O depósito;

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»Kim Dahyun«

Quase caí da cama;

Acima de mim se encontravam dois olhos escuros e bem expressivos, curvados levemente pelo sorriso radiante em seus lábios.

Momo Hirai acabara de me acordar, e por um instante eu me assustei, perguntando-me como ela havia descoberto meu endereço e o que estava fazendo no meu quarto. Então me lembrei que eu não estava em casa, mas sim em um enorme acampamento que devia servir a propósitos religiosos, mas alguns comentários ditos no dia anterior me fizeram perceber que aquele lugar, na verdade, era uma reunião anual para pessoas com “problemas” em relação a sexualidade. Ou seja, eu estava, naquele instante, acordando em uma parada gay.

— Enfim a dorminhoca resolveu nos dar o ar da graça, hm?

Olhei em volta, sonolenta, e percebi que todas já estavam de pé, se arrumando, algumas com mais disposição que as outras. Vi duas colegas de chalé que pareciam tão sonolentas e indispostas quanto eu.

— Bom dia, Dahyun — escutei a voz de Minatozaki próxima a mim, e ergui o olhar para vê-la amarrar sua faixa azul no tornozelo, como estava quando eu a conheci.

Olhar para ela me despertou totalmente, e senti que poderia correr o mundo para escapar daquele olhar adorável que só me lembrava da sensação humilhante de eu ter me submetido a ela com tanta facilidade, apenas por estar sentada em seu colo, e ouvi-la sussurrar em minha orelha com aquela droga de tom seduzente.

Momo, que estivera sentada na minha cama, levantou-se parecendo a mais animada dali.

— Que horas são? — perguntei, esfregando o rosto.

— Sete e meia.

Soltei um grunhido frustrado em reclamação.

— Para quê me acordaram?

— A missa, sua tapada — Momo respondeu mais uma vez, sorrindo meigamente. — Achou mesmo que viria para um acampamento religioso e não teria de ir à missa?

Sinceramente, sim.

— Eu tinha me esquecido. Será que não posso ir de noite? — Só queria voltar a dormir. Sempre detestei ter de acordar cedo, isso não iria mudar agora só porque uma japonesa me chamava para ir com aquele sorriso fofo.

— Vamos logo, Dubu — Sana chamou-me, sentando na beira da minha cama, assim como Momo.

Okay, pensei, sem hesitação, perdendo o sono por causa daquela outra japonesa de sorriso fofo.

Mas por fora não demonstrei isso, apenas revirei os olhos e me livrei dos cobertores com uma dor no peito. Um mês sem poder dormir até tarde. Pela primeira vez eu me arrependi minimamente por ter retribuído o beijo de Any, mas apenas porque aquilo interferia diretamente no meu precioso horário de sono.

Havia uma muda de roupa no pé da minha cama, e uma verificada rápida me fez perceber que todas ali usavam o mesmo conjunto: uma saia preta meio rodada com o comprimento da barra alcançando os joelhos e uma blusa branca simples — imaginei que provavelmente alguém havia pedido informações sobre o meu tamanho quando minha mãe me inscreveu, pois ela teria liberado tais informações sem hesitar. Perguntei o que aquilo significava, e uma garota que dormia no beliche inferior do meu lado respondeu que era a vestimenta padrão das missas ali, mas que após o café da manhã poderíamos nos vestir casualmente, agradeci por eu não ter levado quase meu guarda-roupas inteiro naquela mala em vão.

Haviam dois banheiros pequenos no chalé, e entrei no que estava desocupado. Me vesti rapidamente após as higienes básicas da manhã. Queria de tomar banho, mas aquele pequeno cômodo não possuía choveiro. Torci para que o agrupamento de banheiros do prédio central tivesse.

Acampamento A.GWo Geschichten leben. Entdecke jetzt