com ternura.

Ela encerrou o movimento que fazia para secar meus cabelos e fitou-me com aquela velha intensidade, quase provocando faíscas de tensão.

Me inclinei um pouco sobre a ponta dos pés e a beijei. Ouvi o baque suave e abafado da toalha caindo no chão quando ela a soltou para enlaçar minha cintura, segurando-me com tanta firmeza que parecia ter medo de eu simplesmente desaparecer.

Do lado de fora, um raio cruzou o horizonte e iluminou, por um momento, o amontoado de nuvens carregadas que incidiam sobre nós, no alto.

Encerrei o beijo com um selinho demorado e sorri contra seus lábios.

- Minha mãe vai me matar se vir esse chão molhado assim - comentei em tom de sussurro, como se fosse um segredo obscuro.

Ela soltou uma breve risada e me abraçou. Ficamos assim por muito tempo.

- Eu te ajudo a secar.

- Acho melhor a gente se secar primeiro.

E assim fizemos. Sana tirou os casacos e nós os levamos para a área de serviço, onde ela pôde torcer a camisa simples que estava vestindo por baixo. Me livrei do tênis que tinha usado para ir ver Any e me surpreendi com o tanto de água que saiu do mesmo. Sana riu, mas quando tirou seus próprios tênis, constatou que tinha seu próprio oceano particular lá dentro também.

- É melhor tirarmos tudo de uma vez - disse, segurando sua blusa e mostrando-lhe como estava colada no seu corpo.

- É - respondeu apenas, e seu olhar subiu em direção ao meu. Com um sorriso um tanto perverso, Sana arrancou a própria blusa com leveza e uma lentidão questionável.

Acampamento A.GWhere stories live. Discover now